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O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse nesta quinta-feira, 23, que o cenário externo tem sido preponderante na explicação das variáveis econômicas domésticas e globais.
“Acabo de vir de um ciclo extenso e intenso de reuniões com bancos centrais e investidores. A comunicação oficial do BC tem destacado as incertezas sobre o cenário global. Nas conversas com investidores, a minha conclusão é que se você não tem uma explicação vencedora e definitiva, é sinal de que você está bem informado”, comentou, em participação no do webinário “Política Monetária no Brasil e no Mundo”, promovido pela Associação de Bancos do Estado do Rio de Janeiro (Aberj).
Galípolo afirmou que havia uma percepção de que o relaxamento por parte do Japão do controle de sua taxa longa de juros teria impacto também nos prêmios dos títulos norte-americanos, com menos demanda por parte dos japoneses. “Na verdade, o movimento é muito mais forte nos Estados Unidos, do que efetivamente o que está ocorrendo no Japão”, explicou.
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O diretor citou as assimetrias na precificação de papéis de diferentes países europeus, e destacou o medo dos investidores por um reflexo do que ocorre no EUA. “A influência da abertura das taxas dos títulos americanos nos títulos europeus teria crescido muito nesse último movimento”, completou.
Galípolo repetiu que uma das explicações para a alta de juros internacionais é o aumento do endividamento dos países desenvolvidos após a pandemia de covid-19. “As taxas pagas pelas economias emergentes são as taxas dos avançados, mais um prêmio. Do ponto de vista adicional que é imposto a esses países para o carregamento de suas dívidas, isso é colocado na mesma proporção ou ainda mais para os emergentes”, concluiu.
Dólar ante outras moedas
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O diretor de Política Monetária do Banco Centra disse ainda que, apesar da piora dos indicadores fiscais dos Estados Unidos, não há um enfraquecimento do dólar em relação a outras moedas. “O dólar se valorizou em relação a países com crescimento de dívida inferior aos EUA, como vários emergentes. O que o esse impacto fiscal proporciona é uma necessidade maior de financiamento por parte dos EUA, que hoje precisam rolar cerca de US$ 200 bilhões por mês. Isso aumenta significativamente a oferta de títulos americanos”, afirmou.
Galípolo destacou divulgações recentes sobre a atividade mais fraca em diversos países, o que levou a um cenário de redução nas expectativas de aumento de taxas no longo prazo, sinalizando inclusive alguns cortes de juros em 2024.
“Se formos explicar elevação dos juros pelo fiscal, como explicar arrefecimento agora das expectativas pelo enfraquecimento da atividade econômica e do mercado de trabalho?”, questionou o diretor do BC.
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Resiliência da atividade e do mercado de trabalho
Gabriel Galípolo disse também que a resiliência da atividade e do mercado de trabalho em diversos países é algo não usual em meio a taxas de juros ainda contracionistas na maior parte do mundo. Ele citou a divulgação de dados em diversas economias na última semana apontando na mesma direção.
“Temos incertezas e dúvidas sobre os números da atividade e do mercado de trabalho, com disparidades grandes em relação às expectativas. A correlação entre os resultados também tem se dado de maneira não usual, com aumento da atividade e queda na inflação”, avaliou o diretor do BC. “E cada país tem a sua própria explicação para esse fenômeno. No Canadá e na Austrália citam questões demográficas, os europeus falam em um aumento estrutural do preço de energia, há bancos centrais que apontam o aumento do custo de hipotecas”, citou.
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Para Galípolo, umas das explicações do caso brasileiro é a contribuição da agropecuária para a atividade no começo do ano, além de possivelmente ter havido um aumento do PIB potencial brasileiro devido a reformas aprovadas nos últimos anos. “Quando vou escutando cada uma dessas singularidades, me soa que existe algo mais global que ainda não conseguimos agarrar de forma mais clara como gostaríamos”, admitiu.