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Os juros futuros fecharam a sessão em alta, dando sequência ao movimento de realização de lucros iniciado ontem. Fatores internos pesaram na primeira parte dos negócios e à tarde a piora do ambiente externo ampliou o fôlego de avanço das taxas. Os rendimentos dos Treasuries de longo prazo se firmaram em alta, assim como o dólar se fortaleceu, com a mensagem da ata do Federal Reserve e um leilão de títulos pelo Tesouro americano com demanda abaixo da média.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 fechou em 10,575%, de 10,475% ontem, e o DI para janeiro de 2026 avançou a 10,33%, de 10,19% ontem. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 10,45% (de 10,31% ontem) e a do DI para janeiro de 2029 subiu de 10,71% para 10,84%.
Até o meio da tarde, o noticiário local era fator determinante a conduzir a curva. Mais Estados decidiram elevar a alíquota modal do ICMS para garantir maior receita na distribuição do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), o que pressionou não somente o DI mas também as taxas de inflação implícita das NTN-B no mercado secundário.
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“Isso traz mais incerteza para o quadro inflacionário”, explica o economista-chefe do Banco Bmg, Flávio Serrano. “Enquanto a decisão se restringia a Estados do Nordeste, o impacto não era tão grande, mas agora vemos outros, mais parrudos, em processo de adesão”, explica.
Após o Rio Grande do Sul ter proposto aumentar a alíquota de 17% para 19,5%, outros cinco Estados das regiões Sul e Sudeste seguiram o mesmo caminho, conforme carta assinada pelos secretários da Fazenda de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais e Paraná, além do próprio Rio Grande do Sul. O texto indica ainda que os Estados do Centro-Oeste devem seguir pelo mesmo caminho.
A partir do meio da tarde, as taxas locais renovaram máximas alinhadas ao fortalecimento do dólar e à consolidação dos rendimentos dos Treasuries longos em alta. O impulso veio inicialmente do leilão de US$ 15 bilhões em títulos atrelados à inflação (Tips) de 10 anos realizado pelo Tesouro dos Estados Unidos, que teve demanda abaixo da média, e depois da leitura da ata do Fed, cujo tom foi considerado levemente hawkish.
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No documento, os dirigentes reforçaram a necessidade de manter a política restritiva por algum tempo e que é necessário haver mais provas de que a inflação esteja caindo a 2%, sugerindo que um alívio ainda deve demorar.
Para o economista-chefe da Traad, Leonardo Cappa, a ata deixa claro que um ciclo de corte de juros não está no horizonte de curto prazo da instituição e a precificação da curva, que mostra 59% de chances de queda em maio, é otimista. “A barra para reduzir juros no primeiro trimestre é alta. Para o Fed indicar quando vai começar a cortar, é necessário que os núcleos de inflação estejam abaixo de 3%”, avalia. O núcleo do índice de preços ao consumidor (CPI, em inglês), em 12 meses, em outubro ficou em 4%.
Para ele, a curva local tem espaço para uma correção, considerando o expressivo alívio nos prêmios visto na semana passada, que levou o mercado a precificar Selic terminal abaixo de 10,00%. “Depois desse rali, o mercado cansou um pouco”, comentou.
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Os eventos em Brasília foram monitorados, em especial a reunião do presidente Lula com o presidente da Petrobras (PETR4), Jean Paul Prates, em meio a ruídos de pressão para sua saída. No fim da tarde, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o propósito do encontro foi tratar do cronograma de investimentos.
Já a votação do projeto de lei de taxação das offshores e dos fundos exclusivos foi adiada para amanhã na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), após concessão de pedido de vista.