Joias sauditas prejudicam imagem de Bolsonaro e Michelle, mas analistas veem ex-presidente no comando da oposição a Lula

Apesar da esperada posição de destaque, especialistas consultados pelo InfoMoney veem alto risco de Bolsonaro ser considerado inelegível para 2026

Marcos Mortari

(Foto: Estevam Costa/PR)
(Foto: Estevam Costa/PR)

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As joias supostamente presenteadas pelo governo da Arábia Saudita à família Bolsonaro e não declaradas à Receita Federal têm potencial para afetar o capital político do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a imagem da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), mas não devem alterar o cenário projetado por especialistas para a oposição nos próximos anos.

É o que indica a 43ª rodada do Barômetro do Poder, levantamento feito mensalmente pelo InfoMoney com consultorias e analistas independentes sobre alguns dos principais temas em discussão na política nacional.

O levantamento mostra que 25% dos especialistas consultados veem como “muito alto” o impacto do episódio sobre o capital político de Jair Bolsonaro – mesmo percentual daqueles que avaliam como “alto”. Outros 42% apontam efeitos “moderados” e apenas 8%, “baixos”.

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Em uma escala de 1 (muito baixo) a 5 (muito alto), a média das respostas para o impacto da revelação das joias milionárias para Bolsonaro ficou em 3,67.

Já no caso de Michelle, tida como ativo estratégico do Partido Liberal para as próximas eleições devido ao prestígio construído durante a última campanha sobretudo junto ao eleitorado conservador, 42% avaliam que as joias têm impacto “alto” sobre sua imagem. Metade, no entanto, vê efeitos “moderados” para o caso, e apenas 8%, baixos.

Considerando a mesma escala de 1 a 5 para avaliar os impactos em uma escala quantitativa, a média das respostas dos analistas participantes ficou em 3,33.

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Apesar dos novos desafios à imagem do ex-presidente com o caso revelado pelo jornal O Estado de S.Paulo no início do mês, metade dos especialistas consultados acredita que Bolsonaro será o principal nome da oposição ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nos próximos quatro anos.

“Jair Bolsonaro, aos trancos e barrancos, seguirá como principal voz de oposição ao governo. Lula, por sua vez, dá sinais de que deseja a continuidade desta polarização pelos próximos 4 anos”, avalia um participante.

Outros destacam Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Romeu Zema (Novo), respectivos governadores de São Paulo e Minas Gerais – os dois maiores colégios eleitorais do país. Ambos são vistos por 25% dos analistas como novos líderes da oposição. Em fevereiro, Zema aparecia com 31% das indicações e Tarcísio com 15%, enquanto Bolsonaro tinha 46%.

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“Mesmo que seja considerado inelegível, Bolsonaro é de longe o mais forte e popular líder da oposição a Lula. Tarcísio de Freitas terá de bater menos martelo e mostrar mais ação para tomar seu lugar”, pontua outro analista consultado.

Questionados sobre a força de Bolsonaro na oposição a Lula, 25% dos entrevistados avaliaram como “alta”, 42% como “moderada” e 33% como “baixa”. Considerando uma escala de 1 a 5, a média das respostas ficou em 2,92 – maior marca registrada na série iniciada em novembro (2,83).

Apesar disso, segue elevada entre os especialistas a percepção de risco de Bolsonaro ser considerado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para o pleito de 2026. No mês passado, 83% dos entrevistados atribuíam probabilidade elevada para o evento. Hoje são 72%. Em nenhum dos levantamentos houve indicações de baixas chances de um revés para o ex-presidente na Justiça Eleitoral.

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Esta edição do Barômetro do Poder ouviu 10 consultorias políticas: BMJ Consultores Associados; Control Risks; Empower Consultoria; Eurasia Group; Medley Global Advisors; Patri Políticas Públicas; Ponteio Política; Prospectiva Consultoria; Pulso Público; e Tendências Consultoria Integrada. E 2 analistas independentes: Carlos Melo (Insper); e Thomas Traumann.

Conforme acordado previamente com os participantes, os resultados são divulgados apenas de forma agregada, sendo preservado o anonimato das respostas e dos comentários.

Desde que perdeu as eleições, em 30 de outubro de 2022, Bolsonaro reduziu suas aparições e manifestações públicas. Nos últimos dias de seu mandato, deixou o país, com destino aos Estados Unidos, para não participar da cerimônia de posse de Lula com a tradicional transmissão da faixa presidencial.

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Seu retorno ao Brasil era aguardado para o início deste mês, mas foi reavaliado após o episódio das joias sauditas. O caso deu origem a investigações por parte da Polícia Federal, do Ministério Público Federal, do Tribunal de Contas da União e da Controladoria-Geral da União.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.