PF indicia diretor-presidente da Gerdau e mais 18 em inquérito da Operação Zelotes

Grupo empresarial do ramo de siderurgia é suspeito de tentar sonegar R$ 1,5 bilhão, diz a PF

Lara Rizério

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SÃO PAULO – De acordo com relatório, a Polícia Federal indiciou conselheiros e ex-conselheiros do Carf ( Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), advogados e membros da diretoria responsável da empresa investigada por sonegação alvo da sexta fase da Operação Zelotes. Sem citar o nome da siderúrgica, o comunicado da PF destaca que a companhia foi alvo da Zelotes na sexta fase, ocorrida em 25 de fevereiro; naquela data, a Gerdau (GGBR4) foi alvo da Operação.

Segundo informações do G1 e do Estadão, a PF indiciou o diretor-presidente do Grupo Gerdau, André Gerdau, e mais 18 pessoas por crimes como corrupção ativa, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e tráfico de influência. Além de Gerdau, a PF também indiciou o ex-conselheiro do Carf José Ricardo da Silva e o advogado e integrante do Conselho de Administração da Gerdau , Expedito Luz. Os outros 16 são diretores da empresa, advogados e conselheiros e ex-conselheiros do Carf. Os nomes dos indiciados não foram oficialmente divulgados; procurada pelo portal G1, a PF informou que não revelaria os alvos de indiciamento seguindo uma norma interna de proteger as investigações.

A Zelotes investiga fraudes em julgamentos no Carf, ligado ao Ministério da Fazenda; o grupo empresarial é acusado de tentar sonegar R$ 1,5 bilhão. Em fevereiro, o presidente da siderúrgica, André Gerdau, foi alvo de condução coercitiva, quando a pessoa é levada à delegacia para prestar depoimento e, em seguida, é liberada

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“Ao longo da investigação, além do apoio de centenas de policiais no cumprimento de mandados judiciais nas diversas fases da Operação Zelotes, um total de 7 policiais federais estiveram à disposição da investigação na Superintendência Polícia Federal no DF. Ao longo de 176 páginas, o relatório lista uma série de provas obtidas pelos policiais e indicia os investigados por corrupção ativa, corrupção passiva, lavagem de dinheiro, tráfico de influência entre outros crimes. Fartamente documentados, apenas os autos da 6ª fase da Operação Zelotes já possuem 3 volumes, além de 1 apenso. O indiciamento ágil por parte da Polícia Federal tem o objetivo de evitar a prescrição dos crimes e, assim, a impunidade. Para realizar este trabalho, desde o início, a Polícia Federal contou com o apoio da Receita Federal, que, no âmbito de suas atribuições, participou da investigação”, destaca a Polícia Federal através do comunicado.

O Ministério da Fazenda, órgão ao qual o Carf é vinculado, citou comunicado da semana passada em que afirma que a Corregedoria-Geral da pasta instaurou processo disciplinar para apurar responsabilidade dos agentes envolvidos.

Procurada pelo InfoMoney, a assessoria da Gerdau esclareceu que, “embora até o presente momento não tenha tido acesso ao relatório final recentemente elaborado pela Polícia Federal, recebeu com imensa surpresa e repúdio a informação de que executivos da companhia, entre os quais seu diretor-presidente (CEO), estariam entre os indiciados, na medida em que nenhum deles jamais prometeu, ofereceu ou deu vantagem indevida a funcionários públicos para que recursos em trâmite no CARF fossem ilegalmente julgados em seu favor, até mesmo porque estes ainda se encontram pendentes de julgamento”.

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“A Gerdau também reitera, como empresa de 115 anos de atuação, que possui rigorosos padrões éticos na condução de seus pleitos junto aos órgãos públicos e reafirma que está, como sempre esteve, à disposição das autoridades competentes para prestar os esclarecimentos que vierem a ser solicitados”, diz a nota.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.