M.Dias Branco (MDIA3): ação desaba 21% após trimestre fraco, com margens pressionadas por despesas e inflação de commodities

Apesar do sólido crescimento da receita líquida, a empresa apresentou resultados fracos no 4º tri devido à compressão das margens

Felipe Moreira

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A M.Dias Branco (MDIA3), líder nos mercados de biscoitos e massas no Brasil, relatou seus números trimestrais e anuais na noite da última sexta-feira (17), que na avaliação de analistas vieram abaixo das expectativas e empurraram para baixo as cotações das ações no pregão desta segunda-feira (20). Os ativos MDIA3 despencaram 21,45%, a R$ 24,96.

Do lado operacional, o Itaú BBA destacou o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado 37% abaixo das suas projeções e 29% abaixo da previsão do consenso da Bloomberg. “A surpresa negativa decorreu principalmente do aumento das despesas gerais e administrativas (SG&A) no trimestre”, comentou. “A inflação acentuada no custo do trigo também contribuiu para a compressão da margem na base anual em 340 pontos-base.”

Em termos de alavancagem financeira, analistas do BBA apontaram que a relação dívida líquida/Ebitda aumentou para 1,8 vez no final do trimestre, com base em números de Ebitda mais baixos, mas eles esperam que a alavancagem diminua após a normalização da margem esperada para 2023.

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Por outro lado, na visão do BBA, a M.Dias Branco apresentou um desempenho sólido, mas também em linha, na receita do trimestre, demonstrando a resiliência do portfólio mesmo em um trimestre difícil para os players do setor de bens de consumo.

O Bradesco BBI também destacou o Ebitda ajustado abaixo das expectativas, explicado por: (i) volumes de biscoitos e massas 10% abaixo das projeções, segmento que possui preços/margens maiores; (ii) SG&A (despesas administrativas, de vendas e gerais) acima do esperado devido a maiores despesas de marketing, combustível e administrativas; e (iii) incentivos fiscais estaduais abaixo do esperado.

Já o lucro líquido da M. Dias foi de R$ 15 milhões veio abaixo tanto da estimativa do BBI quanto do consenso da Bloomberg de R$ 110 milhões, explicado principalmente pelo Ebitda abaixo do esperado.

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Analistas do BBI apontavam que as ações caíssem no pregão de hoje, uma vez que a empresa reportou uma margem Ebitda 150 pontos-base abaixo do esperado e 300 pontos-base abaixo o consenso da Bloomberg, com despesas acima do esperado, vendas de biscoitos e massas abaixo do esperado e incentivos fiscais estaduais abaixo do esperado.

Para XP Investimentos, apesar de um crescimento sólido de 28% na receita líquida, liderado por uma estratégia de preços assertiva e também devido ao aumento de produtos de maior valor agregado na receita, a fabricante de biscoitos e massas apresentou resultados fracos no quarto trimestre devido à compressão das margens.

Segundo XP, o aumento mencionado na receita foi capaz de compensar a margem bruta mais baixa devido aos preços mais altos das commodities, mas um aumento inesperado de 40% nas despesas SG&A levou a margem Ebitda a cair 405 pontos-base na comparação anual, levando a um Ebitda de R$ 121 milhões, 21% abaixo das previsões da instituição.

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“Embora um trimestre difícil já fosse esperado, acreditamos que as ações terão um desempenho negativo no pregão de amanhã, pois os resultados vieram abaixo das estimativas do consenso”, comentou a XP, em relatório antes da abertura.

Olhando para o futuro, os custos de commodities afetaram a M.Dias Branco em maior magnitude no 4º trimestre devido a sua estratégia de hedge, mas já começaram a apontar para baixo, indicando uma tendência positiva e reforçando a visão da XP de que a empresa conseguirá recuperar as margens ao longo do ano em um perspectiva mais benigna para os preços das commodities.

No entanto, a XP entende que os preços atuais já precificaram esse melhor cenário e reitera recomendação de neutra para M.Dias Branco. O BBA também manteve recomendação equivalente à neutro e preço-alvo de R$ 47 para os papéis da fabricante de biscoitos.

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Já o BBI manteve avaliação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra), com preço-alvo de R$ 50.