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No evento “Russia Calling!”, ocorrido em Moscou no dia 28 de novembro de 2018, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, esclareceu que “o governo russo não tem um objetivo específico de se afastar do dólar”, adicionando que, “em realidade, é o dólar que está se afastando de nós”.
‘We don’t have a goal to shift away from the #dollar, the dollar is moving away from us’ – #Putin pic.twitter.com/iEOFxPWSPD
— Ruptly (@Ruptly) November 28, 2018
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Independentemente da sua opinião em relação ao presidente russo, o fato é que suas preocupações são extremamente válidas. Além disso, ele não é o primeiro líder mundial a expressar tal apreensão, e nem será o último.
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Em agosto, o ministro de relações exteriores da Alemanha, Heiko Maas, escreveu um artigo defendendo a ideia de um “novo sistema de pagamentos internacional, alternativo ao SWIFT”, mais blindado contra a influência norte-americana.
Desde os tempos de Bretton Woods, o “privilégio exorbitante” do dólar – como o general francês Charles De Gaulle costumava definir a ordem monetária então vigente – concedia claras vantagens aos Estados Unidos, o único emissor da moeda de reserva mundial.
À época, a inquietude tinha origem na capacidade de endividamento quase irrestrita do governo americano, visto que as nações soberanas aceitavam o “dólar como se ouro fosse”. Na prática, isso significava financiamento barato e abundante aos EUA.
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Hoje, contudo, depois da derrocada do sistema de Bretton Woods, os receios dos países vão além: o dólar não apenas assegura crédito quase ilimitado ao governo americano como também eleva este à posição de xerife dos sistemas de pagamentos internacionais, monitorando e exercendo controle sobre as transações transfronteiriças.
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E quando a influência americana passa a interferir no livre fluxo de capitais – por meio de sanções a países ou entidades -, as divergências de política externa entre os EUA e a União Europeia, Rússia e China, culminam num problema geopolítico mundial.
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Enquanto permanecer esse estado de coisas, o mundo seguirá na busca de alternativas ao dólar para o status de moeda de reserva mundial e ao SWIFT como sistema internacional de pagamentos. É uma questão de tempo.