Adiamento da capitalização prolongaria “agonia” com ação da Petro, diz analista

Diluição maior que a prevista anteriormente pode estar por trás da pressão sobre os papéis nos últimos pregões

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SÃO PAULO – Caso os rumores sobre o adiamento da capitalização da Petrobras (PETR3PETR4) se confirmem, os investidores devem estar preparados: os papéis da empresa permanecerão pressionados, à espera de sinais mais claros sobre o tamanho da diluição resultante do processo.

A avaliação é do analista Max Bueno, da corretora Spinelli, que espera pela manutenção da “agonia” dos investidores. Também Victor de Figueiredo, da corretora Planner, foi definitivo em relação ao tema: “Se a capitalização for postergada, cai tudo por terra”.

Tanto as ações preferenciais quanto os papéis ordinários registram perda superior a 25% desde o início do ano, tendo sido destaque de queda nos dois últimos pregões – 18 e 19 de agosto -, precisamente quando intensificaram-se as especulações sobre o adiamento da capitalização.

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Ultrapassagem
Nada que diz respeito à Petrobras tem pouca repercussão. Embora tenha perdido a liderança em valor de mercado para a Vale (VALE3VALE5), a petrolífera não deixou de ser uma referência para o mercado de ações brasileiro e uma promessa de geração de caixa, em função das reservas no pré-sal a serem exploradas.

Não à toa, as especulações sobre os preços do barril de petróleo da cessão onerosa tomaram conta do noticiário nesta semana. “É muita informação e pouca confirmação”, avalia Victor de Figueiredo, que entende haver certo exagero da importância do preço do barril para o processo como um todo.

O analista da Spinelli concorda. “Muito mais do que o preço [do barril], é preciso saber as variáveis que o determinam”, as quais determinam a produtividade. Em sua opinião, quanto maior ela for, “mais fácil será monetizar as reservas de óleo, o que pode compensar em parte um preço aparentemente caro”.

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Falta de informações
Certo mesmo é que o Governo recebeu na última quinta-feira (19) os dados preliminares do relatório encomendado pela ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombstíveis) sobre a precificação das reservas do campo de Franco, que serão utilizadas na cessão onerosa.

Entretanto, as especulações revelam que houve grandes divergências em relação a outro estudo, encomendado pela Petrobras. “Acima de US$ 10 [por barril], o mercado já mostrou que a reação negativa”, constata o analista da Planner.

Antes entre US$ 5 e US$ 7, os preços por barril especulados pelo mercado chegaram até a US$ 12, com o novo estudo. Tanto alarde tem motivo: “Esse valor extrapola as estimativas inicias do mercado e gera uma leitura inicial negativa”, segundo Max Bueno.

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Diluição: atenção, minoritários!
Com base nas declarações de políticos, executivos e rumores publicados pela imprensa, o analista da Spinelli parte de um preço por barril de US$ 9 – apenas um ponto médio entre os valores especulados. Traçar o cenário é um desafio, mas mesmo assim o analista prossegue, levando em conta outros fatores, como os custos de produção e preço de petróleo atuais.

Neste contexto, a capitalização atingiria um valor entre US$ 94 bilhões e US$ 148 bilhões (cessão onerosa + oferta de ações), incorrendo em diluição entre 27% e 37% para os minoritários, algo que “o preço do papel já vem descontando desde o anúncio da capitalização”, afirma Bueno.

“Quanto maior for o preço do barril, maior será o montante da capitalização”, destaca o analista da Spinelli. “Dentro da capitalização, fica mais difícil para os minoritários acompanharem”, algo que abre espaço para a União ampliar sua participação no capital social da empresa.

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À espera do Pool
Por outro lado, Victor de Figueiredo alerta para a atuação de outros atores: “fazer uma relação do preço do barril com o minoritário é prematuro”, pois ele iria “a reboque” dos investidores institucionais e estrangeiros.

“O que determina é o montante do aumento de capital”, completa o analista da Planner, que afirma projetar um montante entre 40% e 60% da base de ações da Petrobras.

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