Medidas do Lehman seguem em foco, assim como temor de investidor

Com ações estratégicas, Lehman consegue mais tempo, mas mercado se mostra preocupado e ações despencam 35%

Giulia Santos Camillo

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SÃO PAULO – Ao que parece, esta quinta-feira (11) marcará mais um dia de grandes preocupações acerca da situação do Lehman Brothers. Depois da alta volatilidade do último pregão, as ações do quarto maior banco de investimento dos EUA já registram queda de 35% no pré-market de Wall Street.

Pode-se dizer que a decisão da instituição de anunciar a prévia de seus resultados em conjunto com um plano de reestruturação estratégica ofereceu algum fôlego na última quarta-feira. As ações, que apresentavam queda de mais de 20% no pré-market, chegaram a subir 15%, para fecharem com queda de 6,93%.

Ao todo, são quatro os pontos principais avaliados pelos investidores. Primeiro, o prejuízo líquido estimado do grupo, que ficou em US$ 3,9 bilhões, o maior de sua história e superior às previsões pessimistas dos analistas. Além disso, o balanço preliminar mostra baixas contábeis de US$ 7,8 bilhões.

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Venda de ativos

O segundo ponto merece uma atenção maior. Depois de falhar em sua pretensão de levantar capital e após o encerramento das negociações com o Korea Development Bank para a venda de parte de seus ativos, o banco anunciou que irá leiloar 55% de sua divisão de gestão de ativos.

Embora não tenha listado nomes de interessados no negócio, que inclui fundos administrados pela sua unidade Neuberger & Berman, algumas firmas de private-equity aparecem como potenciais compradores, como a KKR, Bain Capital e Hellman & Friedman, que avaliam o ativo em aproximadamente US$ 5 bilhões. As ofertas serão aceitas até sexta-feira.

De acordo com o CFO do Lehman, Ian Lowitt, na teleconferência acerca da prévia dos resultados, o banco espera ter pelo menos US$ 3 bilhões de ágio com a transação. Enquanto isso, a instituição tenta garantir uma parte dos lucros da unidade, ficando com uma fatia minoritária.

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Separação

O terceiro ponto a ser destacado é uma outra medida estratégica anunciada pelo banco: a separação do seu portfólio de imóveis comerciais. Enquanto a decisão parece livrar o balanço do Lehman da pressão desses ativos, ela traz alguns problemas, como a capitalização da nova companhia.

Conforme o comunicado da firma, será criada uma nova companhia de capital aberto, chamada Real Estate Investments Global. E ela precisará ser capitalizada com cerca de US$ 6 bilhões ou US$ 7 bilhões, o que pode complicar as condições atuais do Lehman, já que o banco não obteve sucesso na captação de recursos nos últimos tempos.

Em sentido oposto, aos investidores que se interessam pelo negócio e não tenham problemas em assumir riscos, a nova empresa pode ser um investimento lucrativo no longo prazo – caso o mercado imobiliário volte às condições normais.

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Ratings

Um último ponto que pode ser citado é a revisão dos ratings do banco de investimentos. Com suas notas de crédito sendo revistas pelas três maiores agências de classificação de risco, Moody’s, Fitch e S&P, o Lehman tem ainda mais uma preocupação.

Mesmo que tenha sucesso nas medidas estratégicas anunciadas, o fantasma do rebaixamento prossegue. Porém, Blaine Frantz, analista da Moody’s, afirmou em comunicado que “uma transação estratégica com um parceiro financeiro mais forte poderia dar apoio adicional aos ratings”.