De lado ou em queda, mercado deve apresentar semana instável

Reunião do G-20 pode trazer novidades sobre regulação do sistema financeiro e agenda conta com taxa de desemprego nos EUA

Tainara Machado

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SÃO PAULO – Embora a semana tenha sido dominada por tom negativo, o Ibovespa encerrou em alta de 0,60%. No front externo, as sessões foram dominadas por dados do setor imobiliário, que ficaram aquém das expectativas, o que levou os investidores a se preocuparem com a capacidade da economia norte-americana de continuar a trilhar o caminho de recuperação sem a ajuda de estímulos econômicos do governo.

Para coroar esse clima, o comunicado que acompanha a decisão do Fed sobre a taxa de juros do país (que foi mantida) “rebaixou” a retomada da economia dos EUA, afirmando que a situação da economia global passou a preocupar o BC norte-americano. Com isso, o Ibovespa recuou 1,88% na quinta-feira, mas subiu 1,39% nesta sexta-feira. Para Huang Kuo Seen, gestor da Grau, essa volatilidade já era esperada, assim como movimentos de quedas fortes seguidos de recuperação.

Volatilidade e indicadores
Embora atualmente o pânico em relação à Europa tenha passado, “nada impede que o mercado volte a precificar esses problemas”, avalia o gestor. Por isso, ao menos no curto prazo, Kuo Seen acredita que o cenário é volátil, com instabilidade predominante. Para a próxima semana, o gestor acha possível uma nova piora do mercado, até porque o índice já apresentou boa recuperação, negociado próximo da casa dos 65 mil pontos. 

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E os eventos da semana devem colaborar com essa visão. Além de ser encerramento do mês, é também fim do semestre, e o ajuste de posições deve contribuir para intensificar a tão falada volatilidade. Além disso, nos EUA, os primeiros dias de julho, como de costume em todos os meses, trazem dados sobre emprego no país, e “os investidores ficarão bem atentos para ver qual é o consenso em relação à criação de postos de trabalho, porque o principal questionamento que o mercado se faz é se essa recuperação é sustentável”, resume o gestor. 

Para Eduardo Dias, analista da PAX Corretora, a agenda de indicadores deve ter peso menos relevante, já que os números internos têm sido “excelentes”, com acomodação da inflação e controle do nível de utilização da capacidade instalada, por exemplo, que preocupam por causa do aperto monetário em curso. 

Reunião do G-20
Para Dias, o mercado deve andar de lado e o volume deve continuar baixo, principalmente enquanto a seleção brasileira estiver participando da Copa do Mundo. Em sua opinião, o evento mais importante não ocorrerá durante a semana, e sim no final de semana. A reunião dos membros do G-20 no Canadá será a questão mais influente sobre o Ibovespa. “É bom ficar atento a questões de regulamentação do sistema financeiro que possam gerar stress”, aponta o analista. 

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Embora não acredite que o índice irá reagir negativamente à proposição, Dias vê como possíveis ameaças regras mais duras de regulamentação ou então exigências maiores de austeridade fiscal em relação à Europa, por exemplo. Já Huang Kuo Seen acredita que esse é um cenário improvável, já que aos poucos o foco foi desviado dessas discussões, à medida que as economias mundiais voltaram a apresentar recuperação. 

Para o gestor da Grau, a flexibilização do yuan, sinalizada pela China no último final de semana, foi até uma estratégia do país nesse sentido, para evitar discussões mais profundas e fugir de críticas mais duras em relação à política monetária adotada, bastante questionada por países ocidentais, principalmente os Estados Unidos. 

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