China: Société Générale aponta impactos econômicos do envenenamento de leite

Analistas destacam opção chinesa de prevalecer à quantidade em detrimento da qualidade; raízes da escolha são históricas

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SÃO PAULO – Antes de estrear em um mercado, produtores enfrentam o dilema entre qualidade e quantidade, dados os efeitos das duas variáveis nos custos operacionais e, conseqüentemente, no lucro líquido.

Caso opte-se pelo primeiro atributo, os fabricantes são conscientes de que seu bem será diferenciado, o que culmina em elevados dispêndios produtivos, refletindo num maior preço final. Agora, se há a escolha pela segunda variável, a quantidade superior comercializada compensará os preços inferiores dos bens, em relação aos de seus concorrentes.

Então, por qual caminho seguir? No caso das produtoras de laticínios na China, a quantidade sobressaiu-se à qualidade, resultando em mais de 54 mil crianças infectadas com a melamina, um tipo de material plástico cujo principal efeito no organismo é o surgimento de pedras no rim, pela dificuldade do órgão em filtrar o hidrocarboneto.

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Exportações sofrem

Enxergando com viés econômico, a equipe do Société Générale divulgou relatório analítico acerca do tema, no qual mensura os impactos nas exportações chinesas pelo efeito do leite envenenado e, principalmente, avalia o dilema entre qualidade e quantidade.

As conseqüências não poderiam ser outras: os principais paises asiáticos suspenderam as importações de lacticínios chineses e atraso na aprovação pelos EUA da entrada de carne oriunda da China em seu território.

Em adição, os analistas do banco ressaltam a censura da imprensa governamental no anúncio do envenenamento de leite, tendo em vista que, em junho, as alimentícias já sabiam do problema. O atraso na divulgação explica-se pelas conseqüências negativas que a notícia traria aos Jogos Olímpicos de Pequim – na época iminentes.

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Raízes históricas

O crescimento econômico da China sustenta-se em três pilares: condução pelo Estado da política cambial, fluxos de capitais estrangeiros e desempenho das exportações. Na análise em questão, a instituição francesa aponta suas criticas às minúcias do terceiro tópico, dado o detrimento da qualidade pela sobreposição da quantidade.

Esta opção chinesa é em parte explicada por seu desenvolvimento econômico tardio, o que resultou na necessidade de penetração em mercados estabilizados. Frente a inúmeras barreiras de entrada, a estratégia adotada foi inundar estes mercados com muitos bens a baixos preços que, aliada a desvalorização do yuan frente as principais divisas, culminou na enxurrada de produtos chineses ao redor do mundo.

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