Powell alerta que se crescimento dos EUA persistir acima do potencial, pode ser necessário subir os juros

Presidente do Federal Reserve citou dado preliminar que apontou alta de 4,9% no PIB do terceiro trimestre

Roberto de Lira

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O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), Jerome Powell, disse nesta quarta-feira (1) que a autoridade monetária está atenta aos dados recentes que mostram a resiliência do crescimento econômico do país e da procura de mão-de-obra. Segundo ele, a evidência de um crescimento persistentemente acima do potencial, ou de a tensão no mercado de trabalho não estar diminuindo “poderá colocar em risco novos progressos na inflação e justificar um maior aperto da política monetária”.

Eles destacou que os indicadores recentes sugerem que a atividade econômica tem se expandido a um nível forte, bem acima das expectativas anteriores. “No terceiro trimestre, o PIB real deverá aumentar e ultrapassar a taxa anual em 4,9%, impulsionado pelos gastos do consumidor”, lembrou.

Powell também afirmou que as condições financeiras tornaram-se significativamente mais restritivas nos últimos meses, impulsionadas por rendimentos mais elevado dos títulos de prazo mais longo, entre outros fatores. “Dado que as alterações persistentes nas condições financeiras podem ter implicações na trajetória da política monetária, monitorizamos de perto a evolução financeira”.

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Ele evitou apontar que a alta recente da curva longa possa auxiliar na política monetária. Segundo ele, os custos dos empréstimos precisariam ser mais elevados de forma sustentável para que isso influenciasse as futuras escolhas de política monetária do Fed. “Condições financeiras mais restritivas poderão afetar as ações do Fed se forem persistentes e resta saber se esse será o caso”, afirmou.

Mas ele reconheceu que os rendimentos mais elevados dos títulos do Tesouro estão aparecendo nos custos de empréstimos na economia real.

Ainda segundo o presidente do Fed, à luz das incertezas e dos riscos, e do quão longe o Fomc já chegou, a ideia é proceder com cautela. “Continuaremos a tomar as nossas decisões reunião a reunião, com base na totalidade dos dados recebidos e nas implicações para as perspectivas, a atividade económica e a inflação, bem como o equilíbrio dos riscos.

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Powell evitou sinalizar para qual direção deve apontar a decisão do Fomc na reunião de dezembro. Em entrevista a jornalistas após o anúncio de mais uma manutenção da taxa de juros nos EUA, ele disse que nenhum decisão sobre reuniões futuras está tomada. “A maneira como iremos abordar essas reuniões futuras e determinar a extensão do aperto adicional da política que pode ser apropriado para retornar a inflação para 2%´”, disse.

Ele afirmou que a ideia de que seria difícil subir as taxas e depois para apor uma ou duas reuniões não é correta. Segundo ele, o Comitê sempre fará o que acha que ser necessário para cumprir o mandato.

Ele também comentou na coletiva que o Fomc não está pensando em cortes nas taxas neste momento. “Não estamos falando de cortes nas taxas. Ainda estamos muito concentrados na primeira questão, ou seja, conseguimos uma postura de política monetária que seja suficientemente restritiva para reduzir a inflação ao longo do tempo de forma sustentável?”

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A próxima pergunta, segundo ele, é por quanto tempo será necessário permanecer com a política restritiva. “Manteremos uma política restritiva até estarmos confiantes de que a inflação está num caminho sustentável até 2%. Essa será a próxima pergunta. Mas, honestamente, neste momento, estamos fortemente focados na primeira questão. A questão dos cortes nas taxas não surge, porque é muito importante fazer com que a primeira questão seja o mais correta possível.”