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Na última quarta-feira (5), as ações ordinárias da Eletrobras (ELET3) subiram 1,52% (R$ 39,99) e os preferenciais classe B tiveram ganhos de 1,09% (R$ 44,04), após terem avançado mais de 2% nas máximas do dia.
O movimento coincide com as notícias de uma possível trégua entre a empresa e o governo federal após as iniciativas da União para aumentar o seu poder na elétrica, que foi privatizada em junho do ano passado. O atual governo tem questionado a desestatização, com críticas recorrentes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a privatização, enquanto que, em maio deste ano, a Advocacia-Geral da União (AGU) pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF), em ação direta de inconstitucionalidade, maior poder de voto na União na elétrica.
Já nesta semana, conforme apontou em notas o Credit Suisse e a Genial Investimentos, ganharam força as notícias de trégua do governo para reestatizar a elétrica. Rumores de mercado apontam que o Ministério de Minas e Energia teria proposto à elétrica a antecipação do fluxo de pagamentos da CDE (Conta de Desenvolvimento Energético) com o objetivo de destinar tais recursos para modicidade tarifária.
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Tal medida seria uma contrapartida para que o Governo Federal decida por “apaziguar” a questão relacionada a privatização da empresa e, eventualmente, desistir de “reestatizar” a empresa.
Assim, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, estaria negociando eliminar as tentativas de reversão da privatização da elétrica em troca da antecipação do aporte de recursos da CDE para redução tarifária.
A CDE, conforme explica a Genial Investimentos, é um fundo setorial que financia diversas políticas públicas com recursos de subsídios privados, ou cruzados, e subsídios públicos, com uso de recursos do Orçamento Geral da União.
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Dentro do processo de privatização da Eletrobras, foi estabelecido um fluxo de pagamentos da empresa para União Federal até o ano 2047 – vale citar que R$ 5 bilhões já foram pagos ainda em 2022. De acordo com o fluxo proposto no ato da privatização, ainda restam R$ 10,9 bilhões para serem pagos de 2024 até 2047.
Para a Genial, se confirmado, o evento é positivo a depender de um fator principal: qual o valor a ser desembolsado ainda esse ano tendo em vista o atual fluxo de pagamento do CDE vai até 2047? Ou seja, qual taxa de desconto seria utilizada para que todos os fluxos fossem precificados à valor presente?
De qualquer modo, “em nossa leitura, tal evento teria a possibilidade de matar ‘dois coelhos em apenas uma cajadada’: i) gerar valor ao acionista ao antecipar o fluxo de pagamentos a uma taxa de desconto razoável e ii) redução de risco político em relação ao case da empresa”, aponta, trazendo assim dois catalisadores para os ativos.
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De acordo com as estimativas da Genial, a empresa tem um endividamento de apenas 1,4 vez a relação entre dívida líquida e Ebitda (ou lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) esperado para 2023 em um cenário sem grandes possibilidades interessantes de alocação de capital, tendo em vista os baixos preços de longo prazo da energia elétrica.
“Se considerarmos o pagamento de cerca de R$10 bilhões para saldar essa dívida, o endividamento da empresa saltaria para 1,9 vez a relação entre dívida líquida/Ebitda esperado para 2023, ainda muito razoável para investimentos em outros projetos ou pagar dividendos”, apontam Vitor Sousa e Israel Rodrigues, analistas que assinam o relatório.
A casa de análise tem recomendação de compra para os ativos ELET3, com preço-alvo de R$ 52, ou potencial de valorização de 30% frente o fechamento da véspera.
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