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O índice de dividendos da B3 (Idiv) registrou alta de 3,9% em abril, fechando em 7.128 pontos e praticamente zerando a perda acumulada no ano – que agora é de apenas 0,3%. O desempenho supera o do Ibovespa, que subiu 2,5% no mês passado, diminuindo para 4,8% a desvalorização em 2023.
Com a política fiscal, balanços do primeiro trimestre e juros no radar, as carteiras recomendadas de dividendos para maio trouxeram mudanças relevantes: a elétrica Engie (EGIE3) assumiu a liderança entre as ações mais indicadas, desbancando a Vale (VALE3), após um ano.
Maior produtora privada de energia do país, a companhia se mantém em seis portfólios elaborados por bancos e corretoras, ao passo que a mineradora perdeu duas recomendações e caiu para segundo lugar no ranking geral – empatada com o Banco do Brasil (BBAS3) – com cinco apontamentos.
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Segundo monitoramento periódico feito pelo InfoMoney, que considera dez casas de análise, a última vez que a Engie havia liderado as escolhas em dividendos foi em abril de 2022. De lá para cá, só deu Vale.
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Outra novidade é a volta da Telefônica Brasil (VIVT3) à lista de destaques, após ter ficado de fora em abril. A empresa recebeu quatro apontamentos em maio, mesma quantidade de Auren Energia (AURE3) e Itaú Unibanco (ITUB4). Com uma substituição neste mês, os papéis da CPFL Energia (CPFE3) deixaram o rol dos mais indicados.
Ao comentar o panorama atual, a BB Investimentos diz ter uma visão “neutra” para o Ibovespa em maio. Segundo a instituição, uma eventual alta do índice pode ocorrer principalmente em função dos níveis atuais de desconto da Bolsa, associado a um fluxo mais intenso de capital externo.
A corretora afirma ainda que “falta amparo nos fundamentos das companhias” para que possa formar um viés mais construtivo de revisões para cima dos resultados.
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Todo início de mês, o InfoMoney traz um levantamento das carteiras de ações recomendadas para quem tem foco em dividendos, apontando os cinco papéis preferidos dos analistas. O número pode ser maior, se houver empate – como ocorreu agora. A análise engloba os portfólios divulgados por dez corretoras.
Confira a seguir as companhias selecionadas para maio:
Empresa | Ticker | Nº de recomendações | Dividend yield em 12 meses (%) | Retorno em abril (%) | Retorno em 2023 (%) | Retorno em 12 meses (%) |
Engie | EGIE3 | 6 | 5,27 | 2,64 | 8,84 | 3,84 |
Banco do Brasil | BBAS3 | 5 | 12,97 | 9,59 | 27,05 | 44,50 |
Vale | VALE3 | 5 | 6,83 | -9,83 | -16,75 | -6,24 |
Auren Energia | AURE3 | 4 | 0,68 | 7,57 | 7,13 | 8,39 |
Itaú Unibanco | ITUB4 | 4 | 5,31 | 4,84 | 5,16 | 14,23 |
Telefônica Brasil | VIVT3 | 4 | 4,38 | 8,16 | 12,23 | -18,09 |
Fontes: Ágora, Ativa, BB Investimentos, BTG Pactual, Genial, Guide, Órama, Santander Corretora, Terra Investimentos, XP Investimentos e Economatica.
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Engie (EGIE3)
A empresa sustentou as seis recomendações recebidas em abril e retorna ao topo das preferências em dividendos após 12 meses.
Em relatório, a Terra Investimentos justifica a visão positiva sobre a Engie com base no avanço de projetos de transmissão, além de novos contratos de venda de energia fechados pela companhia, que somaram 142 MW médios entre 2022 e 2027.
Na XP, a avaliação é de que o grupo possui uma das melhores estratégias de comercialização do país, o que lhe confere uma sólida geração de caixa.
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A corretora lembra que a Engie pratica a sazonalização dos contratos de venda de energia das usinas hidrelétricas ao longo do ano, além de ser eficiente na compra de contratos do produto, para reduzir os efeitos da baixa incidência de chuvas nos resultados.
A XP destaca ainda que, embora o estatuto determine que os dividendos não sejam inferiores a 30% do lucro líquido, a empresa vem realizando pagamentos de, no mínimo, 55% do ganho líquido ajustado.
Vale (VALE3)
Nas revisões deste mês, a mineradora deixou de fazer parte de dois portfólios indicados de dividendos, mas permanece em outras cinco carteiras – ocupando o segundo lugar no ranking, ao lado do BB.
Em sua análise de Vale, a Santander Corretora afirma que, apesar da queda recente nas cotações internacionais do minério de ferro, mantém o otimismo quanto aos preços da commodity no médio prazo. Em abril, o valor do produto recuou 14%, após uma tendência de alta nos primeiros meses do ano.
A instituição explica que sua tese é orientada pela restrição de oferta, acreditando que os persistentes desafios de suprimento devem sustentar os preços do minério de ferro acima de US$ 100 a tonelada por mais tempo.
“Embora a Vale não seja mais a nossa Top Pick do setor de Siderurgia & Mineração (para os próximos meses, ressaltamos a preferência por cobre vs. minério de ferro), ainda vemos suas ações negociando a um valuation atraente”, dizem os analistas da casa.
Banco do Brasil (BBAS3)
A instituição financeira segue com cinco indicações, ocupando também a segunda colocação geral.
Para o BTG Pactual, o banco deve apresentar um lucro líquido forte no primeiro trimestre, na casa de R$ 8,5 bilhões, o que aumentaria as chances de cumprir a meta de um ganho líquido entre R$ 33 bilhões e R$ 37 bilhões em 2023.
“Em nosso modelo, prevemos R$ 35 bilhões, o que significaria que o BBAS3 ainda está sendo negociado a um P/L 23 muito baixo, de 3,5x, com um dividend yield de 11% (mesmo após um rali de 27% no ano)”, dizem os analistas.
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O P/L (preço/lucro) mostra a relação entre a cotação em Bolsa e o lucro esperado para uma companhia. Quanto maior, em tese, mais cara está a ação.
O BTG diz ainda que Tarciana Medeiros, que assumiu a presidência do BB em janeiro deste ano, deixou uma primeira impressão “muito boa” e mencionou, em uma entrevista recente, que há uma discussão sobre a possibilidade de aumentar os dividendos.
“Entendemos os riscos de o banco ser uma empresa estatal, mas acreditamos que o BB tem seus ‘anticorpos’, com a assimetria ainda bastante atraentes aos níveis de preços atuais.”
Telefônica Brasil (VIVT3)
A empresa, dona da marca Vivo, contabiliza uma estreia no mês e, com quatro recomendações, é a novidade na lista das principais ações de dividendos.
No Santander, os especialistas dizem que uma das principais preocupações com a tese de investimento na empresa, nos últimos trimestres, era a inexistência de mecanismos para distribuir sua geração de fluxo de caixa.
No entanto, a companhia anunciou em fevereiro ter entrado com um pedido na Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) para reduzir seu capital em até R$ 5 bilhões. “Se aprovado, tal pedido permitirá à Vivo distribuir seu excesso de caixa aos acionistas, restabelecendo as ações como um atraente player de dividendos”, afirma a corretora.
“Em nossos números, assumimos que essa redução de capital será aprovada e que o dividend yield da Vivo deve retornar ao patamar de um dígito alto [algo entre 8% e 9,9%].”
Auren Energia (AURE3)
A companhia também figura no bloco das ações com quatro apontamentos em maio.
Na Ágora, a geradora é uma das principais recomendações da casa no setor elétrico para este ano, levando em conta, principalmente, o alto potencial de distribuição de dividendos após o acordo de Três Irmãos e a menor exposição à queda dos preços da eletricidade.
O acerto citado pelos analistas envolve uma indenização de R$ 1,7 bilhão por parte do governo federal, com pagamento previsto em sete anos, a partir de outubro de 2023. Com correção monetária, o valor se aproxima de R$ 4,1 bilhões.
Em relação aos contratos de energia, a corretora lembra que a Auren já fechou a maior parte de seu portfólio até 2025, em negociações que aconteceram antes dos preços caírem. Pelos cálculos da instituição, o retorno com dividendos da empresa é estimado em cerca de 6,9% neste ano.
Itaú Unibanco (ITUB4)
Também presente em quatro carteiras recomendadas, a instituição fecha a lista dos papéis de dividendos do mês. Na opinião da XP, trata-se de um concorrente de qualidade, a um preço razoável.
“A combinação de seu histórico de rentabilidade líder no setor (decorrente de sua eficiência operacional e longo histórico de concessão de crédito) e forte exposição às linhas de crédito ao consumidor para pessoas físicas devem abrir o caminho para o Itaú liderar o setor na frente de crédito nos próximos anos”, diz a corretora.
Segundo os especialistas, o banco será capaz de seguir expandindo sua carteira de crédito já no curto prazo, mantendo a inadimplência em níveis saudáveis, sobretudo pelo histórico consistente em ciclos econômicos passados.