Produção de grãos deverá alcançar segunda melhor marca da história na safra 2023/24

Segundo a Conab, volume total alcançar 317,5 milhões de toneladas, 1,5% abaixo do recorde de 2022/23

Fernando Lopes

Plantação de soja em Mato Grosso (Paulo Fridman/Corbis via Getty Images)
Plantação de soja em Mato Grosso (Paulo Fridman/Corbis via Getty Images)

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A produção brasileira de grãos deverá alcançar 317,5 milhões de toneladas nesta safra 2023/24, 1,5% menos que o volume recorde colhido no ciclo 2022/23 (322,5 milhões de toneladas), segundo as primeiras estimativas divulgadas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) a partir de pesquisa de campo. Se confirmado, será o segundo melhor resultado da história.

De acordo com a estatal, a área plantada total deverá aumentar 0,3% na comparação, para 78,5 milhões de hectares, e a produtividade tende a cair 1,9%, para 4.029 quilos por hectares. Mas ainda há muitas indefinições, sobretudo em relação a áreas e rendimento das culturas de segunda safra, que só serão semeadas a partir de janeiro.

Carro-chefe do agronegócio no país, a soja deverá continuar a avançar. Para a oleaginosa, que já está sendo plantada, a Conab projeta crescimentos de 2,5% da área, para 45,2 milhões de hectares, de 2,2% da produtividade, para 3.586 quilos por hectare, e de 4,8% da produção, que deverá atingir o recorde de 162 milhões de toneladas.

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Para o milho semeado no verão, a estatal calcula queda de área na primeira safra (6,7%, para 4,1 milhões de hectares), aumento de produtividade (2,4%, para 6.310 quilos por hectare) e, como resultado, redução da colheita (4,4%, para 26,2 milhões de toneladas). Essa queda já era esperada. Reflete os preços baixos do cereal, que estimulou muitos agricultores a migrarem para a soja.

Para a segunda safra de milho, a chamada “safrinha”, a Conab por enquanto prevê retração de 4,5% na área plantada, para 16,4 milhões de hectares, recuo de 6,5% na produtividade, para 5.561 quilos por hectare, e queda de 10,7% no volume a ser colhido, para 91,2 milhões de toneladas.

Há, ainda, uma terceira safra em algumas regiões do país. Somadas as três safras, a produção total de milho esperada poderá chegar a 119,4 milhões de toneladas nesta temporada 2023/24, ante o recorde de 131,9 milhões de toneladas em 2022/23.

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Para as demais culturas mais relevantes, a Conab estima crescimento da produção de arroz (7,7%, para 10,8 milhões de toneladas), leve avanço na colheita total de feijão (0,8%, para 3,1 milhões de toneladas), e baixa para o algodão (5,3%, para 4,3 milhões de toneladas).

Segundo os dados da Conab, Mato Grosso continuará na liderança da produção brasileira de grãos, com folga. No Estado, a colheita total deverá cair 7,3%, mas ainda chegar a 93,6 milhões de toneladas. Em seguida aparecem Paraná, com 44 milhões de toneladas (queda de 5,4%) e Rio Grande do Sul, com 40,9 milhões de toneladas (aumento de 38,3%).

Entre os Estados do Matopiba, há previsão de aumento da produção apenas em Tocantins (0,7%, para 7,7 milhões de toneladas). Por causa do clima menos favorável, a tendência é de quedas no Maranhão (4,4%, para 7 milhões de toneladas), no Piauí (4,6%, para 6,5 milhões de toneladas) e na Bahia (6,3%, para 12,6 milhões de toneladas).

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A estatal destaca que o início da semeadura da safra 2023/24 ocorre sob influência do fenômeno El Niño, que costuma reduzir o volume de chuvas nas regiões Norte e Nordeste do Brasil e provocar precipitações acima do normal no Sul. Para os próximos três meses, a Conab espera essa influência nos polos agrícolas.

Fernando Lopes

Cobriu o setor de energia e foi editor do semanário Gazeta Mercantil Latino-Americana até 2000. Foi editor de Agro no Valor Econômico até fevereiro de 2023.