Olimpíada de Paris: quer ‘respirar’ esporte na Cidade-Luz em 2024? Veja como e quanto desembolsar

Guia mostra preços encontrados para estadia, aéreo, alimentação, transporte e ingressos do evento esportivo

Maria Luiza Dourado

(Organização dos Jogos de Paris 2024/Divulgação)
(Organização dos Jogos de Paris 2024/Divulgação)

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Quem ama esportes e viagens, a edição 2024 dos Jogos Olímpicos de Paris pode ser a oportunidade de unir os dois gostos.

Apesar da abertura dos jogos estar marcada para 26 de julho do ano que vem, as primeiras disputas ocorrerão dois dias antes com o término em 11 de agosto. Serão, ao todo, 19 dias de competição, com 329 eventos e 729 sessões em 32 esportes.

O modelo escolhido para abertura das Olimpíadas de Paris será inédito em toda a história dos Jogos Olímpicos: a cerimônia será realizada fora de estádios ou arenas ao longo dos 6 quilômetros do Rio Sena, que corta a capital francesa.

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Pensando sempre na ideia de planejamento financeiro, realizado com antecedência, a reportagem do InfoMoney buscou empresas de turismo e especialistas para montar um guia de custos para quem deseja garantir presença nas Olimpíadas de 2024 na charmosa capital francesa, popularmente conhecida como “cidade-luz”.

Para poupar o seu tempo, o primeiro passo é a gestão do dinheiro. Segundo estimativas baseadas nos menores preços e projeções encontradas pela reportagem, para uma viagem sem luxo, de sete noites e oito dias, seriam necessários pelo menos R$ 10.708,00 por pessoa. Nessa valor estão considerados:

Em qual período devo permanecer?

Tendo em mente o valor mínimo e entendendo que ele funciona para você, a hora é de selecionar a data da viagem. Para isso, o InfoMoney separou cinco intervalos de permanência em Paris, seguindo as datas das disputadas da Olimpíada, como descrito abaixo:

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23 até 30 de julho de 2024 (7 noites)

Quem escolher este intervalo de sete noites poderá comparecer à abertura dos Jogos Olímpicos no Rio Sena. Inclusive, quem estiver nos setores superiores não precisará de ingressos, ou seja, poderá assistir à abertura das Olimpíadas de graça.

Se ainda quiser comprar ingressos para os Jogos, poderá comparecer às primeiras disputas de futebol e rugby antes da abertura, no dia 24 ou então ver as primeiras medalhas, no dia 27.

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26 de julho até 5 de agosto de 2024 (10 noites)

O turista que escolher esse intervalo de dez noites poderá assistir às primeiras decisões da natação, no dia 27, e do atletismo, no dia 2 de agosto.

Nos dias 3 e 4 acontecerão 15 finais e entrega de medalhas em modalidades como remo, natação, badminton, tênis, tênis de mesa, esgrima, atletismo, tiro, corrida, golfe, equitação e ginástica artística.

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5 até 12 de agosto de 2024 (8 noites)

Esse intervalo de 8 noites marcará a estreia do breaking, um estilo de dança criado nos EUA nos anos 1970, como modalidade olímpica, com disputas nos dias 9 e 10, respectivamente. Além disso, de 8 a 11 de agosto acontecerão as finais femininas e masculinas dos esportes coletivos, como handbol, futebol, vôlei de praia, vôlei, basquete, polo aquático e hóquei sobre a grama.

2 até 12 de agosto (11 noites)

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Pensando no turista que não quer perder quase nada dos jogos, o intervalo de 2 a 12 de agosto pode ser uma boa opção. Apesar de perder a abertura e as primeiras disputas, como as primeiras medalhas da natação, será possível assistir às primeiras decisões do atletismo no State de France, que iniciarão às 19h do horário local no dia 2 de agosto — para isso, é necessário chegar até o fim da manhã em Paris.

24 de julho até 11 de agosto (18 noites) 

Para quem quiser viver a experiência completa dos Jogos Olímpicos, da abertura ao encerramento, serão necessários ao menos 18 noites em Paris, já que o encerramento está marcado para a noite de 11 de agosto.

Preços de passagens

Para chegar a Paris você poderá desembarcar no Aeroporto Charles de Gaulle (CDG), o principal da cidade luz e localizado a quase 25 quilômetros de distância do centro. Já o Aeroporto Orly, mais ao sul de Paris, é menor e fica mais próximo da Disney francesa e da região central, a cerca de 17 quilômetros do centro.

No Decolar, em busca feita na primeira semana de dezembro, os preços das passagens de São Paulo a Paris, incluindo ida e volta, giravam entre R$ 5.500 a R$ 6.700 para intervalos durante as Olimpíadas.

Algumas variáveis podem encarecer ou baratear o deslocamento, como o despacho de bagagem, que aumentava o preço dos bilhetes em R$ 800, ou escalas em outros países, característica das passagens mais baratas, abaixo de R$ 6.000.

Os valores são parecidos com os encontrados na plataforma Viajala, na faixa dos R$ 5.000, em pesquisa realizada no início de deste mês — sem direito a bagagem despachada.

Segundo Josian Chevallier, VP de vendas e cofundador do buscador de voos Viajala, a compra de passagem internacional deve ser feita de 3 a 4 meses antes da data do voo. “Mas é importante monitorar os preços desde agora, enquanto existe tempo suficiente de acompanhar possíveis promoções e quedas de preço, para aproveitar a melhor oportunidade quando ela aparecer.”

Hospedagem

A já cara hospedagem em Paris ficará ainda mais salgada devido à alta temporada (verão europeu) e as demandas das Olimpíadas. Segundo a agência de notícias Reuters, um relatório do gabinete de turismo da capital francesa mostrou que o preço dos hotéis pode subir 314% entre o verão de 2023 e o de 2024.

O órgão prevê aumento de 366% e 475% nos preços das diárias de hotéis duas estrelas e três estrelas, respectivamente. Segundo cálculo da entidade, uma diária de 169 euros (R$ 899) em julho de 2023 deve subir para 699 euros (R$ 3.718) no mesmo período de 2024.

De acordo com o órgão de turismo, uma diária na região de Paris custava 169 euros (R$ 906,09) em julho de 2023, mas deve subir para 699 euros (R$ 3.747,69) no mesmo período do ano que vem.

Outro estudo feito pelo jornal francês Le Parisien, em agosto, mostrou que o preços das diárias de 12 hotéis escolhidos aleatoriamente pelo veículo estavam 6,6 vezes mais caras – entre os estabelecimentos houve um em que a diária passou de 90 euros (R$ 482,56)  para 1.363 euros (R$ 7,3 mil).

E o turista que deseja já fechar o hotel ainda encontra o obstáculo da indisponibilidade. Segundo o gabinete de Paris, 66% dos hotéis ainda não disponibilizaram reservas para o período das Olimpíadas.

Por isso, escolher um bairro distante dos principais pontos turísticos, como Torre Eiffel, Museu do Louvre, Praça da Concórdia e Champs-Élysées, é definitivamente uma boa estratégia para economizar – e aqui vale a maior antecedência possível.

“É possível encontrar opções muito boas de hospedagens em Paris, aproveitando a localização e os fáceis meios de transporte da cidade, que é dividida em 20 ‘arrondissements’ municipais. Uma das localizações mais em conta de Paris é a MontMartre”, explica Gabriela Packness, consultora de viagens da agência Turismo Europeu.

Outro lugar mais em conta para hospedagens é Saint-Denis, uma comuna na região metropolitana de Paris. Contudo, o Stade de France, que receberá competições nos Jogos Olímpicos fica na região, podendo encarecer os valores.

A pedido do InfoMoney, a Turismo Europeu reuniu as opções de estadia mais baratas da sua lista de parceiros em Paris para períodos nas Olimpíadas (todas sem café da manhã). Confira alguns exemplos:

Check-in 23 de julho – Check-out 30 de julho

Hotel Wattignies
Endereço: 6 Rue de Wattignies, 75012
Preço: R$1.750,00 por pessoa

Check-in 26 de julho – Check-out 5 de agosto

Apartamento para alugar (quarto duplo)
Endereço: 3 Rue Lefebvre, 75015
Preço: R$1.900 por pessoa

Check-in 8 de agosto – Check-out 12 de agosto

Hôtel des Métallos
Endereço: 50 Rue De La Folie Méricourt, 11º arr., 75011
Preço: R$4.100,00 por pessoa

Check-in 2 de agosto – Check-out 12 de agosto

Hôtel Coypel by Magna Arbor
Endereço: 142 boulevard de l’hôpital, 13º arr., 75013
Preço: R$8.500,00 por pessoa

Check-in 24 de julho – Check-out 12 de agosto

Opção mais em conta: Hotel Wattignies
Endereço: 6 Rue de Wattignies, 75012
Preço: R$5.200 por pessoa (apartamento duplo)

Opção com melhor avaliação: Residhome Paris Gare de Lyon – Jacqueline de Romilly
Endereço: 47 Rue Jorge Semprun, 12º arr., 75012
Preço: R$15.694,50 por pessoa

Pacotes

Pacotes de viagens também podem ser uma solução para economizar, uma vez que, tradicionalmente, trazem preços mais competitivos. No Decolar foi possível encontrar, em meados de dezembro de 2023, os seguintes preços de pacotes com aéreo (ida e volta), sem bagagem despachada, mais estadia sem café da manhã em hotel (hostel, albergues e apartamentos não estão incluídos).

Veja as opções abaixo:

23 até 30 de julho de 2024 (8 noites)

Opção mais barata: City Residence Chelles
Endereço: 55-59 avenue Francois Mitterrand.
Preço: R$ 8.285

26 de julho até 5 de agosto de 2024 (11 noites)

Opção mais barata: Séjours & Affaires Grande Arche – COURBEVOIE
Endereço: 11 allee des Tilleuls
Preço: R$ 11.820

5 até 12 de agosto de 2024 (8 noites)

Opção mais barata: City Residence Chelles
Endereço: 55-59 avenue Francois Mitterrand.
Preço: R$ 7.505

2 até 12 de agosto (11 noites)

Opção mais barata: Séjours & Affaires Grande Arche – COURBEVOIE
Endereço: 11 allee des Tilleuls
Preço: R$ 11.382

24 de julho até 12 de agosto (19 noites) 

Opção mais barata: Séjours & Affaires Grande Arche – COURBEVOIE
Endereço: 1, rue Eugenie Eboue
Preço: R$ 18.774

Segunda opção mais barata: Residhome Asnières
Endereço: 11 allee des Tilleuls
Preço: R$ 19.438

Ingressos para os jogos

No site oficial de vendas, o turista pode comprar os ingressos para os jogos Olímpicos. Os bilhetes mais baratos de algumas modalidades esportivas já estão esgotados e, por isso, vale pesquisar e muito para encontrá-los.

Existem também pacotes, para quem quiser ver mais de uma partida do mesmo esporte e no mesmo local. Esse tipo de ingresso é mais caro (perto ou acima de 100 euros), mas há exceções, como no polo aquático: duas partidas seguidas saem a 50 euros.

Para facilitar a navegabilidade e a visualização de ingressos, utilize os filtros disponíveis, sobretudo de data (sua permanência em Paris), modalidades preferidas e os locais que você deseja visitar.

E para quem busca ver a abertura mais de perto, vai ser necessário desembolsar um alto valor: os ingressos mais baratos das áreas pagas, às margens do Rio Sena, já esgotaram. Restaram agora ingressos nas categorias A, a 2.700 euros (R$ 14,5 mil), e B, a 1.600 euros (R$ 8,6 mil, e ingressos na categoria D, que custam 500 euros (R$ 2,7 mil), para cadeirantes. Vale relembrar: será possível ver a abertura gratuitamente, na parte superior que circundam as margens do Rio Sena.

Considerando uma viagem com 4 ingressos do tipo mais barato, seria necessário desembolsar quase R$ 400 reais. Da mesma forma, se você tem R$ 1.000 disponíveis para ingressos, seria possível comprar 7 ingressos do tipo mais barato.

Gastos com alimentação

Antes de pensar em alimentação, o turista deve se preocupar com a hidratação. E em Paris, não há necessidade de pagar por água. O Google Maps disponibiliza o endereço de todas as fontes de água na cidade, onde o visitante pode reabastecer sua garrafinha. A empresa estatal responsável pelo setor da cidade, a Eau de Paris, também disponibiliza em seu site um mapa com fontes e estabelecimentos que fornecem água gratuita.

Já sobre alimentação, as notícias não são tão boas para quem não tem tanto dinheiro disponível. O parisiense Josian Chevallier, VP de vendas e cofundador do buscador de voos Viajala, ensina:” quem busca economizar, a dica é andar. Procure estabelecimentos distantes de pontos turísticos ou de vias famosas”.

Além dos restaurantes premiados, o parisiense conta que a cidade-luz tem muitas opções de comidas de rua baratas, como o crepe francês, falafel e baguetes recheadas.

Para não passar apuros, Chevallier indica ter ao menos 20 euros por refeição, totalizando 60 euros – apesar de haver opções de alimentação na rua a partir de 5 euros. “Você pode apostar em refeições mais simples e aproveitar um restaurante mais badalado, se possível”, completa.

Gastos com mobilidade

Carros de aplicativo e táxis tem elevado custo em Paris e definitivamente não são a melhor opção para quem quer economizar, sobretudo se você terá que converter valores do real para o euro. Segundo o parisiente Josian Chevallier, o melhor é utilizar o transporte público. “O metrô é muito abrangente em Paris e existe as linhas de ônibus para complementar”, explica.

A empresa pública responsável pela operação do transporte em Paris é a RAPT. Em seu site, ela informa que os mesmos bilhetes servem para metrô, ônibus e o trem expresso, chamado de RER.

Ainda assim, o turista terá que – mais uma vez – preparar o bolso, já que o transporte público ficará muito mais caro na cidade durante as Olimpíadas. Segundo informou a rádio francesa RFI, o preço dos bilhetes do metrô praticamente dobrarão durante o período das Olimpíadas.

O bilhete unitário passará a custar 4 euros (antes 2,10 euros), o que equivaleria hoje a R$ 21,26, enquanto o pacote de 10 passes passará para 32 euros (antes 16,90 euros) ou R$ 164,78 na cotação de atual.

Trabalhando com um cenário de 20 bilhetes e algum excedente, seriam necessários R$ 35o para a locomoção.

Cidade em obras, percevejos e mais

Além da necessidade de muita grana, o turista brasileiro terá outros obstáculos para enfrentar em Paris. O primeiro deles são as obras pela cidade. A empresa responsável por elas afirma que o andamento está dentro do prazo.” Sobre outras obras, no resto da cidade, de vias públicas, a comunidade parisiente entende que não ficarão prontas até o início dos Jogos Olímpicos”, afirma Josian Chevallier.

Outra situação, mais curiosa e menos rotineira, é a infestação de percevejos. Segundo pesquisa do governo francês, 11% dos lares já foram infestados entre 2017 e 2022.

No segundo semestre de 2023, os relatos dos habitantes da cidade sobre a proliferação dos insetos dispararam e acenderam a preocupação de que a infestação não seja contida ou até retorne durante os Jogos Olímpicos, já que os percevejos tradicionalmente se reproduzem no verão europeu (entre junho e agosto).

A infestação dos animais se tornou preocupação para autoridades da capital francesa e até para o governo de Emmanuel Macron, presidente francês, com direito à convocação de reunião ministerial.

Maria Luiza Dourado

Repórter de Finanças do InfoMoney. É formada pela Cásper Líbero e possui especialização em Economia pela Fipe - Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas.