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Caros(as) leitores(as),
O InfoMoney acaba de anunciar sua nova cobertura de investimentos no exterior. Dito isso, como quem não “puxa o saco acaba puxando a carroça”, eu não poderia discutir sobre outro tema por aqui com vocês.
Porém, gostaria de trazer comentários e sugestões práticas para essa classe aparecer da melhor forma no seu extrato da corretora daqui para frente. Vamos do começo:
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Não faz sentido concentrar todo seu patrimônio no Brasil, ponto final. Não há discussão sobre esse tema.
Nós somos 3% do PIB global, 2% do mercado de dívida e 1% do acionário. Pouco relevante proporcionalmente.
Os principais temas de geração de valor para o futuro não começam aqui: inteligência artificial, cloud, dados, por aí vai. Claro que existem temas interessantes por aqui também, como o agronegócio e a exportação de commodities, mas “o grande pote de dinheiro” não deve aparecer com facilidade em terras brasileiras.
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Não expor seu patrimônio a isso pode ser custoso. O que estou tentando dizer: você não deveria se preocupar em comprar dólares, mas sim investir em dólares.
Essa discussão se a bolsa americana está cara ou barata nesse momento, até mesmo se o câmbio está no valor justo ou não, são temas para trades e não para investimentos de longo prazo. Na janela de longo prazo, se ganha dinheiro comprado, na ponta otimista da mesa.
A tentativa de temporizar demais os mercados costuma ser falha. Podem acreditar em mim, converso todos os dias com as melhores mentes do mercado há mais de seis anos e os vejo errando isso o tempo todo.
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A Fidelity, uma das mais tradicionais instituições financeiras do mundo, fez um estudo para entender quais eram as carteiras previdenciárias de maior sucesso entre seus clientes num determinado período. A descoberta foi surpreendente: as contas inativas, geralmente por motivos de óbito, eram as mais rentáveis.
Provavelmente porque não houve alteração na alocação, sem tentativas de acertar o tempo de entrada e saída de ativos. Os juros compostos e o tempo de permanência nos mercados são os verdadeiros mandantes do jogo.
O que importa é a tese estar correta e encontrar as assimetrias do mercado. Isso posto, ter percentual do seu portfólio em uma moeda forte com características de reserva de valor, como o dólar, e em ativos que fujam das dinâmicas locais brasileiras, como empresas internacionais ou títulos de dívida no exterior, é fundamental para uma carteira equilibrada de sucesso.
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Isso posto, vamos as dicas práticas:
- Tenha investimento em ações fora do Brasil, em diversas geografias, só não pode faltar os EUA nesse meio. Você pode fazer diretamente em ações, pode escolher ETFs para ter cestas prontas ou investir em fundos de gestão ativa – gosto mais da última opção, de maneira geral, é o que mais se encaixa na rotina do brasileiro;
- Faça parte desse investimento em reais e outra parcela em dólares. A moeda forte (USD) fará função de “seguro” na sua carteira, quando o mercado fugir de risco, o dólar tende a valorizar e isso pode amortecer as quedas da sua carteira, mas vai detrair valor quando o mercado estiver mais animado – comprar ações dolarizadas é adquirir ativos de risco com volatilidade menor, por conta desse “efeito mola” que descrevi acima.
- O dólar pode ajudar a proteger o valor real do seu dinheiro. Muitos itens que consumimos sofrem com as variações do câmbio, esse fenômeno é chamado de “pass-though”, a moeda pode te ajudar a reduzir esses danos;
- Não compre dólares. Fundos cambiais são interessantes para reservas de viagem, aquele dinheiro que você pretende gastar com o Mickey algum dia. De maneira geral, estruturalmente, o câmbio não é um bom investimento, não gera valor, não paga juros ou distribui dividendos, por isso, a ideia é “misturar” o câmbio com outro ativo que detenha essas características, como ações de empresas, por exemplo;
- Renda fixa internacional também é uma ótima ideia para parte do seu dinheiro. Principalmente com os juros nos EUA nos patamares elevados atuais – mas atenção: o mercado internacional de dívida é prefixado em sua maior parte, dito isso, existe maior volatilidade – faça isso, preferencialmente, por meio de fundos dedicados;
- Não invista em renda fixa internacional em dólares. A volatilidade do dólar costuma “roubar a cena” do título em si, vai se comportar como se você estivesse investindo apenas na moeda.
Essas são algumas regras de bolso básicas que acredito fazerem sentido para o investidor individual pessoa física. Claro que são generalistas e, dependendo do caso, podem apresentar alterações – sempre respeite seu perfil de risco e faça aquilo que combine melhor com seus objetivos financeiros.
Espero ter ajudado o seu patrimônio a falar outra língua que não o português. Bons investimentos!