Com corte de juros de volta ao radar, imobiliárias disparam até 20%; small cap salta 13% após aquisição

SÃO PAULO – O Ibovespa disparou nesta terça-feira (03), atingindo o patamar de 61.813 pontos, puxado pelas ações de commodities e bancos. A Petrobras disparou 6%, figurando entre as maiores altas do índice, após rumores de aumento de preços dos combustíveis, enquanto a Vale subiu 5% na esteira de dados positivos da China. 

Além delas, as ações do “kit Selic” – composto por imobiliárias e varejistas – chamaram atenção hoje, com alta de até 17%, em meio à expectativa de maior corte de juros voltando ao radar dos investidores. Do lado oposto, somente duas das 59 ações do Ibovespa encerraram em queda nesta sessão. Foram elas: Equatorial e Fibria, mas ambas com recuo menor do que 1%. Sobre a Fibria, o papel sofreu a pressão do câmbio neste pregão. O dólar comercial encerrou em baixa de 0,59%, a R$ 3,2609 na compra e R$ 3,2624 na venda. 

Confira abaixo os principais destaques da Bovespa nesta terça-feira:

Petrobras (PETR3, R$ 17,58, +6,35%; PETR4, R$ 15,50, +5,73%)
As ações da Petrobras acentuaram os ganhos neste tarde, após rumor de que a estatal eleverá os preços dos combustíveis em janeiro. A Petrobras pode aumentar os preços da gasolina em 10 de janeiro, na sequência de um aumento nos custos internacionais, disse Martinho Seiiti Ono, presidente de etanol da SCA Trading, em entrevista à Bloomberg. “Vemos espaço para o preço da gasolina subir 3% a 4% em janeiro. Isso fará o etanol mais competitivo ”, comentou. Atualmente, a gasolina é misturada com 27% de etanol. 

Por conta de expectativas de um etanol mais competitivo, as ações do setor de açúcar e álcool também subiram forte hoje, com Cosan (CSAN3, R$ 38,88, +4,66%) e São Martinho (SMTO3, R$ 19,35, +0,62%). 

Vale mencionar que o rumor de reajuste fez a Petrobras se descolar dos preços do petróleo. Depois de dispararem mais cedo, alimentando a alta da estatal, os preços da commodity viraram para queda quase 3%. Mais cedo, os investidores se animaram com as notícias sobre a oferta da commodity no mercado internacional. O barril tipo WTI havia superado os US$ 55 pela primeira vez desde julho de 2015 durante a manhã  após cortes de produção do Kuwait serem vistos como sinal de que os membros da Opep vão reduzir a extração, como previsto em acordo, mas virou para queda em meio à notícia de alta na produção na Líbia. 

Vale (VALE3, R$ 26,17, +4,43%; VALE5, R$ 24,11, +5,51%)
As ações da Vale e Bradespar (BRAP4, R$ 15,11, +4,21%) – holding que detém participação na Vale – subiram forte, seguindo os dados positivos do PMI Caixin de manufaturas China. Em dezembro, o indicador subiu inesperadamente para 51,9 ante estimativa de 50,9. O dado gerou efeitos mais fortes que a queda do minério de ferro. A commodity spot (à vista), negociado no porto de Qingdao com 62% de pureza, fechou com recuo de 1,22%, a US$ 77,91, nesta terça-feira. 

Ainda no radar, o Itaú BBA afirmou ver o quarto trimestre da Vale ajudado por preço de minério e metais. O Ebitda da Vale no período poderia alcançar US$ 4,5 bilhões, acima dos US$ 3,0 bilhões no terceiro trimestre, ajudado pelo aumento de preço do minério de ferro e de outras commodities, segundo relatório com cálculos preliminares de analistas liderados por Marcos Assumpção. Os dados divulgados pela Secex nesta segunda-feira mostraram que as exportações de minério de ferro totalizaram 97 milhões de toneladas nosa últimos três meses do ano passado, queda de 4% na comparação trimestral e de 5% na base anual. Em 2016, as exportações de minério de ferro alcançaram 374 milhões de toneladas,  alta de 2% na base anual, “mesmo considerando a redução nas exportações da Samarco ao longo de 2016”. 

 As receitas aumentaram 24% na base anual, “impulsionadas pelo aumento dos preços do minério de ferro, que será o principal motor por trás do impressionante resultado do quatro trimestre que esperamos de Vale”. “A Vale também deve se beneficiar de preços mais elevados de outras commodities, como carvão de coque e metais básicos”. 

Siderúrgicas
Acompanharam o movimento da Vale as ações das siderúrgicas, com Metalúrgica Gerdau (GOAU4, R$ 4,90, +3,36%), Gerdau (GGBR4, R$ 11,15, +2,86%), CSN (CSNA3, R$ 11,42, +5,16%) e Usiminas (USIM5, R$ 4,29, +5,15%).  

No radar, o Itaú BBA vê as siderúrgicas anunciando nova rodada de reajustes. “As empresas de aço podem anunciar uma nova rodada de aumentos de preços, possivelmente levando a reações positivas nas ações”, segundo relatório de analistas liderados por Marcos Assumpção.

As exportações de aço plano somaram 713.000 toneladas noquatro trimestre, queda de 26% na comparação anual, “mais uma vez refletindo um cenário de real mais valorizado, medidas antidumping contra as exportações brasileiras aos EUA e menor produção de players brasileiros”. “Esperamos que os resultados do quarto trimestre sejam marcados por menores receitas de exportação de aço, mas maiores receitas domésticas, impulsionadas pelo aumento dos preços do aço”, afirmam os analistas. 

Além disso, o conselho de administração da Metalúrgica Gerdau homologou um aumento de capital social da empresa no valor de R$ 130,95 milhões, decorrente da conversão voluntária de debêntures de colocação privada. Foram convertidas 1.309.488 debêntures em 15.872.572 ações ordinárias e 31.745.144 preferenciais, ao preço de R$ 2,75 por papel, diz o comunicado da empresa. Com isso, o capital social da companhia passou de R$ 7,81 bilhões para R$ 7,94 bilhões, dividido em 323.987.702 papéis ordinários e 639.885.005 preferenciais. 

“Kit Selic”
As ações do setor de construção civil e consumo subiram forte no primeiro dia completo de negociações em 2017, que inclui as bolsas dos Estados Unidos, diante de perspectivas de mais cortes de juros, depois que a projeção para a Selic no relatório Focus de segunda-feira passou de 10,5% para 10,25% neste ano.

Entre as ações das construtoras, destaque para Helbor (HBOR3, R$ 1,90, +19,50%), Gafisa (GFSA3, R$ 2,07, +10,11%), Cyrela (CYRE3, R$ 11,15, +8,46%) e Direcional (DIRR3, R$ 4,93, +6,94%), que avançaram até 20% nesta sessão. Por sua vez, as ações da PDG Realty (PDGR3, R$ 1,38, -9,21%) caíram forte, depois de terem subido 28% na segunda-feira. 

Já no setor de consumo, as maiores altas vieram das ações da Natura (NATU3, R$ 23,24, +3,43%), Arezzo (ARZZ3, R$ 25,91, +3,43%), MDias Branco (MDIA3, R$ 116,47, +4,20%), BRF (BRFS3, R$ 49,50, +3,34%) e Lojas Renner (LREN3, R$ 23,87, +3,15%)

Além delas, chamou atenção hoje a ação da Hypermarcas (HYPE3, R$ 26,90, +2,79%) nesta sessão. Apesar da boa notícia dos juros, a Hypermarcas teve uma leve dor de cabeça nesta tarde, após informar que a Brainfarma, uma subsidiária da empresa, recolheu voluntariamente 119 lotes de 59 produtos, incluindo Doril, Epocler, Coristina, Biotônico Fontoura, Maracugina e Vitassay Stress, produzidos de janeiro a março de 2016. Com a divulgação da notícia, por volta das 11h30 (horário de Brasília), as ações da companhia caíram 3,5% na Bovespa em apenas 10 minutos, indo ao menor patamar do dia, quando atingiram o preço de R$ 26,03. Neste momento, no entanto, os papéis já voltaram à cotação que era registrada antes da informação. 

“Não há indicações de que o uso destes medicamentos possa gerar efeitos adversos à saúde, além dos previstos em bula”, afirmou a companhia em comunicado. A Hypermarcas afirmou que o recolhimento, devido a erro na pesagem, “terá custo imaterial” e que os lotes representam 0,9% por cento do volume produzido anualmente. 

BM&FBovespa (BVMF3, R$ 16,95, +4,12%)
A BM&FBovespa teve o preço-alvo no fim de 2017 reduzido de R$ 24,00 para R$ 23,00 pelo Bradesco BBI. Já a recomendação outperform (desempenho acima da média) foi mantida. 

Cemig (CMIG4, R$ 7,89, +2,20%)
A Aneel liberou seis unidades geradoras da UHE Santo Antônio para início da operação comercial a partir de hoje, segundo despacho publicado no Diário Oficial.

O aval é para as unidades geradoras UG45, UG46, UG47, UG48, UG49 e UG50, de 69.590 kW cada, totalizando 417.540 kW. Furnas, Caixa FIP Amazônia Energia, Odebrecht, SAAG e Cemig Geração e Transmissão são os acionistas da Santo Antônio Energia.