Hypera (HYPE3): ação sobe 3,5% apesar de pressão sobre capital de giro, com operações fortes sustentando visão positiva

Em teleconferência, o presidente da farmacêutica destacou que a companhia deve ter uma melhora nos resultados a partir do segundo trimestre

Lara Rizério

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A ação da Hypera (HYPE3) registrou ganhos na sessão desta sexta-feira (28) na esteira de um dia de alta para o Ibovespa e continuidade de uma visão positiva para a empresa, ainda que os seus números do primeiro trimestre de 2023 (1T23) tenham sido vistos como “mistos” pelos analistas de mercado. Os ativos subiram 3,47%, a R$ 37,25.

A companhia, dona de marcas como Lisador, Coristina e Buscopan, obteve lucro líquido das operações continuadas de R$ 339,4 milhões no primeiro trimestre de 2023 (1T23), montante 2,9% inferior ao reportado no mesmo intervalo de 2022.

O lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) das operações continuadas totalizou R$ 580,3 milhões no 1T23, uma elevação de 16,1% em relação ao 1T22.

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Para o Itaú BBA, apesar da difícil base de comparação, já que a Hypera apresentou forte crescimento um ano antes, o que deveria pesar nos resultados do primeiro trimestre deste ano, a companhia surpreendeu e divulgou expansão de receita e lucratividade acima do esperado. Assim, o banco reiterou recomendação de “compra”, com preço-alvo de R$ 50 ao fim de 2023.

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A fabricante de medicantes mostrou um crescimento orgânico de sell-out (venda dos produtos nas farmácias e redes) abaixo do mercado em vista de uma performance desafiadora em janeiro e fevereiro, apesar de março já ter mostrado boa melhora. A receita líquida cresceu 14% em um ano, com algum crescimento orgânico de receita, bom aumento da receita do segmento institucional e boa contribuição dos medicamentos da Sanofi.

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“Ressaltamos ainda que a rentabilidade ficou acima do esperado, com uma rentabilidade (margem) bruta de 64% (alta de 1,1 ponto percentual em base anual), apesar da maior contribuição do mercado institucional. A margem operacional (margem Ebitda), por sua vez, também foi melhor do que esperávamos e mostrou crescimento de 0,7 ponto percentual na base anual, com despesas de visitas médicas e promoções aumentando”, avaliam os analistas.

O destaque negativo ficou com o aumento da dívida líquida e uma dinâmica de capital de giro pior, com um ciclo de conversão de caixa 83 dias pior em base trimestral devido a maiores dias de estoque e de recebíveis que não foram
compensados pelos maiores dias de fornecedores.

O Bradesco BBI avaliou os resultados do 1T23 da Hypera como neutros em geral, embora ligeiramente acima da estimativa.

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A receita cresceu organicamente 11% em base anual (sendo 14% no total), abaixo da orientação da empresa de 14% (principalmente orgânica) para 2023.

“Esperamos uma aceleração no crescimento no 2T23 a partir das vendas sell-out e a maturação dos lançamentos. As vendas sell-out cresceram 5,9% (contra 10,7% do mercado) devido a uma base de comparação rígida (com crescimento de 28%) em janeiro e fevereiro de 2022”, avalia.

O banco também destaca o capital de giro como ponto negativo, com deterioração de 8 pontos no comparativo anual, para 51% da receita devido aos estoques (usados para evitar a ruptura e apoiar as férias coletivas de abril), mas que devem cair no próximo ano dado: (i) a normalização do abastecimento de matérias-primas e (ii) o lançamento de produtos.

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“Mantemos nossa recomendação de Compra, mas com um viés mais neutro em relação ao potencial fim da desoneração dos juros sobre capital próprio (-13% de impacto no lucro líquido de 2024). Os riscos relacionados ao potencial imposto de renda sobre um benefício fiscal de ICMS são muito baixos em nossa visão, uma vez que se trata de investimentos por meio de crédito presumido e iniciados vários anos antes da Lei Complementar 160/2017”, avalia.

A XP também segue com recomendação de compra, também fazendo a ponderação sobre o resultado misto da companhia.

“O lucro líquido ficou bem acima da nossa estimativa, independentemente de uma alavancagem financeira de 2,8 vezes – impactando o resultado financeiro. Por outro lado, a conversão de caixa operacional caiu 10,4 pontos percentuais no ano principalmente devido a níveis de estoque mais altos – o que esperamos que seja temporário. Apesar de não ver os resultados de forma positiva, mantemos uma postura positiva em relação à ação devido às perspectivas de crescimento e valuation”, destaca.

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Redução de estoques no radar

Em teleconferência, o presidente da farmacêutica, Breno de Oliveira, destacou que a companhia deve ter uma melhora nos resultados a partir do segundo trimestre, conforme trabalha em redução de estoques de insumos e produtos acabados com a normalização da demanda no Brasil.

“Vamos ter muita melhoria de capital de giro nos próximos trimestres”, disse o executivo durante conferência com analistas.

Por sua vez, o diretor financeiro, Adalmario Couto, afirmou que a companhia deve apresentar melhoras na margem bruta nos próximos trimestres, em função em grande parte do câmbio, com o dólar em patamares menores que os do ano passado.

“Cerca de 40% do nosso custo é vinculado à moeda estrangeira”, disse o executivo.

(com Reuters)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.