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A Nvidia (NVDC34) registrou baixa entre as ações de tecnologia na Bolsa dos EUA, ainda que diminuindo fortemente as perdas, após uma reportagem do Wall Street Journal de que o governo dos EUA está considerando novas restrições às exportações de chips de inteligência artificial (IA) para a China, à medida que aumentam as preocupações com o poder da tecnologia nas mãos de rivais dos norte-americanos, segundo pessoas familiarizadas com a situação.
O Departamento de Comércio dos EUA pode agir já no início de julho para interromper as remessas de chips feitos pela Nvidia e outros fabricantes de chips para clientes na China e outros países “preocupantes” sem primeiro obter uma licença, disseram as fontes.
A ação seria parte das regras finais que codificam e expandem as medidas de controle de exportação anunciadas em outubro passado, disseram algumas das pessoas. O Departamento de Comércio não respondeu a um pedido de comentário feito pela publicação.
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A Nvidia, que obtém cerca de um quinto de sua receita da China, chegou a cair mais de 4% nas negociações de pré-mercado das bolsas de Nova York nesta quarta-feira (28). Contudo, amenizou as perdas no horário regular, fechando em baixa de 1,81%, a US$ 411,17. A rival Advanced Micro Devices (AMD), que chegou a cair 4%, fechou em baixa de apenas 0,2%. As duas empresas lideram o mercado de chips para o desenvolvimento de modelos generativos de IA, como o ChatGPT. Na China, uma série de ações relacionadas à IA como a Inspur Electronic Information Industry Co. e a Unisplendour Corp. – ambas as principais fornecedoras de hardware – tiveram baixa de cerca de 10%.
Tal movimento dos EUA ressalta a determinação do governo de Joe Biden de conter o avanço tecnológico da China e pode aumentar as tensões entre os dois países. Os EUA estão cada vez mais preocupados com as ambições tecnológicas de Pequim, inclusive com o uso de IA em avanços militares e científicos que podem alterar o equilíbrio geopolítico.
Embora isso provavelmente prejudique os negócios da Nvidia e da AMD com a segunda maior economia do mundo, os dois fabricantes de chips permanecem na vanguarda de um aumento no desenvolvimento de IA que está impulsionando investimentos dos EUA para a Europa e China. Da Microsoft, Baidu ao desenvolvedor do ChatGPT OpenAI, empresas de todo o mundo estão comprando seus produtos para treinar a próxima geração de serviços de inteligência artificial.
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“Isso não deve alterar o roteiro e o crescimento de longo prazo da IA, pois qualquer coisa que não for produzida na China devido a restrições será produzida em outro lugar, disseram analistas da Oddo BHF em nota na quarta-feira. “Também por isso acreditamos ser mais seguro apostar em fabricantes de equipamentos para operar na tendência da IA, pois é uma forma de evitar os riscos de sanções de curto prazo impostas aos fabricantes de chips.”
Durante o pregão, a diretora financeira da Nvidia, Colette Kress, disse que a empresa de chips não espera um “impacto material imediato” das novas restrições relatadas sobre as exportações de chips de inteligência artificial para a China, mas alertou que tais restrições prejudicariam seus negócios no futuro.
“No longo prazo, restrições que proíbam a venda de nossas unidades de processamento gráfico para datacenters à China, se implementadas, resultarão em uma perda permanente de oportunidades para a indústria dos Estados Unidos competir e liderar em um dos maiores mercados do mundo, com impacto em nossos futuros negócios e resultados financeiros”, disse Kress.
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Autoridades dos EUA também estão avaliando se devem restringir o leasing de serviços em nuvem a empresas chinesas de IA, que empregaram essas plataformas no treinamento de seus modelos, informou o WSJ, citando pessoas familiarizadas com as discussões. A Amazon e a Microsoft estão entre os maiores provedores de serviços em nuvem do mundo.
O Itaú BBA aponta que a notícia marca outro episódio na saga contínua de restrições à exportação de chips. Uma proibição semelhante foi imposta no ano passado restringindo o acesso aos chips AI mais avançados fabricados por empresas
como Nvidia e AMD. Em resposta a esse movimento, a Nvidia lançou um chip AI (o A800) feito sob medida para
para o mercado chinês, cujo desempenho está abaixo do limite estabelecido pelo Departamento de Comércio dos EUA.
O A800 substituiu o modelo A100 amplamente utilizado em data centers para IA. Quando a proibição foi anunciada em 2022, a Nvidia havia apresentado uma estimativa do impacto da proibição em US$ 400 milhões para os resultados, representando 7% das receitas.
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“No fim das contas, esta não é a primeira vez que as restrições à exportação de chips são colocadas. Em termos de fundamentos, a exposição da empresa é substancial, dado que cerca de 20% de suas receitas são geradas pelo mercado chinês, tornando o risco geopolítico um ponto relevante”, apontam os analistas do BBA.
Eles também destacam ser importante ter em mente que o fluxo de notícias associado pode afetar as ações de semicondutores, que é um dos fatores que levaram a ação a cair de cerca de US$ 180 para US$ 125 no ano passado. O BBA tem recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) para as ações da Nvidia, com preço-alvo de US$ 500, ou potencial de alta de 19,4% em relação ao fechamento da véspera.
(com Bloomberg, Reuters e Estadão Conteúdo)