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O investimento das seguradoras em ações relacionadas à sustentabilidade e à responsabilidade social tornou-se não apenas obrigatório, mas também essencial para o mercado de seguros, que movimenta mais de US$ 7 trilhões em todo o mundo e mais de R$ 400 bilhões no Brasil. Neste mês de junho, quando se celebra o Dia Mundial do Meio Ambiente e do Orgulho, várias empresas divulgaram ações e estudos comprovando os resultados de uma pesquisa da EY, que revelou que 78% dos investidores entrevistados acreditam que as empresas devem realizar investimentos que abordem questões ESG relevantes para seus negócios, mesmo que isso reduza os lucros no curto prazo.
Uma forma de contribuir para um mundo melhor é ter consciência dos problemas existentes e trabalhar para desconstruir o que é prejudicial, buscando criar versões mais sustentáveis das empresas, políticas e comportamentos humanos. Nesse sentido, a Swiss Re realizou um debate neste mês de junho, que concluiu que o ambiente de negócios está se tornando mais complexo. No contexto geral, as seguradoras enfrentam desafios como uma inflação mais alta do que o esperado, o aumento das perdas decorrentes de catástrofes naturais e as pandemias.
Desde 2002, a sociedade tem enfrentado o impacto de cinco vírus pandêmicos/quase pandêmicos: SARS (2002-2004), MERS (2012), gripe aviária (vários casos em andamento), gripe suína (2009-2010) e COVID-19 (2019-2023). Além dos riscos previstos, existem também os imprevistos decorrentes de uma sociedade cada vez mais conectada. Um exemplo disso ocorreu em junho, quando a pacata cidade de Isetwalt, localizada às margens do Lago Briez, próximo a Berna, na Suíça, com apenas 400 habitantes, foi invadida por milhares de turistas em busca do cenário da popular série sul-coreana da Netflix, intitulada “Pousando no Amor”.
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Além do sofrimento dos habitantes, uma vez que a região não está preparada para lidar com um grande número de pessoas, ainda ocorreu um deslizamento de pedras de uma montanha, colocando a vida de todos em risco e obrigando os moradores a deixarem o local. No entanto, os turistas, protegidos por suas apólices de viagem, continuam em busca de fotos para compartilhar em suas redes sociais, o que evidencia o cenário assustador de riscos prováveis e improváveis. Não é surpresa que haja uma maior necessidade de proteção financeira e uma crescente demanda por seguros.
Também no mês de junho, foi divulgada a 11ª edição do relatório SONAR da Swiss Re. O relatório destaca as ameaças emergentes que evoluem tão rapidamente quanto as mudanças tecnológicas, geopolíticas e sociais no mundo atual. Uma ameaça mais futurista examinada pelo SONAR, porém com potencial significativo, é a tecnologia de gerenciamento de radiação solar (SRM), que poderia ser utilizada para resfriar a Terra.
Esse tema foi explorado na série “Extrapolations: Um Futuro Incerto”, lançada pela Apple TV em abril. O diretor Scott Burns apresenta um futuro próximo no qual os efeitos caóticos das mudanças climáticas se tornaram uma parte integrada de nossas vidas diárias. No episódio 4, intitulado “Rosto de Deus”, um avião autopilotado tenta resfriar a Terra. Embora isso não resolva a causa fundamental do aquecimento global, ou seja, as emissões de gases de efeito estufa, poderia ajudar a reduzir as temperaturas globais. No entanto, técnicas como a injeção de partículas altamente reflexivas na atmosfera para refletir a luz solar de volta ao espaço poderiam apresentar um novo conjunto de riscos ambientais e potenciais conflitos internacionais.
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Outro risco emergente apontado no relatório SONAR é a possibilidade do surgimento de sistemas complexos de machine learning e inteligência artificial. Conforme o uso da IA se torna mais difundido, também aumentam os possíveis riscos associados. Hackers profissionais podem não apenas enganar os modelos, levando a erros ou vazamento de informações, mas também comprometer seu desempenho, corrompendo os dados de treinamento ou roubando os modelos de machine learning.
Também existem riscos relacionados a oportunidades de fraude e perda de propriedade intelectual, como classificações de crédito falsas ou pontuações de seguros fraudulentas. No setor de seguros de automóveis, por exemplo, sistemas de gerenciamento de sinistros baseados em IA podem ser enganados, levando a falsas detecções de danos massivos. Se a IA for hackeada, isso poderia resultar em danos físicos causados por acidentes envolvendo veículos autônomos ou em diagnósticos médicos equivocados.
Voltando ao presente, surge a questão: se as catástrofes naturais ainda são seguráveis, considerando que os sinistros segurados aumentaram de 5% a 7% ao ano nos últimos 30 anos. Em 2022, as perdas econômicas totais atingiram US$ 275 bilhões, sendo que o seguro cobriu US$ 125 bilhões em sinistros. Os US$ 150 bilhões restantes não estavam protegidos. “Continuamos comprometidos com o mercado de catástrofes naturais. É um negócio muito promissor – se você entender o risco e tiver a confiança de seus clientes”, afirmou Urs Baertschi, CEO de Resseguros de Propriedade e Acidentes (P&C Re).
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Há também os riscos associados à longevidade. Quase todas as regiões experimentaram uma redução na expectativa de vida entre 2020 e 2022 devido à pandemia de COVID-19. Os avanços futuros na longevidade provavelmente surgirão de diversas áreas de descobertas médicas, incluindo diagnóstico e tratamento do câncer, bem como novos tratamentos para a doença de Alzheimer. “Existem muitos desenvolvimentos futuros que podem gerar melhorias positivas e impactantes na expectativa de vida, mas isso leva tempo para se desenvolver e se concretizar. Nossa maior oportunidade continua sendo nossas próprias escolhas de estilo de vida”, afirmou Natalie Kelly, chefe de subscrição global.
As seguradoras estão empenhadas em auxiliar na redução das lacunas de proteção por meio de investimentos voltados para a acessibilidade aos seguros, garantindo assim a sustentabilidade de seus negócios. O setor enfrenta uma grande oportunidade de crescimento para as empresas, bem como uma grande responsabilidade em contribuir para tornar o mundo mais resiliente, fornecendo proteção financeira.
Ações sociais no Brasil
Além de lutarem para estar bem posicionados para crescer, há também a obrigatoriedade. No Brasil, a Susep (Superintendência Geral de Seguros Privados) divulgou a circular 666 em junho do ano passado, que já traz frutos ao estabelecer mecanismos para o mapeamento e gestão de risco das seguradoras, resseguradoras, empresas de capitalização e previdência aberta, inclusive com relação a riscos climáticos, além dos ambientais e sociais.
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Junho foi o mês dos riscos sociais. A FF Seguros lançou o Comitê de Diversidade. Denominado “Rumo Ao Território Do Nós”, o objetivo é debater questões de diversidade e inclusão e o combate permanente de preconceitos, desigualdades e exclusões. Para o CEO da FF Seguros, investir na diversidade e na inclusão “é um fator primordial para o nosso negócio. Não é só sobre posicionamento, mas sobre responsabilidade e atitudes reais de como liderar e lidar com diversidade e inclusão que é uma mudança cultural que exige novos repertórios de todas as pessoas envolvidas”, ressalta Bruno Camargo. Uma das metas é ter 50% de mulheres em cargos de comando até 2028. Hoje o percentual é 28%.
No Brasil, a Swiss Re Corporate Solutions divulgou a parceria com a ONG O Amor Agradece, uma ONG que fortalece a equidade social em diversas frentes de trabalho, capacitando grupos para estabelecer hortas urbanas e cozinhas coletivas nas comunidades, arrecadando alimentos e roupas para situações emergenciais e construindo iniciativas de geração de renda e economia solidária.
“Para nosso Comitê Social, investir nesse projeto significa fortalecer o acesso a uma vida saudável por meio da produção consciente e da união entre valores humanos e harmonia com o meio ambiente”, comentou o CEO Angelo Colombo.
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Para comemorar o Mês do Orgulho, a Marsh McLennan organizou globalmente o evento Chasing the Sun – um dia inteiro voltado para celebrar o Mês do Orgulho, começando na Nova Zelândia e terminando no Havaí, mostrando apoio ao público LGBTQIA+. “No Brasil, nosso evento reuniu colegas através de mais de 12 cidades para discutir trechos da série Frankie & Grace, abordando relacionamentos, o etarismo, a sororidade; temas importantíssimos para uma sociedade mais inclusiva e igualitária. Incluir é criar no outro o senso de pertencimento e acolhimento.”, relatou o CEO Eugênio Paschoal.
A seguradora oficial da Parada LGBTQ+ de São Paulo, realizada em 8 de junho, teve a Zurich como seguradora oficial. “É um dos maiores eventos de celebração da diversidade no mundo, que a Zurich está apoiando pois acreditamos que a igualdade de direitos e oportunidades é fundamental para uma sociedade justa e próspera. Estamos empenhados em contribuir para um mundo mais inclusivo, onde as pessoas se sintam valorizadas e respeitadas, independentemente de sua orientação sexual ou identidade de gênero”, destaca Carlos Toledo, Diretor Executivo de Pessoas & Cultura da Seguradora Zurich.
A corretora de seguros Wiz Co lançou o Programa de Estágio Start, destinado exclusivamente para pessoas negras. A diretora de Gente e Cultura do Grupo Wiz Co, Carolina Bento, afirma que o Programa de Estágio tem a missão de desenvolver, capacitar e integrar profissionais ao mercado de trabalho, e com uma edição afirmativa, pretende-se trabalhar também para a equidade racial, promovendo assim a equidade por meio da inclusão. Além disso, proporciona aos colaboradores e estagiários um ambiente corporativo plural, diverso e inclusivo.
A Porto Seguro descartou entre novembro de 2022 e maio deste ano, de forma ecologicamente correta, mais de 2,9 toneladas de resíduos eletrônicos, totalizando 537 itens, “evitando que esses produtos fossem despejados em terrenos, rios, represas, esquinas”, conta Jarbas Medeiros, diretor de ramos elementares e transportes da seguradora. São mais de 26 ações detalhadas no portal de Sustentabilidade voltadas ao social, ambiental e governança, que resultam em mais de 20 mil toneladas de peças automotivas com destinação correta por meio da Renova Ecopeças, desde 2014.
A Fundação MetLife está se juntando a outros doadores para apoiar a NESsT Amazonia, que conecta empresas locais e ambientalmente conscientes na floresta tropical a mercados sustentáveis, protegendo a biodiversidade da bacia amazônica e, ao mesmo tempo, garantindo meios de subsistência de qualidade para as comunidades locais. A região é responsável por 145 milhões de pessoas, das quais aproximadamente 40 milhões, ou 28%, vivem na pobreza. “O projeto reforça nosso compromisso de impulsionar a mobilidade econômica inclusiva para comunidades carentes e sub-representadas em todo o mundo”, destacou Breno Gomes, presidente da MetLife Brasil.
O grupo Bradesco Seguros elabora o 1º Relatório de Sustentabilidade que será publicado em breve, consolidando o compromisso do grupo com os critérios ASG e as práticas de sustentabilidade. Em 2022, a Bradesco Seguros viabilizou a coleta de mais de 132 toneladas de materiais e evitou que fossem destinados de maneira indevida, poluindo o solo e reduzindo o uso de recursos naturais, destacou, Valdirene Soares Secato, diretora de Recursos Humanos, Sustentabilidade e Ouvidoria.
E tem muito mais. Que deixo para um novo artigo!