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Estamos há quatro dias com o dólar na casa dos R$ 5. E, na avaliação dos especialistas, dificilmente a moeda americana voltará a operar abaixo desse patamar. O câmbio é uma das variáveis do mercado financeiro mais difíceis de se prever, mas os últimos acontecimentos levam a crer que a divisa deve continuar se valorizando – e o real, se enfraquecendo.
Fatores externos são apontados como principal pivô da alta do dólar. O movimento se intensificou após a última decisão do Banco Central dos Estados Unidos. No último dia 20 de setembro, o Federal Reserve deu mais uma pausa no ciclo de aperto monetário, mantendo os juros do país no maior patamar em quase 23 anos.
O problema é que, junto com a decisão, o Fed endureceu seu discurso de combate à inflação americana, ainda muito distante da meta. Enquanto isso, a atividade econômica do país se mostra aquecida, mesmo com o ciclo de aperto monetário.
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“Isso colabora com a ideia de que o Fed não chegou a uma taxa terminal, vai precisar subir mais os juros e as taxas vão continuar elevadas por mais tempo”, afirma Felipe Izac, sócio da Nexgen Capital. “Isso fortalece a moeda americana frente a outras divisas mundo afora”.
Emergentes menos atraentes
Haryne Campos, especialista em câmbio na WIT Exchange, explica que os juros mais altos em grandes economias deixam os ativos brasileiros menos atrativos aos investidores externos. Uma das consequências desse movimento é a desvalorização do real, com a retirada de capital do país.
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“Neste momento, os indicadores são de que o dólar se mantenha em um patamar mais elevado, uma vez que dificilmente o Fed deve afrouxar a política monetária e reduzir as taxas de juros”, afirma.
Os próximos dados econômicos dos Estados Unidos serão cruciais, com atenção para novos indicadores já nesta semana.
Na sexta, o Departamento de Trabalho americano vai divulgar o aguardado payroll. O mercado de trabalho vem sendo acompanhado com lupa pelo Fed e apontado pela autoridade monetária como um dos principais geradores de inflação no país.
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80% da alta do dólar é motivo externo, mas Fiscal também pesa
“Nosso principal temor é a força da economia americana e o dado do Produto Interno Bruto [PIB] do terceiro trimestre, que vai ser divulgado em 26 de outubro e poderá surpreender o mercado”, afirma José Faria Junior, sócio e analista da Wagner Investimentos. O Federal Reserve de Atlanta estima que o PIB do período fique entre 5% e 6%.
Segundo Faria Junior, “80% da alta do câmbio é motivo externo”. Mas o cenário doméstico também passa por condições que contribuem com o fortalecimento da moeda americana.
“Espera-se que, com a aproximação do final do ano, as importações feitas pelo Brasil voltem a ter maior aquecimento e que a demanda por moeda estrangeira aumente, gerando um fluxo diferente do que observamos no primeiro semestre”, explica Diego Costa, head de câmbio para Norte e Nordeste da B&T Câmbio.
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Ele diz que um novo recuo que leve o dólar abaixo dos R$ 5 depende de mudanças nas expectativas em relação ao cenário externo, o que também incluiu uma crise imobiliária na China e a ausência de um apoio concreto do governo de Xi Jinping para a estimular a economia.
“Dado que a China é nosso principal cliente, notícias ruins por lá também afetam nossa economia”, explica.
“Outro fator importante é ter uma ancoragem do governo brasileiro para que contas públicas não estejam estouradas e haja um planejamento crível para que elas se alinhem”, complementa Izac, da Nexgen Capital.