O que podemos esperar do Open Finance brasileiro?

Assim como foi com o Plano Real, teremos um Brasil antes e outro depois do Open Finance

Ingrid Barth

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(Getty Images)
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Todo mundo (em especial o mundo financeiro) está um pouco cansado de saber que eu falo bastante sobre Open Finance. Mas continuo falando porque, apesar de ter pelo menos três anos que compartilhamos sobre o assunto, ainda estamos no início dessa jornada. Acredito ser muito importante difundirmos e educarmos, porque, assim como foi com o plano Real, teremos um Brasil antes e outro depois do Open Finance.

O Open Finance (ou Open Banking, fora do Brasil) tem ganhado cada vez mais destaque no setor bancário e financeiro, por se tratar do compartilhamento de dados de clientes entre instituições financeiras e outras empresas, originado, porém, exclusivamente por desejo do cliente. Esse modelo tem como objetivo dar controle total aos consumidores, tendo em vista que esses dados financeiros e comportamentais só podem ser compartilhados com total aval do indivíduo ou empresa detentoras das informações. Uma coisa importante a ser mencionada é que tudo isso é e continuará sendo regido pela Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que estabelece regras bem claras de como isso deverá ser feito e respeitado. Não existe Open Finance sem que essas regras sejam respeitadas!

Por isso, nesta coluna, além de discutir sobre Open Finance, vou falar sobre o anúncio do Banco Central de integração entre o Pix, o Open Finance e o Real Digital. E ajudar a entender de que forma a junção dos três pode desenvolver uma economia digital mais eficiente e segura no país.

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O primeiro ponto – e que para mim é um dos mais urgentes – é a bancarização da população brasileira e o acesso à serviços financeiros. O Brasil tem uma grande população não bancarizada, ou seja, que não possui conta em banco ou não utiliza serviços financeiros, dificultando – quem sabe até impossibilitando – o acesso ao crédito e a outros serviços financeiros.

O Open Finance, assim como o Pix, é uma importante integração financeira para o Brasil. Segundo dados do Banco Central, já somos 147 milhões de brasileiros que fazem transações através do Pix. Já o Real Digital, que ainda é pouco conhecido e está em fase de testes, nada mais é do que a representação digital da moeda nacional e que, em breve, funcionará como uma espécie de “Pix dos serviços financeiros”.

Mas como fazer a população acreditar e usar todas essas novidades? Com a educação financeira! Ela é um elemento fundamental para garantir a segurança financeira dos indivíduos, ajudando a fortalecer o conhecimento sobre finanças.

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A educação financeira também é algo que deverá ser fortalecida pelo Open Finance. Ao compartilhar dados bancários com outras empresas, as pessoas passam a ter acesso a uma amplitude de serviços, como previsão de gastos e planejamento financeiro, ajudando na compreensão pessoal sobre o tema e fazendo-as refletir sobre a economia familiar. Esse mesmo movimento de difundir o conhecimento financeiro deve acontecer, mais para frente, com o Real Digital, projeto que, por estar ainda mais na vanguarda da tecnologia financeira, ainda provoca muitas dúvidas e ressalvas.

Outra vantagem que o Open Finance trouxe foi a democratização do crédito. Com os dados bancários compartilhados, as empresas de crédito, como financeiras e fintechs, conseguem enxergar o comportamento de consumo e renda, que são itens fundamentais que ajudam a avaliar o risco de emprestar dinheiro para uma determinada pessoa. Esse cenário favorece a obtenção de crédito, gerando maior desenvolvimento financeiro para o país.

Por fim, todas essas novidades do mundo financeiro são para tirar essas pessoas da margem do sistema, permitindo que elas compartilhem seus dados financeiros com outras empresas além dos bancos, como fintechs e startups, e aproveitem novos serviços financeiros e mais personalizados. Portanto, espera-se que a iniciativa do Open Finance possa ser um dos maiores avanços do mercado financeiro brasileiro já experimentados pela população, gerando também inúmeras novas possibilidades de negócios. E confiem: ainda falaremos (eu em especial) muito sobre o Open Finance. E esse é só o começo…

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Ingrid Barth

Primeira presidente mulher da Associação Brasileira de Startups (ABStartups) e membro do conselho deliberativo do Open Banking do Banco Central do Brasil. É cofundadora e COO do banco digital Linker.