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Com juros altos no radar, a renda fixa foi – mais uma vez – o escape para a captação de recursos das empresas no primeiro semestre deste ano. As companhias captaram R$ 153,5 bilhões nos primeiros seis meses de 2023 e 82,8% do montante (R$ 127,1 bilhões) foi captado via instrumentos de renda fixa.
Os dados foram divulgados nesta terça-feira (11) pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
O montante captado no primeiro semestre foi 35,42% menor que o volume do mesmo período no ano passado (R$ 237,6 bilhões). Porém, junho foi o melhor mês para o mercado doméstico de capitais, com 30% de participação no montante total, o que indica uma recuperação.
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“Começamos com um cenário muito desafiador e tivemos evolução com o passar do tempo, agora esperamos uma retomada do mercado de capitais”, diz José Eduardo Laloni, vice-presidente da Anbima.
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Debêntures e Fiagros se destacam
As debêntures seguem como instrumento líder de captações, com volume de R$ 78,1 bilhões entre janeiro e junho. Houve, porém, uma forte queda de 41,5% na comparação com o primeiro semestre do ano passado. Os pedidos de recuperação judicial de Americanas, Light e Oi (pela segunda vez) impactaram o mercado de debêntures em fevereiro. A recuperação começou somente em maio.
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Ao mesmo tempo, houve aumento de 34,5% no volume de negociações de debêntures no mercado secundário. “Quando não há um mercado primário pujante, os players buscam opções no mercado secundário”, explica Laloni.
O principal destino do dinheiro captado com debêntures (46,4% do total) foi o capital de giro das companhias e o prazo médio dos papéis emitidos no primeiro semestre foi de 6,5 anos. O setor de energia elétrica liderou as emissões, com volume de R$ 21,8 bilhões.
Outro instrumento que se destacou no primeiro trimestre foram os Fiagros. O volume de emissões ainda está longe das debêntures (R$ 4,7 bilhões contra R$ 78,1 bilhões), mas o que chama atenção é o crescimento de 50,4% na captação. Os Fiagros cresceram na participação do financiamento do agronegócio, já que o volume das CRAs (Certificado de Recebíveis do Agronegócio) caiu 24,5%.
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Flavia Palacios, coordenadora da Comissão de Securitização da Anbima, afirma que “investidores têm consciência do papel do agronegócio na economia brasileira, então é natural que os instrumentos de financiamento do setor cresçam”.
Um dado que chama atenção nos instrumentos ligados ao agronegócio é que a participação de pessoas físicas nas ofertas públicos é muito superior à média da renda fixa em geral. Em junho, 77,11% do volume de ofertas de CRAs e Fiagros foi absorvido por pessoas físicas, enquanto esse tipo de investidor representou apenas 16,4% dos subscritores de produtos de renda fixa em geral.
Os números da Anbima ainda mostraram que as captações no mercado acionário seguem em ritmo lento. Foram realizados oito ofertas subsequentes de ações com captação de R$ 13,5 bilhões. Não houve IPO (Oferta Pública Inicial, na sigla em inglês). No ano passado, o número de ofertas subsequentes foi superior (13) e a captação no 1T22 foi de R$ 18,5 bilhões.