Conteúdo editorial apoiado por

Benefícios: não vai ter vale-tudo

A mudança na legislação de benefícios empurrou a ex-Sodexo, agora Pluxee, para o caminho da inovação

Mariana Amaro

Publicidade

As regras do jogo no mercado bilionário de benefícios mudaram. Com isso, novos entrantes surgem, enquanto as grandes empresas consolidadas se movimentam. Para a antiga Sodexo Benefícios e Incentivos, atual Pluxee, as mudanças desencadearam  uma série de ações que vão desde a mudança de nome e o plano anunciado em abril de um “spin-off” da empresa até a criação de uma nova área de inovação, com 10 pessoas, que inclui profissionais dedicados a buscar oportunidades de M&A.

Quem foi deslocado para cobrir esta nova área, há duas semanas, é Rafael Marques, que ocupava a diretoria de operações, projetos e experiência do consumidor. Na nova posição, de  Aceleração da Estratégia e Desenvolvimento de Negócios, Marques afirma que a criação de um departamento separado, com um mandato específico para inovação e oportunidades de negócio, é importante para que a empresa, que já investe 10% da receita em tecnologia e desenvolvimento, não tire o olho do seu negócio principal. “A área foi criada para que a empresa possa ter um foco específico no desenvolvimento de novos negócios, permitindo assim que o [negócio] principal continue evoluindo de acordo com as necessidades de mercado”, afirma Marques.

Um desses negócios, anunciado antes de a área ser criada, foi o acordo de aquisição de 20% da Pluxee pelo Santander, que não envolveu dinheiro. Em contrapartida, a Sodexo incorporou 100% da startup Ben, que foi  criada dentro do banco de origem espanhola, mas teve dificuldades de penetrar no mercado já dominado por gigantes e startups bastante consolidadas. A Ben chegou a ter 3 mil empresas e 600 mil beneficiários, enquanto a Sodexo tem uma carteira de mais de 140 mil empresas clientes e 6 milhões de usuários.

Continua depois da publicidade

A transação, que ainda precisa ser aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica, Cade, e Banco Central do Brasil, ainda deu um novo fôlego para a Pluxee na batalha com as startups: um contrato de distribuição dos produtos e serviços da Pluxee pelo Santander por 25 anos. A francesa era a única entre as companhias de benefícios no país que ainda não tinha uma ligação direta com uma instituição financeira: VR tem uma joint venture com a Caixa Econômica Federal; Alelo pertence ao Grupo Elopar, uma holding controlada pelo Banco do Brasil e o Bradesco; e o Itaú comprou, em 2019, uma fatia da Ticket.

Mas o negócio da Pluxee continua sendo de benefícios. “Inclusive, o foco principal da nova área será inicialmente aumentar a gama de produtos e serviços em soluções de benefícios. Temos uma estratégia global e, consequentemente, local para expandir nossa participação em pequenas e médias empresas”, afirma Marques.

Na busca pelos usuários, contudo, uma coisa é certa: não haverá vale-tudo, como acontece com algumas startups que oferecem benefícios flexíveis. Isso porque, explica Marques, a empresa é corresponsável por prover soluções que evitem que seus clientes possam ser expostos a problemas regulatórios. Segundo a regra do PAT (Programa de Alimentação do Trabalhador), valores definidos para alimentação precisam ser utilizados em alimentação. E usos indevidos podem sofrer investigação do Ministério Público. “As empresas administradoras de benefícios precisam dar a segurança jurídica necessária para seus clientes no âmbito regulatório”, diz. E completa: “o “vale tudo” dos benefícios que podem gerar implicações legais para seus clientes”.

Continua depois da publicidade

Leia também: A Atvos saiu viva da recuperação judicial. Agora, quer decolar com combustível de avião

Para combater eventuais fraudes – e até as antigas práticas de venda de vale com um spread –, a empresa possui um grande departamento que analisa eventuais usos indevidos.

Novo nome

De origem francesa e com capital aberto na Bolsa de Paris, a Sodexo possui três grandes frentes de negócio no mundo: 1) de home care; 2) de restaurantes in-company (como o que funciona dentro do Palácio de Buckingham, em Londres) e 3) benefícios. No seu último balanço semestral, divulgado em abril, a companhia apresentou uma receita de 12 bilhões de euros – um aumento de quase 18% na comparação com o período anterior. A maior parte desse resultado, no mundo, vem dos dois primeiros serviços da companhia. No Brasil, a pirâmide se inverte. “O Brasil é o principal mercado para benefícios do grupo”, afirmou Marques. Por isso, a mudança de nome da empresa começou por aqui.

Continua depois da publicidade

Nos próximos meses e durante 2024, quando deve ser concluída a spin-off, o nome será mudado nos outros países onde a empresa tem presença dessa frente de negócios. Estados Unidos, por exemplo, não deve ver esta mudança, já que o negócio de benefícios praticamente inexiste por lá.

Mariana Amaro

Editora de Negócios do InfoMoney e apresentadora do podcast Do Zero ao Topo. Cobre negócios e inovação.