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Nesta segunda-feira (17), os bancos começam a renegociar R$ 50 bilhões em dívidas de até 30 milhões de pessoas pelo programa Desenrola Brasil.
Além disso, entre 1,5 milhão e 1,7 milhão de pessoas com dívidas bancárias de até R$ 100 terão seus passivos cancelados pelas instituições financeiras, já que é uma das condições do Governo permitir que os bancos participem do programa de renegociação de dívidas.
Enquanto isso, os endividados com renda mensal de até R$ 20 mil poderão negociar suas dívidas com os bancos, que deverão oferecer condições de pagamento em, no mínimo, 12 parcelas. Nessa fase do programa, não há limite de dívida a ser renegociado ou teto de cobrança de juros.
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Desde a publicação da medida provisória que estabeleceu o programa, no início de junho, analistas têm destacado seus possíveis impactos para o mercado de ações brasileiro, com destaque para os setores de consumo e varejo e instituições financeiras.
“Com a medida, os setores da economia com exposição a crédito devem ser favorecidos, como o setor financeiro, desde grandes bancos a fintechs, e empresas do varejo de consumo cíclico. Sobretudo as varejistas que trabalham diretamente com essa parte da população de renda mais baixa, que ganha até dois salários mínimos. E, com o programa, essas pessoas vão deixar de estar negativadas, vão conseguir acessar novamente crédito para consumir”, avalia Luiz Felipe Bazzo, CEO do transferbank.
Porém, ele ressalta que, uma vez que esse programa passa a valer somente a partir da segunda metade do ano, os dados do segundo trimestre de 2023 ainda devem ser desafiadores para o varejo, avaliando ainda ser cedo para dizer que o quadro para essas empresas vai melhorar muito por conta do programa.
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“Talvez mesmo para cases com mais exposição a esses setores, como Guararapes (GUAR3) ou C&A (CEAB3), fosse necessária uma mudança macroeconômica mais profunda para melhora mais consistente do cenário, aponta.
Ele ainda avalia que, “mesmo diante de um eventual movimento otimista do mercado em relação a ações desse setor, é preferível aos investidores observar de fora a possível ‘primeira pernada’ de alta até que de fato a taxa básica de juros caia e a situação de crédito esteja mais favorável no país”.
Em relatório de junho, o Goldman Sachs também fez análise para varejistas, vendo que o Desenrola tem companhias “obviamente beneficiadas” no setor. O programa deve, principalmente, trazer algum alívio na questão da inadimplência – lembrando que os braços financeiros das varejistas, em vários casos, estão sendo os pontos baixos dos balanços dos últimos trimestres dessas companhias.
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“Já começamos a ver a qualidade do crédito melhorar marginalmente para a maioria dos varejistas brasileiros, o que reflete das taxas de aprovação mais rigorosas e crescimento mais lento do crédito em 2022”, disse a equipe do banco americano, liderada por Irma Sgarz. “Acreditamos que o programa possa acelerar ainda mais a redução de risco das carteiras, levando a um aumento da lucratividade no segundo semestre de 2023”.
Os principais beneficiados nesta frente, de acordo com o Goldman, são Carrefour (CRFB3), Lojas Renner (LREN3), Magazine Luiza (MGLU3), Via (VIIA3) e Mercado Livre (MELI34), destacou o banco na ocasião.
Bancos
Já para as instituições financeiras, o Bradesco BBI aponta que provavelmente o programa terá um impacto limitado nos bancos de sua cobertura, embora reconheça que o programa pode ajudar algumas famílias a recuperar o acesso ao crédito.
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Bazzo, CEO do transferbank, lembra que, basicamente, para as instituições financeiras que derem um desconto relevante para as pessoas que estão inadimplentes, principalmente as pessoas físicas, que são o foco do programa, o Tesouro Nacional vai assumir a inadimplência dessa nova dívida renegociada. Os próprios bancos vão poder decidir em quais carteiras e com quais clientes querem fazer isso.
“Com isso, os bancos vão aumentar sua carteira renegociada e, nessa carteira, vão ter uma redução a zero da inadimplência. Para as instituições que atendem a classe D e E e que têm uma carteira de crédito problemática, com crédito que não deveria ter concedido, o programa pode fazer muita diferença”, complementa.
Cabe ressaltar que os cinco maiores bancos do país –Bradesco (BBDC4), Banco do Brasil (BBAS3), Itaú Unibanco (ITUB4), Caixa Econômica e Santander (SANB11)– já anunciaram que vão aderir ao Desenrola.
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“Essa movimentação é benéfica do ponto de vista de nível geral de endividamento da população – no entanto, especialmente sobre os bancos, já que a medida deverá ajudar a ‘limpar’ as carteiras de crédito Pessoa Física, cujo impacto nos últimos balanços reportados foi negativo, demandando níveis crescentes em PDD (Provisão para Devedores Duvidosos)”, avalia.
Por outro lado, aponta o analista, as taxas de juro mensais de 1,99% provavelmente devem ser insuficientes para cobrir as perdas de crédito, particularmente para os clientes das rendas mais baixas.
“É importante lembrar que isso não deve ‘salvar’ os bancos, já que as dívidas consideradas nesse programa são aquelas que realmente a chance de serem quitadas já eram muito baixas e cujo dinheiro a instituição já nem contava mais”, destaca.
Já os analistas do Goldman Sachs apontaram que as taxas de juro mensais de 1,99% provavelmente seriam insuficientes para cobrir as perdas de crédito, particularmente para os clientes das rendas mais baixas”. No entanto, citaram que o ‘fundo de garantia’ do governo deve cobrir a maior parte do risco de crédito no programa, o que poderia viabilizá-lo para instituições financeiras, semelhante ao programa Pronampe implantado em 2020 para Pequenas e Médias Empresas (PMEs), que garantiu 85% do risco de crédito.
“Entendemos essa movimentação como benéfica do ponto de vista de nível geral de endividamento da população – no entanto, especialmente sobre os bancos, já que a medida deverá ajudar a ‘limpar’ as carteiras de crédito Pessoa Física, cujo impacto nos últimos balanços reportados foi negativo, demandando níveis crescentes em PDD [Provisão para Devedores Duvidosos]”, avaliaram os analistas da Levante Ideias de Investimentos.