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O PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), prestes a ser relançado, é uma das apostas do governo federal para destravar a economia. O programa deve garantir a retomada de obras paradas, agilizar as que estão em andamento e promover novos empreendimentos. E o que o setor de seguros tem a ver com isso? Mais obras em andamento significam mais apólices para cobrir possíveis riscos durante as etapas de construção.
“A expectativa do mercado é a mais positiva possível. Estamos falando de um investimento importante, que acaba movimentando a economia como um todo”, avalia Roque Melo, presidente da comissão de riscos de crédito e garantia da FenSeg (Federação Nacional de Seguros Gerais).
Para uma obra sair do papel, geralmente, é necessário uma cartela de cobertura em seguros, como:
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- seguro de garantia do contrato, que visa garantir serviço prestado, preço, prazo e qualidade;
- seguros de danos, que envolvem todos os danos materiais que podem ser causados durante a ampliação e manutenção de uma estrutura ou mesmo contrato de concessão;
- seguros de responsabilidade pelos danos que a operação pode causar a terceiros;
- seguros de pessoas, que envolvem saúde, vida e odontológico;
- e seguros especiais – como contra ciberataques e o paramétrico climático
André Dabus, diretor de infraestrutura da corretora e consultoria de risco Marsh, lembra que o Livro Azul de 2022 da Abdib (Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base) apontou a expectativa de investimentos na casa dos R$ 922 bilhões nos próximos anos.
Considerando seguros de danos, responsabilidades e garantias para proteger este volume de caixa circulando, a estimativa, conforme cálculos do próprio Dabus, é de prêmios de seguros na ordem de R$ 8 bilhões. “Mas não há uma ciência exata, por isso, estamos falando de estimativas”, reforça.
Embora o programa não tenha um objetivo específico de alavancar o mercado de seguros, seus investimentos em infraestrutura devem ter um grande efeito positivo no setor, apontam os executivos ouvidos pelo InfoMoney.
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“Um exemplo são os investimentos em rodovias, ferrovias, portos e aeroportos. Aumentando o fluxo de pessoas e mercadorias pelo país, naturalmente haverá um aumento na demanda por seguros de transporte e logística”, pontua Christian Wellisch, CEO da Globus Seguro.
“O PAC tem um efeito super positivo no mercado de seguros, pois ainda impacta o mercado secundário de fornecedores das grandes empresas para a execução das obras, que também tem que aumentar sua capacidade de entrega, contratando novas apólices para mitigar também os seus riscos”, completa o executivo da Globus Seguro.
Veja também episódio do “Tá Seguro”:
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Quem vai despontar?
O seguro-garantia deve despontar como o carro-chefe das apólices, mas outras modalidades também devem ganhar destaque, porque, dependendo de cada contrato, outros seguros serão exigidos.
Vinicius Fontão, co-CEO da Galcorr, comenta que em 2012, sob a vigência do do PAC 2 (voltado para energia e habitação), o seguro-garantia alcançou cerca R$ 757 milhões em prêmios.
“Nos últimos 10 anos, esta modalidade de seguro cresceu mais de 400% e a expectativa é de crescimento contínuo, com a retomada de investimentos nos projetos de infraestrutura no país. O seguro-garantia é protagonista, pois é uma medida obrigatória com a finalidade de garantir o fiel cumprimento dos contratos de construção de obras civis ou a instalação e montagem de equipamentos“, afirma Luciana Tavares, superintendente de garantia da Galcorr.
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Melo, da FenSeg, enfatiza que nos últimos anos o carro-chefe dentro do seguro-garantia tem sido a modalidade judicial. Para o executivo, a volta das garantias tradicionais traz equilíbrio e maior pulverização do portfólio.
Marck Sá, superintendente de linhas financeiras da seguradora Zurich, considera que, embora o seguro-garantia esteja em ascensão, não se pode afirmar que ele seja o único protagonista para o crescimento do setor de seguros no que diz respeito aos programas públicos na área de infraestrutura.
“As obras precisam contar com diversos tipos de proteções, como para riscos de engenharia, riscos operacionais, responsabilidade civil, responsabilidade civil de operações e responsabilidade civil profissional (E&O), entre outros”, diz Sá.
Ele lembra ainda que obras de saneamento também devem ser incentivados pelo Novo Marco do Saneamento, que está sendo retomado.
“São obras complexas do ponto de vista logístico, principalmente quando executadas nas cidades, porque envolvem mapeamento subterrâneo, execução fora dos horários de pico, atenção à integridade dos trabalhadores, entre outros pontos. Por isso, embora não sejam tão complexas do ponto de vista de engenharia, são obras com grandes exposições. Tudo pode ser mitigável, o que reflete a necessidade de uma correta análise de riscos e a contratação de um seguro compatível, como os seguros de riscos de engenharia e de responsabilidade civil”, considera o executivo da Zurich.