Publicidade
SÃO PAULO – A indústria global de hedge funds foi um dos bodes expiatórios da crise em 2008. Com altos retornos entre 2003 e 2008, esse tipo de investimento foi um dos mais penalizados durante a despencada das bolsas. “Os gestores não se preocupavam com a liquidez, então não tinham o dinheiro quando os investidores queriam retirá-lo dos fundos”, explica Randall Dillard, da Liongate Capital Management.
Com os mercados mais tranquilos, o que mudou para os hedge funds? “Agora, saímos da fase de retornos hedgeados para um período de preservação de capital”, afirma Dillard. “Até 2008, os fundos de hedge funds não sabiam os ativos que estavam tentando diversificar – e não importava, porque eles estavam ganhando dinheiro de qualquer maneira. Isso mudou”.
Segundo palestra de Dillard no Brasil Investment Summit, uma das principais mudanças nos portfólios dos hedge funds no pós-crise é quem dita os termos. “Antes, era o gestor. Hoje, a tendência é que essa decisão fique mais com o investidor”, diz Dillard.
Continua depois da publicidade
O nível de atenção às operações de hedge funds também aumentou – impulsionando os custos de se manter um hedge fund. “Não veremos mais hedge funds pequenos devido a esses custos mais altos e regulação mais rígida”, aponta Dillard. Além disso, o gerenciamento de risco passou a se sobrepor à obtenção de retornos.
Estratégias em alta
Para Dillard, é importante lembrar que não existe uma estratégia que é sempre melhor – elas funcionam pior ou melhor dependendo do ambiente de mercado. No momento, ele aponta a possível formação de uma bolha nos Treasuries norte-americanos como oportunidade de lucro, já que o avanço da economia norte-americana deve perder ritmo no terceiro trimestre.
Ainda nos EUA, ele vê anomalias nos preços dos ativos, devido ao excesso de otimismo dos mercados no retorno da crise – o que também pode ser explorado em estratégias risco/retorno.
Continua depois da publicidade
“Na Europa, a chance de ganhos está na crise fiscal”, afirma Dillard. Entre os países com forte potencial de problemas de risco soberano – e que podem oferecer boas oportunidades para os hedge funds que apostarem contra eles – estão Bélgica, França, Espanha, Itália, Portugal e Irlanda, além da Grécia. “A Grécia se endividou em uma moeda que ela não controla, e também é uma enorme oportunidade de se ganhar com bonds e risco, se aproveitando do momento de reestruturação do crédito”, explica.
Entre as commodities, Dillard classifica o investimento como longo prazo, baseado na expectativa de alta da demanda. Para os metais preciosos, ele afirma preferir operações de valor relativo – operando ouro versus platina e paládio, por exemplo, ambos usados amplamente pela China. “Assim, é possível ter uma exposição a ouro – que eu particularmente não gosto, mas tem performado bem – mas de um jeito mais inteligente”, conclui.