Sobre o limite de juros do cartão de crédito: canetada não resolve!

A intenção é ótima, afinal: se os juros estão caros, porque não limitar através de uma lei?

Bastava ir um pouco a fundo na economia para ver que esta não é uma boa ideia. Nem precisaria ser muito a fundo, pois George Akerlof ganhou um Prêmio Nobel por isso. Akerlof usa como exemplo o mercado de carros usados.

Em um mercado de carros usados, os compradores desconhecem a verdadeira qualidade dos automóveis. Então, eles valorizam os carros por um preço médio. Os automóveis de boa qualidade serão subvalorizados e os de má qualidade sobrevalorizados.
Dessa maneira, os vendedores de bons carros tenderão a se afastar deste mercado, já que os compradores apenas acreditam que aquilo que compram é de qualidade média, enquanto os vendedores com má mercadoria tenderão a ser atraídos para este mercado.

Previsivelmente este mercado ficará inundado de maus carros.
Isso acontecerá no mercado de crédito. Uma vez que é impossível cobrar juros maiores daqueles que tem um risco de crédito maior, os bancos terão que compensar a taxa de juros para todos os clientes.

Isso afastará aqueles bons pagadores, pois se estariam dispostos a pegar um crédito a 14%, digamos, não estão mais dispostos a pegar crédito a 18%, por exemplo. Com isso, restarão apenas maus pagadores no mercado e a inadimplência ficará maior. O que era para diminuir a taxa de juros vai aumentar ainda mais. Você que sempre pagou as contas em dias não irá mais buscar empréstimo pois agora não vale mais a pena.

Mais uma vez, o desconhecimento ao invés de resolver o problema apenas o aumentou.

Terraço Econômico

Textos interessantes para leitura complementar:

http://terracoeconomico.com.br/concentracao-bancaria-e-seus-danos-nao-reclame-do-spread

http://terracoeconomico.com.br/a-culpa-nao-e-dos-rentistas-e-so-fazer-a-licao-de-casa