Elétricas lideram perdas e 16 ações caem mais de 2%; HRT despenca 10%

Com noticiário agitado, Petrobras e Vale caem e ajudam no dia negativo da Bolsa; Hering cai 3% após divulgar resultados do primeiro trimestre

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Com um clima de grande aversão ao risco, o Ibovespa encerrou esta sexta-feira (25) queda, com 16 das 72 ações do índice fechando com queda de mais de 2%. O destaque deste pregão ficou com as companhias elétricas, que após 4 dias de ganhos ficaram entre as maiores quedas do benchmark. Além delas, os reflexos da temporada de resultados também tiveram impacto em diversos papéis nesta sessão.

Destoando do dia negativo, as ações da ALL (ALLL3) chamaram atenção ao registrarem alta de 4,86%, a R$ 8,85, liderando os ganhos do Ibovespa. O papel dá continuidade ao movimento da véspera, quando fecharam com valorização de 1,44%. O JP Morgan elevou a recomendação para a ação, de neutra para overweight (acima da média do mercado), tendo em vista as sinergias iniciais da fusão com a Rumo, o que ajuda na valorização dos ativos.

Outros destaques na ponta positiva ficaram com Natura (NATU3, R$ 38,42, +1,00%), que tenta se recuperar das perdas de 5% registradas na véspera após divulgar seu resultado trimestral. Nesta manhã, o vice-presidente de finanças e jurídico da empresa, Roberto Pedote, afirmou que a Natura prepara um novo aumento de preços em agosto, entre 3% e 4%, após ter realizado um reajuste em março.

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Petrobras e Vale
As ações da Petrobras (PETR3, -1,11%, R$ 15,12; PETR4, -0,62%, R$ 16,03), apesar de amenizarem as perdas após chegarem a cair mais de 2%, não conseguiram evitar fechar em queda. Destaque para uma reunião do conselho da estatal, que ocorreu nesta manhã e que contou com a presença do ministro da Fazenda e presidente do conselho da estatal, Guido Mantega. Segundo a XP Investimentos, embora a pauta da reunião não tenha sido divulgada, vale monitorar até por conta de toda a turbulência relacionada a irregularidades com as refinarias, como a de Pasadena.

Enquanto isso, a Vale (VALE3-1,53%, R$ 30,32; VALE5-2,31%, R$ 27,50) caiu mais forte, devolvendo os ganhos da véspera, conquistados após a boa notícia de que STJ (Superior Tribunal de Justiça) decidiu ontem a favor da Vale no processo que discute a tributação do lucro de controladas da companhia no exterior. A decisão é um precedente favorável para outras companhias na mesma situação, porém, cabe recurso.

Na sessão desta quinta-feira, por maioria dos votos, a 1ª Turma afastou a incidência de Imposto de Renda (IR) e Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL) sobre o lucro de controladas da Vale na Bélgica, Dinamarca e Luxemburgo. O Brasil possui tratados para evitar a bitributação com os três países. Segundo a XP, a notícia é boa e pode fazer preço no curto prazo, entretanto, a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional já se pronunciou dizendo que, quando intimada da publicação do acórdão, analisará recursos cabíveis pelo próprio STJ ou pelo STF, logo cabe recurso e haverá mais novidades a respeito no futuro próximo.

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Elétricas
Entre as quedas, chamaram atenção as ações das companhias elétricas, que caíram forte neste pregão após algumas delas registrarem 4 sessões seguidas de valorização. Destaque para a Eletrobras (ELET3, R$ 7,66, -2,79%ELET6, R$ 12,13, -1,22%), Light (LIGT3, R$ 17,20, -2,99%), Energias do Brasil (ENBR3, R$ 10,37, -3,98%), Cemig (CMIG4, R$ 15,94, -2,63%), Copel (CLPE6, R$ 31,30, -1,09%) e Eletropaulo (ELPL4, R$ 9,64, -2,23%). O setor vem sendo pressionado em meio às expectativas de que um racionamento está cada vez mais perto de ocorrer. 

Vale ressaltar que a CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica) assinou nesta sexta-feira com um sindicato de 10 bancos contrato de empréstimo para ajudar as distribuidoras de energia, que estão tendo fortes gastos relacionados a energia mais cara no curto prazo. O financiamento de R$ 11,2 bilhões tem custo de CDI mais 1,9% ao ano, e será quitado até outubro de 2017. Além disso, nos últimos dias a Aneel também anunciou outras ajudas ao setor.

Rossi
Liderando as perdas do dia, as ações da Rossi (RSID3) despencaram 6,51% nesta sessão, sendo cotadas a R$ 1,58 e devolvendo os ganhos dos últimos dois pregões. Na mínima do dia, os papéis da imobiliária chegaram a cair 7,69%, a R$ 1,56.

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Nesta manhã, a empresa informou que os acionistas minoritários, representados pela Vinci Equities Gestora de Recursos, anunciaram a indicação de Luis Oliveira Perego para a integrar o quadro de candidatos na eleição para o conselho de administração da empresa. A reunião para eleição dos membros do conselho será realizada no próximo dia 28, segunda-feira.

Hering
As ações da Cia Hering (HGTX3) registraram queda de 3,47% nesta sessão, a R$ 23,94, figurando entre as maiores quedas do Ibovespa nesta sexta-feira, em meio a divulgação de resultado fraco no primeiro trimestre. A empresa viu seu lucro líquido recuar 6,9% no primeiro trimestre, fechando em R$ 64,6 milhões, resultado ficou abaixo do esperado pelo mercado. Enquanto isso, a receita líquida teve leve alta de 3,9% no período, para R$ 394,4 milhões.

Segundo a XP Investimentos, a empresa mostrou uma “impressionante” queda nas vendas no quesito “mesmas lojas” de 4,1%, contra projeções de recuo na casa de 2%. Para os analistas, o cenário permanecerá bastante desafiador para todo o ano, sendo um dos motivos que não terem recomendação no setor de varejo, principalmente de vestuário.

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Grendene
As ações da Grendene (GRND3) recuaram 2,73% nesta sessão, a R$ 13,90, refletindo o balanço do primeiro trimestre. A empresa reportou um leve crescimento 1,6% em sua receita, que atingiu R$ 493,8 milhões, enquanto o lucro atingiu de R$ 96,5 milhões entre os meses de janeiro e março, queda de 5,7% em relação a um ano antes.  

Segundo a XP, a empresa reportou um resultado fraco, mas que já era esperado pelo mercado dado as perspectivas traçadas quando em teleconferência sobre os números do quarto trimestre, onde a companhia já sinaliza um ano difícil. Para os analistas, preocupa o fato de que o ano de 2014 ainda deve se mostrar bastante desafiador e no qual deve-se esperar pela manutenção ou possível piora das margens de acordo com os volumes reagindo a uma demanda fraca e aumento de preços.

HRT
Fora do Ibovespa, as ações da HRT (HRTP3) despencaram 10,84%, a R$ 0,74, após empresa ficar sem acordo de compra de 30% do campo de Polvo, na Bacia de Campos (RJ). A parceria era tida como natural para a empresa, já que a BW Offshore é dona da plataforma de petróleo que atualmente opera a área. 

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A informação veio após notícia veiculada no Valor na véspera apontar que a BWO havia cancelado a compra de fatia no campo. Segundo o esclarecimento da HRT, como houve vencimento da LOI (protocolo de intenção não vinculante) sem que um acordo fosse fechado, não houve comunicado ao mercado sobre o assunto. Apesar de ter cancelado a compra, a HRT afirma que o contrato da BWO como operadora do FPSO Polvo tem validade até o terceiro trimestre de 2015, com opção de renovação até o terceiro trimestre de 2022.

JSL
Já a JSL (JSLG3) registrou queda de 6,85%, a R$ 12,38, depois da divulgação de resultado do primeiro trimestre. A empresa de logística apontou queda de 59,6% em seu lucro líquido no primeiro trimestre na comparação com o mesmo período do ano passado, devido ao aumento de custos com contratos ainda pré-operacionais, informou a empresa na madrugada desta sexta-feira.

O lucro líquido foi de R$ 11,8 milhões ante R$ 29,1 milhões entre janeiro e março do ano passado. “Com a implantação de novas operações, muitas vezes há custos pré-operacionais antes de vir receita, como treinamento para capacitação de pessoas, isso contamina o resultado”, disse o presidente-executivo Fernando Simões, citando como exemplo a abertura de três novas concessionárias no primeiro trimestre.

JB Duarte 
Após empresa dizer na véspera que desconhecia a razão da alta de mais de 100% das ações em três pregões, a JB Duarte (JBDU4) viu suas ações caírem 16,67%, sendo cotadas a R$ 0,20. A reversão começou ontem, quando o papel caiu 4,0% depois que a empresa, em resposta ao questionamento da BM&FBovespa, disse que desconhecia o motivo da alta das ações. “Quanto ao aumento do número de negócios e do valor das cotações, não é de nosso conhecimento qualquer informação que já não tenha sido divulgada de forma oficial ao mercado”, informou a empresa.

Embora não tenha nenhum comunicado novo, a empresa disse entender que a oscilação das ações pode estar representando um movimento de correção já que neste ano a ação da companhia registra queda de 11,54%.

Eneva
As ações da Eneva (ENEV3) tiveram um dia bastante volátil, oscilando entre perdas de 5,19% e ganhos de 7,41%. Por fim, os papéis da companhia fecharam o dia com alta de 0,74%, a R$ 1,36, encerrando uma sequência de quatro quedas. Porém, no ano, o recuo é de 54%Segundo uma reportagem da Bloomberg, dois anos após associar-se a Eike Batista para criar a maior companhia de energia não estatal, a empresa alemã E.ON pode ter que precisar bombear mais dinheiro no empreendimento sem a ajuda do ex-bilionário.

De acordo com a publicação, a gestão liderada por Fábio Bicudo, ex-diretor da unidade brasileira de investment bank do Goldman Sachs Group Inc., está agora em negociações com os acionistas, incluindo os controladores EON e Batista – que tem uma participação de 23,9% -, para reforçar as finanças da Eneva.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.