Bitcoin recua, mas analistas projetam cenário de alta intacto após falas de Jerome Powell

O BTC é negociado a US$ 27.841 nesta manhã, com leve recuo de 1,50% nas últimas 24 horas

Lucas Gabriel Marins

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O aumento de 0,25 ponto percentual na taxa de juros dos Estados Unidos, anunciada ontem pelo presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), continua repercutindo negativamentente no preço do Bitcoin (BTC) e das principais altcoins (qualquer cripto diferente do BTC) nesta quinta-feira (23).

O BTC era negociado a US$ 27.841 às 8h desta manhã, com leve recuo de 1,50% nas últimas 24 horas. O Ethereum (ETH) deu uma pequena escorregada de 1,80%, sendo cotado a US$ 1.766. Já a XRP opera a US$ 0,44, com queda de 1,80%, e Binance Coin (BNB) a US$ 327, em estabilidade nas últimas 24 horas.

Analistas, no entanto, seguem otimistas com os ativos digitais e continuam projetando um cenário de alta.

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“Apesar de um ligeiro movimento de queda no preço do Bitcoin após a divulgação da elevação dos juros, acreditamos que o estresse no sistema bancário global está longe do fim e a possibilidade de contágio ainda existe. Isso faz com que o Bitcoin seja uma opção bastante assimétrica e uma boa diversificação nesse momento de incertezas econômicas e geopolíticas”, disse Alexandre Ludolf, diretor de investimentos da QR Asset Management.

Ludolf faz parte dos analistas que veem o Bitcoin como um ativo de proteção para lidar com o caos financeiro global. E essa teoria foi testada nos últimos meses. Em meio à recente turbulência do sistema bancário dos EUA e da Europa, que resultou na queda de três bancos norte-americanos e na compra do Credit Suisse Group AG pelo UBS Group AG no fim de semana, o BTC deu um salto de quase 70% e bateu os maiores preços desde junho do ano passado.

A moeda digital pisou no freio e interrompeu o rali após o novo aumento da taxa de juros, mas sobretudo após o presidente do banco central americano, Jerome Powell, manter um discurso mais duro, enfatizando os dados de emprego e a inflação.

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“Indicadores recentes apontam crescimento modesto do gasto e da produção. Os ganhos de empregos aumentaram nos últimos meses e estão ocorrendo em um ritmo robusto; a taxa de desemprego manteve-se baixa. A inflação continua elevada”, diz o comunicado divulgado junto com a decisão.

Para Paulo Boghosian, head de research do TC Digital Assets, é justificável essa postura, visto que o Fed se encontra em uma situação difícil, tendo que conter a inflação enquanto resgata bancos em crise de liquidez. No curto prazo, falou, a escolha do Fed de se manter mais hawkish (favorável a juros mais altos) é negativa para os ativos de risco como um todo, e no mercado cripto isso impacta especialmente as altcoins, criptoativos com propostas diferentes do Bitcoin.

“Por outro lado, há um risco não zero de uma corrida bancária nos EUA e vimos nas últimas semanas uma alta considerável nos resgates de bancos regionais americanos. Já há indícios de que a confiança no sistema bancário americano está arranhada. 15 anos após a grande crise financeira, o Fed ter que fazer resgates bilionários a bancos novamente não é um bom sinal. Sob essa ótica, o cenário é positivo para o Bitcoin enquanto reserva de valor”, falou.

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Boghosian disse que nos últimos dias os investidores, em meio aos problemas das instituições bancárias, começaram a perceber o Bitcoin mais ainda como uma reserva de valor correlacionada ao ouro, e menos como um ativo de risco ligado aos índices de ações.

“Quer dizer, para muitos investidores, inclusive para nós, faz sentido possuir um ativo com oferta escassa, resistente a censura, e independente de políticas de bancos centrais. Mas essa visão não é consenso do mercado ainda principalmente porque o Bitcoin ainda é um novo ativo que rompe uma série de paradigmas. É uma longa discussão, que causa controvérsia entre participantes do mercado financeiro tradicional”.

Assista: “Perdi R$ 120 mil”: vítima de empresa que deve milhões a Scarpa fala ao InfoMoney

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Confira o desempenho das principais criptomoedas às 8h:

Criptomoeda Preço Variação nas últimas 24 horas
Bitcoin (BTC) US$ 27.841 -1,50%
Ethereum (ETH) US$ 1.766 -4,80%
BNB Chain (BNB) US$ 327 -0,01%
XRP (XRP) US$ 0,446690 -1,80%
Cardano (ADA) US$ 0,375709 +0,20%

As criptomoedas com as maiores altas nas últimas 24 horas:

Criptomoeda Preço Variação nas últimas 24 horas
Litecoin (LTC) US$ 92,00 +13,50%
Dash (DASH) US$ 61,88 +8,20%
Mask Network (MASK) US$ 5,44 +6,30%
Aptos (APT) US$ 12,76 +4,90%
Stacks (STX) US$ 1,16 +3,50%

As criptomoedas com as maiores baixas nas últimas 24 horas:

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Criptomoeda Preço Variação nas últimas 24 horas
Huobi (HT) US$ 3,67 -9,30%
Algorand (ALGO) US$ 0,219876 -7,60%
TRON (TRX) US$ 81,31 -7,60%
Conflux (CFX) US$ 0,386047 -5,30%
Frax Share (FSX) US$ 8,05 -4,20%

Confira como fecharam os ETFs de criptomoedas no último pregão:

ETF Preço Variação
Hashdex NCI (HASH11) R$ 23,30 -5,05%
Hashdex BTCN (BITH11) R$ 33,00 -2,94%
Hashdex Ethereum (ETHE11) R$ 26,30 -3,48%
Hashdex DeFi (DEFI11) R$ 20,91 -3,64%
Hashdex Smart Contract Plataform FI (WEB311) R$ 15,03 -0,06%
Hasdex Crypto Metaverse (META11) R$ 37,52 -7,05%
QR Bitcoin (QBTC11) R$ 8,51 -5,01%
QR Ether (QETH11) R$ 6,14 -5,97%
QR DeFi (QDFI11) R$ 3,72 0,00%
Cripto20 EMPCI (CRPT11) R$ 6,65 -1,48%
Investo NFTSCI (NFTS11) R$ 19,53 +3,22%
Investo BLOKCI (BLOK11) R$ 93,94 0,00%

Lucas Gabriel Marins

Jornalista colaborador do InfoMoney