O Brasil no palco olímpico

Por causa das Olimpíadas, o Brasil está nos holofotes do mundo. O evento aterrissa em solo brasileiro em um momento de grandes desafios para a economia. Em texto, Mark Mobius convida Gustavo Stenzel, vice-presidente executivo e diretor executivo do Templeton Emerging Markes Group, para compartilhar a visão sobre o mercado brasileiro.

Mark Mobius

Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Cristo Redentor do Rio de Janeiro
Cristo Redentor do Rio de Janeiro

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Como investidores na região, quando falamos sobre a América Latina, em geral, transições políticas para governos favoráveis ao mercado e aceleração de reformas são mudanças chaves que gostaríamos de ver. Certamente, essas questões estão em evidência no Brasil, já que neste mês o país está recebendo os Jogos Olímpicos de 2016. O evento chega em um momento de grandes desafios para o país e sem dúvida haverá críticos para discutir como o Brasil administra os jogos, assim como sua economia. Como investidores frequentemente posicionados na contra-mão da maioria, preferimos focar mais nas oportunidades de longo prazo, que encontramos em meio ao negativismo, e nas mudanças positivas que estão ocorrendo. Convidei meu colega Gustavo Stenzel, vice-presidente executivo e diretor executivo Brasil, baseado no Rio de Janeiro, para compartilhar um breve relato da equipe sobre o país.

Achamos que o Brasil oferece um excelente exemplo de como uma mudança política pode acelerar uma transformação na economia e na bolsa de valores. Atualmente, o Brasil tem um governo interino, enquanto aguarda o impeachment da presidente Dilma Rousseff pelo Senado (previsto para ocorrer provavelmente este mês). A transição política trouxe uma renovação na confiança e uma agenda de reformas, não apenas para seu governo, mas também para o ambiente regulatório do Brasil, com a intenção de atrair maiores investimentos privados. Estamos vendo várias privatizações interessantes, concessões e uma nova agenda pró-mercados, que estão basicamente abrindo o país. Diante do otimismo em relação às mudanças, a moeda do Brasil, o real, valorizou para seu nível mais alto em um ano, e as ações brasileiras subiram mais de 30% no acumulado do ano1.

Existe, com certeza, o risco de que os desafios políticos do Brasil possam se prolongar, mas esses últimos meses nos mostraram que parece haver grande apoio no Congresso brasileiro, e entre o povo em geral, a um novo tipo de agenda, que não apenas moderniza o estado, mas também a economia.

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Ao analisar os fracos dados do produto interno bruto (PIB) de 2015-2016, podemos ver que o Brasil se encontra em uma profunda recessão. O Fundo Monetário Internacional prevê uma retração do PIB em 2016 de -3,3%, mas espera que o crescimento do PIB volte para terreno positivo em 20172. Estamos aguardando uma provável inflexão da economia e vimos recentemente sinais de esperança nos principais indicadores econômicos. Em junho, a produção industrial aumentou pelo quarto mês consecutivo e a confiança do consumidor subiu para o nível mais alto em um ano. Esperamos que o otimismo gerado pela Olimpíada este mês continue a recarregar o entusiasmo das pessoas.

Ao analisar o quadro do governo, nota-se que tem havido um grande desequilíbrio fiscal no Brasil. Os primeiros passos do novo governo incluíram colocar um teto nos gastos da dívida consolidada, assim como lidar com reformas estruturais nas áreas trabalhista, previdenciária e outras, que são necessárias para a modernização do país. Existem também rumores de que o governo abrirá mão de maior controle do setor petrolífero, assim como de outras indústrias e setores. A nomeação de uma equipe bastante experiente em posições chave acrescenta muita credibilidade ao governo de transição do Brasil, não apenas em termos de uma forte equipe econômica, mas também de líderes de empresas estatais. Isso está criando um tremendo otimismo e, como o mercado de ações do Brasil está vindo de uma base bastante baixa, em função das dificuldades dos últimos cinco anos, mais ou menos, achamos que qualquer melhora na economia poderá ter um impacto enorme nas empresas brasileiras e no ambiente de negócio em geral.

Alguns meses atrás, o Mark e membros de sua equipe vieram ao Brasil e compartilharam comigo suas opiniões sobre algumas potenciais oportunidades de investimento. Abaixo estão alguns links para blogs anteriores, que achamos que valem a pena ler novamente.

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Os desafios e as oportunidades para as empresas brasileiras

Mark Mobius oferece suas observações sobre algumas das muitas empresas que ele e sua equipe visitaram recentemente no Brasil, os desafios que estão enfrentando e as maneiras como estão superando essas questões. É nosso trabalho selecionar as empresas que acreditamos que possam sobreviver e prosperar quando a situação melhorar no Brasil, o que achamos que acontecerá com o tempo. Leia mais

O Brasil já chegou ao fundo do poço?

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As pessoas têm dificuldade de acreditar que a situação vá se reverter em um mercado massacrado como o do Brasil, mas temos notado que são os momentos de maior pessimismo que, em geral, marcam a aproximação do fim de um ciclo de baixa. E é neste momento que queremos investir. Leia mais

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1. Fonte: Bloomberg LP, até 4 de agosto de 2016. Conforme medido pelo Ibovespa, índice da bolsa de São Paulo. Índices não são gerenciados e não se pode investir diretamente em um índice. Eles não levam em conta taxas, despesas e encargos de venda. Performance passada não é indicação nem garantia de performance futura.

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2. Fonte: atualização do IMF World Economic Outlook, julho de 2016. Não há garantia de que qualquer previsão, estimativa ou projeção se realizará.

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Mark Mobius

Possui mais de 40 anos de atuação em mercados emergentes em todo o mundo e atualmente é o presidente-executivo da Templeton Emerging Markets Group. Ao longo de sua carreira recebeu diversas premiações, com destaque para uma das 50 pessoas mais influentes do mundo pela revista Bloomberg Markets, em 2011; e uma das 100 pessoas mais poderosas e influentes, pela Asiamoney, em 2006. Formado pela Boston University, é Ph.D. em economia e ciências políticas pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT).