Serviços às famílias mantêm resiliência e analistas já cogitam desaceleração menos intensa no ano

Revisão de alta dos serviços em maio compensou alta modesta de junho; possível pressão sobre a inflação é um dos pontos destacados

Roberto de Lira

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Embora a alta de 0,2% no volume do setor de serviços em junho ante o mês anterior possa ser considerada modesta e ficado abaixo da mediana das projeções, a revisão para cima da expansão em maio (dos 0,9% anteriores para 1,4%) compensou o desempenho. Os analistas destacam a resiliência dos serviços prestados às famílias no mês e começam a cogitar que a esperada desaceleração da atividade pode ser menos intensa do que o esperado no início do ano.

João Savignon, head de pesquisa macroeconômica da Kínitro, por exemplo, previa um avanço mais forte na leitura mensal feita pelo IBGE, de 0,5%, mas destaca que a revisão para cima em maio esvazia a visão de que o dado de hoje na margem teria sido fraco.

Ele destaca que três das cinco atividades da pesquisa mostraram alta, em especial os serviços profissionais, administrativos e complementares, que subiram 0,8% e recuperaram parte da queda de -1,2% de maio. Outro ponto destacado na PMS foram as altas dos serviços prestados às famílias (1,9% no mês e 4,1% no 2º trimestre) e de informação e comunicação (0,5%).

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“As aberturas da pesquisa mostraram um quadro melhor que o indicado pelo dado cheio, com destaque para os serviços prestados às famílias. Nossa visão permanece sendo de desaceleração gradual da atividade no segundo semestre do ano, mas em um ritmo mais lento do que o esperado no início do ano e do indicado pelo consenso do mercado”, comenta Savignon.

Com o resultado de hoje, o cálculo é que os serviços registraram crescimento de 0,5% no 2º trimestre ante o trimestre anterior e geraram um carrego (“carry-over”) de 0,6% para o 3º trimestre e de 2,7% para o ano.

O tracking do PIB do 2º trimestre da Kínitro aponta para alta de 0,5% na comparação trimestral e de 2,8% na anual. “Seguimos projetando alta de 2,6% para o PIB de 2023”, estima

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Os economistas Marco A. Caruso e Igor Cadilhac, do PicPay, também dizem que o dado revisado de maio reduz a surpresa negativa com o resultado de junho, que veio abaixo da projeção de 0,8%. Apesar dos avanços em serviços profissionais, administrativos e complementares e dos serviços de informação e comunicação, eles citaram que transportes (-0,3%) e outros serviços (-0,4%) devolveram parte dos ganhos de maio.

Eles também citam a resiliência da atividade nos primeiros seis meses do ano. “No geral, um destaque na divulgação de hoje é a dúvida sobre a extensão do crescimento do setor de serviços. Olhando à frente, a sua desaceleração parece certa, mas a grande incerteza reside no seu momento e na sua intensidade”, ponderam.

Caruso e Cadilhac lembram que, nesse contexto, se insere também a dinâmica da inflação de serviços, um dos condicionantes dado pelo Banco Central para acelerar os cortes da Selic. “Uma coisa parece depender da outra. Para 2023, projetamos um avanço de 1,5% do setor de serviços. Com os números de junho fechados, destacamos as altas em quase todos os setores da atividade econômica, sendo a agropecuária a única exceção. Com isso, estimamos um IBC-Br de 0,8% no mês”, preveem.

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O economista Felipe Kotinda, do Santander Brasil, vê sinais mistos nas atividades, mas também coloca como destaque que os serviços às famílias tiveram outra contribuição positiva para o resultado, ao mostrar a terceira expansão consecutiva. Ele cita ainda que o índice de difusão atingiu 41% (ante 75% em maio), com cinco das doze atividades apresentando crescimento na margem.

“Continuamos vendo sinais de desaceleração para a atividade ampla à frente, já que segmentos mais cíclicos indicam uma tendência contínua de desaceleração devido a condições financeiras altamente restritivas. Além disso, esperamos que o impacto positivo da safra recorde de verão se limite ao 1º trimestre e início do 2º trimestre”, afirma.

Claudia Moreno, economista do C6 Bank, por sua vez, comenta que o setor de serviços tem registrado oscilações nos últimos meses. Para ela, ainda que estejam vindo um pouco mais fortes do que o esperado, já indicam alguma desaceleração da economia.

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“O segmento é impactado, de um lado, pelos juros ainda elevados, e pelo mercado de trabalho aquecido por outro, o que atenua a sua desaceleração. Acreditamos que o setor deve continuar de lado ao longo dos próximos meses. Para 2023, projetamos expansão de 3,4%”, calcula

O previsão de crescimento do PIB para 2023 feita pelo C6 Bank se mantém em 2,5%. Para 2024, a estimativa é de alta de 1%.

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