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A Suíça, um dos países mais dependentes do sistema financeiro, terá agora apenas um banco global após a compra às pressas do Credit Suisse, a segunda maior instituição financeira doméstica, pelo arquirrival UBS.
Se já era o principal banco suíço, após a ação de resgate ficará ainda maior, com cerca de US$ 1,75 trilhão em ativos – do tamanho do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, e uma instituição com risco sistêmico ainda mais alto. Considerando o dinheiro que administra dos ultrarricos ao redor do globo, a cifra sobe para US$ 5 trilhões.
Se nos Estados Unidos a atual turbulência bancária reacendeu os medos de 2008, do outro lado do Atlântico a história mudou. Na crise anterior, foi o UBS que precisou ser socorrido com dinheiro do governo suíço, enquanto o Credit enfrentou relativamente bem o tsunami dos mercados. De lá para cá, o banco reduziu seu tamanho à metade. Em 2008, seus ativos somavam US$ 1,3 trilhão. Seu rival também era maior, com US$ 2,2 trilhões.
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A última crise foi a gota d’água e fez as autoridades suíças agirem para evitar que as incertezas se espalhassem pelo sistema, que por anos foi visto como o mais seguro do mundo. A questão da concorrência, sempre levada em consideração em transações de fusões e aquisições, em especial quando envolve bancos, foi deixada em segundo plano. No lugar, os reguladores suíços ofereceram uma linha de liquidez de mais de US$ 100 bilhões, outros US$ 9 bilhões para determinadas situações e mais tempo para o UBS ajustar o capital.
DÚVIDAS DO NEGÓCIO. Rápida e complexa, a venda ao UBS foi fechada às pressas no último fim de semana, em um negócio ainda cercado de muitas dúvidas. Nas principais cidades suíças, há agências dos dois bancos em quase todos os quarteirões, o que indica muita sobreposição de negócios e demissões em massa. Em Nova York e em Londres, o Credit tem milhares de funcionários em seu banco de investimento – negócio que será reduzido nas mãos do UBS.
Na Suíça, o setor bancário emprega 5% da força de trabalho, e o total de ativos do sistema somava US$ 3,83 trilhões ao fim de 2022, nada menos do que 448% do PIB do país. Só a combinação do UBS e do Credit responde por mais de 200% do PIB suíço, um alerta para a forte concentração que marcará agora o sistema bancário local. “Vemos muito risco de concentração e também de controle de participação do mercado”, escreveram os analistas do JPMorgan.
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A agência de classificação de risco Moody’s também alertou para o maior risco bancário na Suíça. O tamanho do banco resultante significa que o sistema enfrenta riscos de concentração ainda maiores, o que levou a agência a aumentar a avaliação do risco do setor bancário do país. Só os depósitos dos dois bancos respondem por quase metade (45%) do PIB suíço, um número elevado mesmo para países desenvolvidos.
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“Um fato contundente permanece quando você se afasta de todos os detalhes do acordo do Credit Suisse e UBS. O segundo maior banco da Suíça – um banco que abriu suas portas para negócios em 1856 e foi um dos 30 bancos sistemicamente importantes em todo o mundo – não existirá mais como autônomo”, avaliou o economista e principal conselheiro econômico da Allianz, Mohamed El-Erian, na esteira do anúncio.