Governo Haddad: um novo Lula I ou a continuação do dilmismo?

Este país já testemunhou o PT brigando para assumir e no comando, jamais com o orgulho ferido

Mario Vitor Rodrigues

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Por mais inusitado que possa soar para quem acompanhou os cenários político, econômico e judiciário deste país durante os últimos 15 anos, o Partido dos Trabalhadores reúne todas as condições para voltar ao poder. Trata-se de uma legenda que assaltou os cofres públicos e sequestrou a democracia como nunca antes ao aparelhar o Estado, mas pode perfeitamente voltar a empunhar a caneta em pouco tempo.

Pois bem, dado esse fato, uma vez que justamente o candidato cuja rejeição consegue superar a do PT parece ter sido o escolhido para enfrentá-lo no segundo turno, uma pergunta se faz natural: qual seria a referência adotada por uma administração Fernando Haddad na economia?
Seguiria os moldes do primeiro mandato de Lula ou ressuscitaria o dilmismo?

A resposta imediata já é suficientemente ruim: não é possível saber. A partir daí, só o que resta é conjecturar.

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Existem os mais otimistas e esses não deixam de ter um fundo de razão. Haddad, dizem, é fruto de Lula e se mostra mais fiel a ele do que Dilma. Sem contar que o seu temperamento também é outro, mais calmo, menos afeito a chiliques e a demonstrações de força. Em suma, não há motivos para acreditar que incendiaria ainda mais o país, reforçando o clima de divisão.

Preponderante, contudo, é a constatação de que o ex-prefeito paulistano é próximo de economistas respeitados como Marcos Lisboa, presidente do Insper, onde inclusive leciona. Tende, portanto, a caminhar para o centro e não dar ouvidos para os desvarios dos heterodoxos. Por conseguinte, buscará impor as reformas duras e necessárias, que já ganharam o patamar de emergenciais, logo no primeiro semestre.

Esse é o copo meio cheio. O meio vazio parte justamente do ponto inicial para o argumento acima: teria Haddad envergadura para enfrentar Gleisi Hoffmann, Rui Falcão e grande elenco?

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Não dá para sustentar uma tese achando que ela só se encaixa em algumas situações. Se é verdade que o candidato petista é mais maleável do que Dilma, esse fato também o torna mais suscetível a pressões.

Não custa lembrar que este país já testemunhou o Partido dos Trabalhadores brigando para assumir o poder e já o viu no comando. Jamais com o orgulho ferido. Nunca com a possibilidade de reescrever o seu interrompido plano hegemônico.

Quem disser que conhece a resposta para essa pergunta estará mentindo. Não é possível imaginar o caminho a ser trilhado por um partido em convulsão naturalmente avesso à autocrítica. Particularmente, como brasileiro e observador próximo dos tempos recentes, parto da premissa de que nada de bom sairá de uma nova era comandada pelo Partido dos Trabalhadores.

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Contudo, o cenário está dado. E o futuro deverá ser respondido por aqueles que optaram por dar uma chance ao ressurgimento do petismo.

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