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A ministra do Planejamento, Simone Tebet, disse, nesta terça-feira (27), que “respeita” os números e que não discute em que porcentual o Banco Central precisa cortar a taxa de juros. Ponderou, contudo, que uma análise política sobre o tema não só “pode” como “deve” ser feita pelo governo Lula, que defende haver condições para a instituição baixar o patamar da Selic.
“Eu respeito os números, quer dizer, eu não estou pra discutir em que porcentual isso tem que cair, nós estamos fazendo análise política que permeia uma decisão técnica do Banco Central. Repito, a análise política nós não só podemos, como devemos fazer, e análise técnica é do Banco Central à luz desses instrumentos, desses elementos políticos que se apresentam ao Brasil”, disse Tebet a jornalistas.
Ao voltar a defender que há condições para o BC cortar os juros, Tebet apontou que a conjuntura macroeconômica melhorou, cenário acompanhado ainda da perspectiva de aprovação do novo arcabouço fiscal pelo Congresso. “Então se todas essas condições macroeconômicas melhoraram, aliado a políticas acertadas da equipe econômica, do presidente Lula capitaneado pelo ministro Haddad, como, por exemplo, o arcabouço, que ninguém discute que vai ser aprovado pelo Congresso Nacional, a própria Câmara já disse que vai aprovar, então diante de todos esses marcos, mostrando responsabilidade fiscal de um lado, a macroeconomia melhorando, todos os sinais macroeconômicos, não deu pra entender a esquizofrenia do comunicado”, disse.
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Ao reforçar o que vê como realidades distintas entre o contexto atual e o cenário de quando o BC subiu os juros a 13,75%, Tebet afirmou que o Brasil “não tem como crescer menos de 2%”, enquanto que, no passado, a expectativa não chegava a um PIB de 1%. “Nós estávamos discutindo resultado de eleição, não sabíamos nem se o ex-presidente aceitaria o resultado da eleição, 8 de janeiro é um exemplo disso, então tinha crise institucional, crise política, nós tínhamos uma inflação maior, nós tínhamos uma expectativa de PIB pequeno, nós falávamos que não íamos crescer nem 1%, agora não tem como o Brasil crescer menos que 2% pelos dados oficiais que estão aí, inclusive ditos pelo Banco Central”, comentou a ministra antes de participar do PPA Participativo em Brasília.
Junto de Tebet, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo, subiu o tom da crítica ao presidente do BC, Roberto Campos Neto. Ele endossou a avaliação já feita por aliados do governo de que o Senado deve promover um debate sobre a atuação do BC. “É inacreditável isso e um absurdo, com a inflação controlada, ter uma taxa de juros de 13,75% ao ano. Nenhum país do mundo cresce e gera emprego com uma taxa de juros dessa. É uma birra política, um enfrentamento a um país inteiro”, disse o ministro, segundo quem, apesar de ser prioridade do Executivo combater a inflação, é “necessário” que a taxa de juros caia para o País crescer.
“É uma afronta política a um país inteiro. O homem está lá descumprindo… Não é só o controle da inflação o papel do BC, tem que gerar condições para o Brasil crescer e gerar renda. Esse debate, Simone, é preciso ser feito no Senado Federal, que foi quem colocou ele lá”, concluiu.