Halloween: as travessuras do mercado no Dia das Bruxas

A política monetária global começa a semana com susto vindo do Japão. No Brasil, olho na política fiscal e monetária, com falas de Haddad e novos diretores para o BC. Na China, Country Garden entra em default

Alexandre Aagesen

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Halloween. Medo e terror. Crianças se fantasiam das coisas mais assustadoras: vampiros, bruxas e treasuries de 10 anos. Um dia auspicioso para a decisão do BoJ e primeiro dia do Fomc e Copom. O caldeirão da bruxa esfria enquanto o veneno desce. BoJ já começou o dia mantendo o juro curto parado, mas soltando a curva de juros. E, uma vez que a bruxa está solta, ela pula (e pulou bem!). Mesmo assim, os juros de 10 anos no Japão não passaram de 1%. Outros países também operam os seus 10 year yield abaixo dos EUA e valem mais atenção e surpresa do que o Japão. Para citar alguns: Vietnã, Itália, Grécia, Malásia… wicked!

Mas, no Brasil, é Dia do Saci, e com esse nem tem opção, como de fato sabemos bem. No Brasil (e com o Saci) é só travessura. Esqueçam as guloseimas. Nada de gostosuras ou travessuras. Teremos “gastasuras e tributuras”. E, mesmo assim, vamos fechar 2024 com déficit fiscal. Pelo menos essa é a previsão do próprio Executivo. Quem esperava panos quentes depois da reunião ministerial descobriu que o doce que estava na sacola era um chocolate Charge (sério Nestlé, quem gosta daquilo?). Fim do mundo e ataque zumbi ou mercado exagerando? A única novidade aqui foi que o Lula concordou com o Focus. Os economistas e todo o mercado já falavam desde o ano passado que haveria déficit. Faz parte: gogó do presidente faz preço (assustador seria se não fizesse). Finalmente temos estresse no mercado por motivos brasileiros. Não que seja uma boa notícia, mas, pelo menos, é uma novidade.

E dia 31 de outubro também é aniversário de morte do grande ilusionista e escapista Harry Houdini, nome artístico de Ehrich Weisz. Um outro cara muito famoso (no mercado) e com nome difícil é o Paulo Picchetti, ex-professor de uma porrada de gente ao redor da Faria Lima e, agora, indicado ao cargo de diretor do Banco Central. Junto com ele vem Rodrigo Teixeira, servidor de carreira no Bacen. Dois bons nomes (com Houdini, três). Desejo-lhes sorte – para o bem de todos nós. Quem está sem sorte é o debtholder da Country Garden. Depois de alguns sustos, ontem a gigante chinesa entrou oficialmente em default. Ainda bem que eles são pequenos, e têm “apenas” US$ 193 bilhões (com B de “Buu!” e de “Bruxa”) em dívidas no mercado. Acho que nem Houdini escaparia dessa.

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Alexandre Aagesen

Com mais de 15 anos de mercado financeiro, é CFA Charterholder, autor do livro "Formação para Bancários", host do podcast "Mercado Aberto" e Investor na XP Investimentos