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Olá! Seja muito bem-vindo a este novo espaço na InfoMoney: “De olho no dólar”, um blog que explica de forma simples e direta o que ocorre com o dólar. Acredito que muitos de vocês já acompanham a minha opinião em matérias e entrevistas na própria InfoMoney. Agora, temos um canal direto de comunicação e gostaria de receber sugestões, críticas e opiniões.
Há 11 anos, diariamente, acompanho o mercado financeiro global com o objetivo de orientar os clientes da consultoria Wagner Investimentos, que buscam informações sobre diversos ativos: juros nos Estados Unidos e no Brasil; euro; libra esterlina; alumínio; cobre; açúcar; etc. Porém, há uma preocupação em comum: o dólar no Brasil. Assim, nasceu a ideia deste blog: passar um pouco da minha experiência a todos vocês.
A minha ideia de postagem é a seguinte:
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- Segunda-feira: análise do que ocorreu nos dias anteriores, mostrando o que fez a nossa taxa de câmbio variar, e apontar os próximos eventos que poderão interferir na nossa moeda;
- Relatório especial mensal: que tratará de assuntos sobre o câmbio;
- Comentários extras sobre eventos muito importantes, como as reuniões do Fed (Banco Central dos Estados Unidos).
Ou seja, pensando em um mês típico de 4 semanas, teremos garantidos 5 encontros.
O ideal seria a leitura semanal do blog porque assim fica mais fácil de entender e acompanhar o mercado. Mas, se não for possível, o relatório semanal também poderá ser lido de forma separada.
Hoje não é segunda-feira, mas estreamos o nosso blog logo após mais um evento que surpreendeu o mercado: a eleição de Donald Trump. Comentei sobre esta possibilidade no dia 04 de outubro (vejam em: http://homolog.infomoney.com.br/mercados/acoes-e-indices/noticia/5714154/eleicoes-nos-eua-balancos-petrobras-mais-empresas-por-que-semana) devido ao empate técnico das pesquisas e a algumas surpresas políticas que tivemos este ano:
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- 19 de junho: eleição de Virginia Raggi do Movimento 5 Estrelas (do comediante Beppe Grillo) para a prefeitura de Roma;
- 23 de junho: vitória do Brexit no referendo ocorrido no Reino Unido, que culminou com a aprovação da saída dos britânicos da União Europeia;
- 02 de outubro: vitória do “não” na Colômbia no referendo que rejeitou o acordo de paz entre o Governo e as FARC.
Ou seja, a eleição de Trump era improvável, mas não impossível!
E, por que o dólar subiu tanto em tão poucos dias? Porque ocorreu uma conjunção de fatores, externos e internos! De forma resumida e objetiva:
Força externa do dólar: o principal fator é a súbita alta da taxa de juros dos títulos de 10 anos dos Estados Unidos – que é o principal papel de renda fixa do mundo. Estes juros subiram 30 pontos (de 1,85% para 2,15%) na semana passada, logo após a vitória de Trump. A questão é que o mundo estava muito acostumado com juros negativos! Antes de Trump, aproximadamente US$ 12 trilhões de títulos de renda fixa (de governos e de empresas) estavam sendo negociados com taxas de juros negativas! O grande problema é que os títulos do mundo inteiro pagam um determinado prêmio sobre os juros dos títulos dos Estados Unidos. E, voilà! Como os juros dos títulos americanos de 10 anos subiram 30 pontos (0,30%) rapidamente, os juros dos outros países tiveram um processo de ajuste simultâneo e instantâneo. Da Austrália à Alemanha, do Japão ao Brasil.
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E, por que os juros subiram tanto e tão rápido? A principal razão (e não a única) é porque Trump pretende reativar a economia dos Estados Unidos mudando a “matriz econômica”: corte de impostos, que reduzirá a receita do Governo, e aumento dos investimentos, que aumentará os gastos públicos. Nós já vimos isto por aqui e o resultado foi, entre outras coisas, a aceleração da inflação!
Resumo: a proposta de Trump pode forçar o Fed a acelerar o ritmo de alta dos juros de curto prazo, os “Fed Funds” (o equivalente à nossa taxa Selic), com temor de alta da inflação acima do previsto. O mercado esperava vitória de Hillary Clinton e atuação gradual do Fed. Assim, uma mudança na forma de agir do Fed, de mais gradual para mais agressiva, provoca uma sucção de dólares para os Estados Unidos em velocidade mais rápida!
Abaixo o gráfico da Bloomberg do dia 16 de novembro sobre a probabilidade de alta dos juros nos Estados Unidos em dezembro. Notem que aumentou de 80% para 95% após a eleição de Trump!
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Força interna do dólar: “coquetel” muito ruim de notícias no Brasil.
Estados (e também municípios) estão absolutamente sem dinheiro e isto começa a ficar claro com a lamentável crise por que passa o governo do Estado do Rio de Janeiro. A dificuldade de encontrar uma solução para esta situação levou o governador Pezão a cogitar um pedido de intervenção federal no Estado. O problema, no caso, seria a consequente paralisação da votação da PEC 55 (que limita os gastos públicos) no Senado, pois o artigo 60º da Constituição Federal impede votação de PEC no caso de intervenção federal.
Além disto, as investigações da Lava-Jato e o processo de cassação da chapa Dilma-Temer no TSE geram muitas dúvidas sobre a capacidade do atual Governo seguir com as reformas necessárias.
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A pergunta que fica: por quanto tempo e até qual patamar o dólar irá subir?
Isto não tem resposta, infelizmente! Acredito que o melhor momento para comprar dólar passou, mas, em termos práticos, se o dólar/real respeitar a região de R$3,50, o pior deve ter ficado para trás (veja em: http://homolog.infomoney.com.br/mercados/acoes-e-indices/noticia/5828278/dolar-salta-dias-testa-pior-passou-veja-que-esperar-proxima).
O garantido é que teremos fortes emoções nas próximas semanas! Vou começar hoje a indicar no que devemos ficar de olho. Na próxima semana, continuo a lista. Então, atenção a:
- Pronunciamentos de Trump. O primeiro discurso foi mais amigável, mas as trocas de pessoas ocorridas ontem em seu grupo de transição de governo assustou o mercado;
- Juros dos títulos de 10 anos dos Estados Unidos, que atingem hoje 2,30% e, se estabilizarem-se, será um sinal de calmaria do mercado;
- Situação financeira do Estado do Rio de Janeiro (cuidado, pois há outros Estados – e também municípios – em situação de penúria fiscal);
- Aprovação da PEC 55 no Senado;
- Atuação do Banco Central do Brasil, que retomou hoje o programa de emissão de novos swaps (venda de seguro contra a alta do dólar) ao mercado. Este é um sinal de que o BC começa a se incomodar com a situação do câmbio no Brasil;
- Preço das commodities. Notamos forte alta nos preços dos metais desde a vitória de Trump. A regra geral é que quanto mais alto os preços das commodities, mais o dólar cai no Brasil. Este assunto merecerá comentários futuros.
Na próxima semana teremos nosso encontro na segunda-feira, quando apresentarei a agenda dos eventos mais importantes para serem observados até o final deste ano. Também teremos em novembro o nosso primeiro relatório especial, com dicas para a compra de dólares para viagens!
Até lá!