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Para os investidores da renda variável, um momento esperado parece se aproximar. Apesar da postura considerada cautelosa do Banco Central no comunicado sobre a decisão de manter a Selic em 13,75%, na quarta-feira (21), agentes financeiros ainda acreditam que a taxa de juros vai começar a cair em agosto ou setembro.
É boa notícia para as ações listadas na Bolsa. Mas como o mercado costuma antecipar movimentos, um rali se desenha há algumas semanas na B3. Ainda é possível encontrar oportunidades a preços convidativos?
Para Jennie Li, estrategista de ações da XP, sim. “Continuamos vendo o Brasil como barato”, defende. Segundo a estrategista, o múltiplo de preço/lucro (P/L) do Ibovespa está em 7 a 7,5 vezes, enquanto a média histórica é de 11 vezes.
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Se comparado com o exterior, o índice S&P 500 negocia próximo de 18 a 19 vezes. “O Brasil está muito barato em relação às bolsas globais. A nossa estimativa de valor justo do Ibovespa é 129.586 pontos”, reforça Jennie.
Ela destaca que nos últimos 20 anos, em seis cortes da taxa Selic, cinco se caracterizaram pelo desempenho positivo da Bolsa. A rentabilidade média do Ibovespa foi de 47% nos ciclos de quedas de juros, quase três vezes superior ao desempenho do CDI (principal indicador da renda fixa) do período.
A cada 1% de corte na Selic, o Ibovespa teve um retorno médio de 7,5%.
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“Achamos que a queda de juros não foi toda precificada na Bolsa, tem espaço para subir mais”, defende a estrategista.
Setores mais beneficiados
Entre os setores que mais devem se beneficiar com uma possível queda dos juros estão papel e celulose, mineração e siderurgia, varejo, transportes e bens de capital. Os serviços públicos (utilities) também se destacam.
Jennie também chama a atenção para a forte recuperação das small caps (empresas de baixa capitalização, com valor de mercado de R$ 10 bilhões ou menos). “As small caps são sensíveis aos juros e estão tendo um desempenho melhor que as large caps [grandes empresas da Bolsa]”, pontua.
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Ela esclarece que nas small caps é possível encontrar uma concentração maior em setores domésticos como o consumo, que sofreram muito por conta do cenário macroeconômico – mas não apenas. “No Ibovespa, a concentração é maior em exportadoras e commodities”, comenta.
Em relação ao setor de varejo, a perspectiva da analista é de que os juros ainda precisariam cair até o patamar de um dígito, com taxas próximas de 7% ou 8% para ver uma retomada relevante do setor. A projeção da XP Investimentos é de que a Selic recue e estagne no patamar de 11%, o que não seria muito favorável para as varejistas.
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Fluxo de investidores pode voltar
Jennie também está otimista com o ingresso de novos investidores, embora ainda tímido. Apenas em maio, o investidor local voltou a dar os primeiros sinais de interesse na Bolsa. “Tudo vai depender do cenário da inflação, as sinalizações dos juros. O calcanhar de Aquiles ainda é o arcabouço fiscal e a reforma tributária”, afirma.
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Por outro lado, o fluxo estrangeiro e do investidor institucional tem melhorado e pode puxar a Bolsa para cima, segundo a estrategista. “O investidor de varejo ainda está em baixa, porque a renda fixa ainda oferece taxas elevadas. Vemos um interesse do pessoa física, mas não é significativo”, diz.
“Hasta la vista” renda fixa?
Camilla Dolle, head de renda fixa da XP, defende que apesar da recente queda da curva de juros, as taxas nominais e reais ainda são atrativas. Observando o longo prazo, por exemplo, os prefixados recuaram para 11% ao ano. Nos papéis atrelados à inflação, o juro real para títulos com vencimento em 2035 é de 5,5%.
O temor com risco de crédito, que disparou após os casos de Americanas (AMER3) e Light (LIGT3), também apresenta tendência de baixa.
“Ainda tem bastante oportunidade na renda fixa, com um cenário mais benigno para as empresas, e com o crédito privado com taxas atrativas, apesar da tendência baixista”, avalia Camilla.
Em relação à inflação, a XP espera deflação de 0,11% em junho e uma alta de 0,34% em julho. A expectativa é de que o IPCA (índice de Preços ao Consumidor Amplo) feche 2023 em 4,9%. A casa projeta ainda juros de 12% ao fim deste ano e 11% em 2024. E a taxa de câmbio deve ficar no patamar de R$ 5, subindo para R$ 5,15 no próximo ano.
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