Tesouro Direto: juros de prefixados ficam abaixo dos 13%, com mercado aguardando detalhes da regra fiscal

Entre os títulos indexados à inflação o destaque era o Tesouro IPCA+ 2045, com 6,30%, retorno menor do que os 6,34% de ontem

Neide Martingo

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A versão final da proposta do novo arcabouço fiscal será discutida agora à tarde entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A intenção do governo é apresentá-la primeiro aos líderes da Câmara, ainda nesta quarta-feira (29), e amanhã aos líderes do Senado, segundo o Valor Econômico.

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, convocou líderes da Câmara para que Haddad apresente texto do arcabouço fiscal. A reunião deve acontecer às 17h desta quarta-feira.

Outro destaque é que o Brasil fechou o mês de fevereiro com saldo positivo de 241.785 postos de trabalho, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados hoje pelo Ministério do Trabalho e Previdência. O dado do mês superou a projeção do consenso Refinitiv, que esperava saldo de 161 mil contratações.

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Externamente, de acordo com relatório da empresa de análises Capital Economics, há um sentimento entre os especialistas nos Estados Unidos de que os problemas dos bancos americanos podem estar apenas começando – após as falências do Silicon Valley Bank (SVB), do Signature Bank e do Silvergate -, mas uma repetição dos problemas que levaram à crise financeira global está muito distante.

No Tesouro Direto, às 16h01, todos os prefixados apresentavam alta. O piso, detido pelo Tesouro Prefixado 2026, era de 12,24% ao ano, contra os 12,04% desta terça-feira (28). O maior retorno, de 12,98%, era visto pelo Prefixado 2033; na véspera, o ativo oferecia 12,92%.

Entre os títulos indexados à inflação o destaque era o Tesouro IPCA+ 2045, com 6,30%, retorno menor do que os 6,34% de ontem. O IPCA+ 2029 oferecia juro de 5,92% hoje, acima dos 5,89% da sessão anterior.

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Confira os preços e as taxas dos títulos públicos disponíveis para a compra no Tesouro Direto na tarde desta quarta-feira (29): 

Tesouro Direto
Fonte: Tesouro Direto

Campos Neto no Senado

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), informou ao governo federal que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, irá ao Senado na próxima semana, disse nesta quarta-feira o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha.

Falando a repórteres, Padilha mencionou a lei de autonomia do BC e disse que o governo tem orientado seus líderes para que a discussão com Campos Neto no Senado seja sobre o cumprimento dos requisitos da lei.

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Juros altos

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou, nesta terça-feira (28), que a taxa de juros no Brasil está muito alta, depois de se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio da Alvorada. No encontro, Pacheco prometeu dar celeridade à votação do arcabouço fiscal, que será apresentado nos próximos dias pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Lula na China

Segundo o g1, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comunicou, durante reunião no Palácio da Alvorada ontem, que remarcou a viagem à China para 11 de abril e fez um novo convite ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para integrar a comitiva. Participaram do encontro o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT), e os líderes do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (Rede), e no Senado, Jaques Wagner (PT).

Caged

O Brasil fechou o mês de fevereiro com saldo positivo de 241.785 postos de trabalho, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados nesta quarta-feira (29) pelo Ministério do Trabalho e Previdência. O dado do mês superou a projeção do consenso Refinitiv, que esperava saldo de 161 mil contratações.

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O resultado decorreu de 1.949.844 admissões e de 1.708.059 desligamentos no mês. O estoque, que é a quantidade total de vínculos CLT ativos, alcançou 42.770.781 vínculos em fevereiro, o que representa uma variação de +0,57% em relação ao estoque do mês anterior.

Nos últimos 12 meses, foi registrado saldo positivo de 1.834.902 empregos, decorrente de 22.605.959 admissões e de 20.771.057 desligamentos.

Em fevereiro, quatro dos cinco grandes grupamentos de atividades econômicas registraram saldos positivos de vagas: Serviços (+164.200 postos); Construção (+22.246 postos); Indústria geral (+40.380 postos), principalmente na Indústria de Transformação (+37.190 postos); Agropecuária (+16.284 postos). Por outro lado, Comércio perdeu 1.325 postos.

SVB

O vice-presidente de Supervisão do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Michael Barr, afirmou que o Silicon Valley Bank (SVB) falhou em gerenciar o risco de taxas de juros, que considera uma atividade bancária básica. Ele foi questionado por uma parlamentar, durante depoimento no Comitê de Serviços Financeiros da Câmara, se o Fed vê regulação e supervisão como atividades separadas da política monetária.

“Decisões monetárias foram essenciais para atingir estabilidade de preços e emprego máximo, e temos que continuar perseguindo isso”, defendeu o dirigente. “Gerenciamento de risco de taxa de juros é uma questão bancária central, não é um problema complicado. A gerência do banco falhou em fazê-lo”, completou.

Crise financeira global

De acordo com relatório da empresa de análises Capital Economics, há um sentimento entre os especialistas nos Estados Unidos de que os problemas dos bancos americanos podem estar apenas começando – após as falências do Silicon Valley Bank (SVB), do Signature Bank e do Silvergate -, mas uma repetição dos problemas que levaram à crise financeira global está muito distante.

O estudo, assinado por John Higgins, economista chefe de Mercados da empresa, prevê que as condições de crédito nos EUA devem ficar mais apertadas à medida que os bancos continuem a refrear seus empréstimos, mas o cenário base é que uma grande crise bancária comparável à de 2008/2009 será evitada.

Ao explicar a crise de liquidez atual, a Capital lembra que houve forte aumento do rendimento dos títulos no ano passado, decorrente da dramática alta nas taxas de juros. Com isso, os bancos comerciais dos EUA acumularam grandes perdas líquidas não realizadas em seus títulos de dívida sensíveis à taxa de juros. O SVB foi vítima desse cenário, explicitado após uma corrida aos depósitos.

Neide Martingo

Jornalista especializada em Economia, Finanças e Negócios, trabalhou em veículos como Valor Investe, Diário do Comércio e Gazeta Mercantil e escreve sobre Renda Fixa no InfoMoney