Suzano (SUZB3): BBI mantém cautela, enquanto Morgan Stanley eleva recomendação das ações para compra

No centro da divisão está, principalmente, visões diferentes para o futuro do preço da celulose nos próximos meses

Vitor Azevedo

Fábrica da Suzano em Cachoeiro de Itapemirim, no Espírito Santo (Foto: Divulgação)
Fábrica da Suzano em Cachoeiro de Itapemirim, no Espírito Santo (Foto: Divulgação)

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Após a Suzano (SUZB3) divulgar, na última semana, seu resultado do primeiro trimestre de 2023, analistas se dividiram sobre o que esperar para o futuro das ações da companhia. No centro da divisão está, principalmente, o que eles enxergam para o futuro da celulose, commodity que nos últimos meses vê seu preço com uma tendência de baixa.

O time do Bradesco BBI, chefiado por Thiago Lofiego, pregou que investidores se mantenham cautelosos, com recomendação underperform (abaixo da média do mercado, equivalente à venda) e preço-alvo em R$ 54, ante R$ 39,80 do fechamento de sexta-feira (28).

“As condições do mercado de celulose continuam desafiadoras no geral, com demanda fraca na Europa e estoques altos nos portos, enquanto os fabricantes de papel chineses ainda não estão reabastecendo”, diz o banco. “Por outro lado, a Suzano destacou que os preços estão atualmente bem abaixo do custo marginal de cerca de US$ 570 por tonelada, e a empresa já recebeu consultas de pedidos de produtores chineses de papel integrados”.

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Um dos eventos que é visto como possível catalisador para o preço da celulose é a recomposição dos estoques do gigante asiático, aguardada para sair desde o ano novo chinês e que vem sendo, por enquanto, postergada.

Do outro lado, novas plantas como a Bracell, no interior de São Paulo, e o projeto Mapa, da Arauco, no Chile, vêm incrementando a oferta – sendo que outras indústrias, como a UPM, no Uruguai, também devem começar a produzir em breve.

“O impacto do fechamento de produtores integrados de produção interna de celulose pode ser potencialmente relevante para a demanda de celulose de mercado (aproximadamente de 8 9 milhões de toneladas de produção integrada atualmente), mas ainda é altamente incerto quanto à quantidade de capacidade que será realmente reduzida e por quanto tempo”, afirma o BBI. “Ao mesmo tempo, nova capacidade está entrando no mercado (efeito maior esperado no segundo semestre). Acreditamos que as ações de Papel e Celulose têm poucas chances de se sair bem no ambiente atual de preços de papel e celulose deprimidos e vemos pouco espaço para uma reavaliação no curto prazo”.

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Do outro lado, o Morgan Stanley acaba de mudar sua recomendação para a Suzano de neutra para equivalente à compra (underweight, exposição acima da média do mercado), com preço-alvo em R$ 50. Para os analistas da instituição americana, o recuo da ação, que acompanha o preço da celulose, abre uma boa oportunidade de entrada.

“O valuation atrativo oferece uma oportunidade, já que as expectativas foram reduzidas. (…) As ações caíram 25% nos últimos 12 meses, com desempenho inferior em média em 20 pontos percentuais aos pares da América Latina e 21 e 13 pontos, em relação aos mercados de ações da América Latina e do Brasil, respectivamente. Com um múltiplo de Ebitda [Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês] de 2024 em 5,5 vezes, está sendo negociada mais de 1 desvio padrão abaixo de sua média histórica, que é de 7,1 vezes”.

A equipe do Morgan, chefiada por Jens Spiess, ainda destaca que, a partir de agora, há um risco limitado de queda para a celulose, uma vez que o fundo do poço já foi atingido.

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“De acordo com a FOEX, os preços de BEKP (fibra curta) da China caíram 42% dos máximos históricos observados no 4T22, de US$ 866 por tonelada para US$ 504, enquanto algumas fontes de notícias estão citando negociações com preços tão baixos quanto US$ 450. O preço agora está bem abaixo do custo marginal de produção da indústria de US$ 615 e de nossa previsão de preço a longo prazo de US$ 576”, debatem.

Para eles, os atuais níveis de preços devem incentivar cortes na oferta e demanda incremental de produtores de papel integrados de alto custo – para quem se torna mais rentável comprar no mercado aberto quando o preço cai abaixo do custo de produção de celulose.

“Vemos um potencial atrativo de valorização em relação ao nosso preço-alvo e um perfil de risco-retorno positivamente assimétrico. Onde podemos estar errados é em uma combinação de preços mais fracos de celulose e um real mais forte nos próximos meses em relação ao nosso caso-base poderia resultar em uma geração de fluxo de caixa menor do que modelamos”, completam.

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