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Magalu (MGLU3): com mais R$ 1 bi no caixa após acordo, varejista terá alívio em dívida e operações mais simples

Varejista firmou um acordo com a Luizaseg e a Cardif para lançar novos produtos e manter sua parceria oferecendo seguros aos clientes até dezembro de 2033.

Lara Rizério

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Na manhã desta quinta-feira (11), a varejista brasileira Magazine Luiza (MGLU3) fez um anúncio importante, informando que firmou um novo acordo com a Luizaseg e a seguradora Cardif para lançar novos produtos e manter sua parceria oferecendo seguros aos clientes até dezembro de 2033.

O Magazine Luiza disse que receberá um valor líquido de R$ 850 milhões nos termos do acordo, além de comissões mensais e pagamentos adicionais se determinadas metas forem atingidas.

A empresa acrescentou em um documento à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que também concordou em vender sua participação (de 50%) na empresa de seguros Luizaseg para a empresa controlada pela Cardif, NCVP, por R$ 160 milhões, o que elevaria o valor total do negócio para R$ 1,01 bilhão.

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Analistas de mercado destacam a transação bilionária como positiva. O JPMorgan apontou que o valor a ser recebido fortalece o balanço sendo que, antes do anúncio de hoje, estimava que a empresa terminasse 2023 com uma relação entre dívida líquida e Ebitda, ou lucro antes de juros antes de impostos, depreciações e amortizações, ajustado de 5 vezes.

Enquanto isso, acreditava que o mercado atribuía valor limitado às operações da LuizaSeg. “Nesse contexto, avaliamos a LuizaSeg em 8,5 vezes o múltiplo de preço sobre lucro [P/L], implicando um valor de R$ 330 milhões pela participação do Magalu”, afirmam os analistas. O JPMorgan tem recomendação overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra) para os ativos MGLU3.

O Citi é outra instituição financeira que tem recomendação de compra para o Magalu e destacou como bem-vinda a operação anunciada nesta quinta. O preço-alvo do banco para os ativos é de R$ 5.

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“Conversamos com o Magalu para discutir a renovação de seu contrato comercial com o BNP Paribas Cardif até dezembro de 2033”, avalia o Citi, ressaltando também que a varejista poderá receber uma participação adicional nos lucros caso determinadas metas sejam atingidas. A última renovação foi em 2015, quando o Magalu recebeu R$ 330 milhões por um contrato de 10 anos.

Com a entrada total de caixa de R$ 1,01 bilhão, o Citi espera que a dívida líquida proforma/ Ebitda caia de 2 vezes do 4T22 para 1,5 vez.  “Com base em nossa conversa com a empresa, o objetivo é simplificar o negócio e focar no negócio principal, que é o comércio, o que faz sentido”, apontam os analistas.

De fato, afirmam, o negócio de seguro nunca foi crítico para a companhia – isso dito, os analistas estimam uma contribuição de 2% da Luizaseg para o lucro líquido da varejista.

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O banco destaca que a Luizaseg é a divisão de seguros do Magalu e, assim como a Luizacred, fechou outra parceria em 2005,  para expandir seus serviços. A Luizaseg oferece principalmente garantia estendida para eletrodomésticos e móveis. Outros serviços oferecidos são troca garantida de produtos, seguro de vida e assistência médica. Em 2015, a parceria foi estendida até o final de 2025.

Atenção para os resultados

Após a notícia considerava positiva, ainda que os papéis MGLU3 rondassem alta de “modestos” 1% durante a sessão desta quinta, os investidores ficam de olho nos resultados do primeiro trimestre de 2023 da companhia, a serem divulgados na próxima segunda-feira (15).

A XP projeta um crescimento tímido da receita do Magalu, mesmo com a fragilidade da Americanas, já que o cenário macro difícil continua pesando na demanda de bens duráveis, enquanto a implementação do Difal deve pesar na lucratividade.

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O volume bruto de mercadorias (GMV) total deve crescer 9% ano ano, suportado pelo GMV online crescendo 10% (1P, ou estoque próprio, em +5% e 3P, ou marketplace, em +20%), enquanto as lojas físicas devem registrar crescimento das vendas nas mesmas lojas (SSS) de 2,6%, devido ao cenário de menor demanda por bens duráveis.

Quanto à lucratividade, a margem bruta deve ser o destaque negativo, com queda de 0,9 ponto percentual (p.p.) no comparativo anual, já que os aumentos de preço para compensar a implementação do Difal foram distribuídos ao longo do trimestre, embora a margem Ebitda deva melhorar 0,6 p.p por conta de eficiências operacionais. “Por fim, esperamos um prejuízo líquido de R$202 milhões, enquanto a geração de caixa deva ser negativa, em linha com a sazonalidade do trimestre”, avalia.

O BBI, por sua vez, estima crescimento suave da receita líquida (+5,7% ao ano) do Magalu e apenas uma pequena melhora da margem Ebitda, de 5,1%, enquanto as despesas financeiras continuam pesando sobre a receita.

O consenso Refinitiv projeta um prejuízo de R$ 357,9 milhões para o Magalu no primeiro trimestre, um Ebitda de R$ 509,5 milhões e uma receita de R$ 9,2 bilhões.

(com Reuters)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.