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Com início de operação previsto para fevereiro, a Norcoast será a primeira entrante no mercado de cabotagem – transporte marítimo entre portos do mesmo país – em pelo menos 15 anos. Para fazer frente em um segmento com poucos players, a empresa está realizando um aporte inicial que deve passar dos R$ 900 milhões, embora a companhia não divulgue todo o seu capex.
“Estamos trazendo quatro navios que, cada um deles, custa US$ 45 milhões [cerca de R$ 225 milhões]”, diz Gustavo Paschoa, CEO da companhia, ao IM Business. “Isso demonstra a confiança que temos no projeto e na perspectiva para o país”, acrescenta. O executivo explica que o investimento só foi possível com o fim das barreiras de entrada a partir da sanção, em janeiro de 2022, do projeto que ficou conhecido como “BR do Mar”, que busca incentivar o transporte marítimo no país.
Com a publicação da lei, o projeto da Norcoast, iniciado em 2020, ganhou tração. O principal entrave, no caso da empresa, tinha a ver com a restrição para a importação de navios de outras bandeiras – as empresas tinham que apresentar um lastro nacional. Agora, há uma liberação gradual para a chegada de embarcações de outros países até uma liberação total em 2026. “Essa flexibilização ajudou as empresas novas, como a nossa, a trazer embarcações e conseguir disputar esse mercado”, reforça Paschoa.
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Com a compra de quatro navios de 3.500 TEUs (medida essa que equivale a contêineres de 20 pés), a empresa trabalha neste fim de ano para regularizar as embarcações e iniciar suas operações a partir de fevereiro, mas os primeiros contratos já estão sendo fechados. A expectativa é que, ao final do segundo ano de operação, o faturamento da Norcoast seja de R$ 1 bilhão.
Para conquistar essa receita, a empresa vende um serviço de “ponta a ponta”, o que significa utilizar caminhões para retirar o produto no destino, levar aos navios, e entregar no destino também pelo modal rodoviário.
Outra aposta está no potencial de crescimento da cabotagem. Estimativas de mercado indicam que o segmento poderá ter demanda de 2 milhões de TEUs nos próximos anos, ante os atuais 1,2 TEUs. “Não queremos ganhar apenas market share, existe espaço para o mercado endereçável crescer”, argumenta o executivo.
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A Norcoast irá trabalhar com rotas semanais que vão passar pelos portos de Manaus (AM), Suape (PE), Santos (SP) e Paranaguá (PR), atendendo setores como o de duas rodas, varejo e proteínas animais. “Mas também queremos buscar outros setores, que ainda não têm a cultura de utilizar a via marítima como transporte”, acrescenta o CEO.
Atualmente, o mercado local conta com três outras empresas, a Aliança, controlada pela Maersk, a Login, da MSC, e a Mercosul Line, da CMA CGM. E, embora a Norcoast seja uma novata, ela também conta com parceiros experientes no segmento, sendo ela uma joint venture entre a alemã Hapag Lloyd, especializada em transporte de contêineres ao redor do mundo, e pela brasileira Norsul, empresa relevante no serviço de cabotagem no Brasil.
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