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SÃO PAULO – O tão esperado boom do Ibovespa em 2010 não veio. O principal índice da bolsa brasileira fechou a penúltima sessão do ano aos 68.952 pontos, enquanto que a mediana das estimativas compiladas pela InfoMoney entre dezembro de 2009 e janeiro deste ano apontava o patamar de 82 mil pontos para o benchmark ao final de 2010. Apesar desse desempenho, as perspectivas seguem otimistas para 2011.
É o que mostrou a enquete realizada pela InfoMoney na última semana, na qual 1.033 dos 2.833 leitores consultados disseram acreditar que o Ibovespa irá fechar 2011 acima dos 80 mil pontos, representando 36,46% do total de respostas. Além disso, 31,45% das opiniões coletadas mostram que 890 usuários veem o índice entre 70 e 80 mil pontos ao final do próximo ano. Já a perspectiva de que o benchmark vai ficar na mesma casa em que se encontra atualmente, entre 60 e 70 mil pontos, recebeu 679 votos, ou 23,97% do total.
Enquanto isso, a minoria das análises se volta para um cenário mais pessimista. Isso porque apenas 71 leitores opinaram que o Ibovespa vai fechar 2011 entre 50 e 60 mil pontos, ou 2,51% do total de votos compilados. Ainda mais pessimistas, 159 pessoas acreditam que o índice irá terminar o próximo ano abaixo da casa dos 50 mil pontos.
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Decepção de 2010 não deve se repetir em 2011
Com alta acumulada de 0,53% neste ano, o Ibovespa decepcionou em 2010. Mas, segundo analistas, isso não deve se repetir no próximo ano. Contudo, sobre um target para o índice ao final de 2011, o analista Luiz Augusto Pacheco, da Omar Camargo, disse que “isso é difícil dizer”. “Todo mundo que falou no começo do ano, no meio do ano e em novembro errou”, disse.
Apesar disso, muitos se arriscaram a dar palpites, que vão de 75 mil até impressionantes 122 mil pontos – implicando ganhos de cerca de 76,9% sobre o fechamento da última quarta-feira (29). Essa avaliação foi feita em novembro por Ben Laidler, do JPMorgan, e leva em conta uma alta dos fluxos estrangeiros e remoção de fatores que pesaram sobre o índice em 2010, e se baseia em um cenário robusto dos fundamentos locais. A média das projeções compiladas pela InfoMoney, que incluem 15 bancos e casas de research, ficou em 83.200 pontos.
Vale dizer ainda que algumas corretoras, como Santander e Link, também fazem projeções “bottom up” para o índice – ou seja, considerando os preços justos calculados para as ações que compõem o índice. Nessas avaliações, o target do Ibovespa sobe – no caso do Santander, a projeção fica em 95 mil pontos; na Link, a meta é de 85 mil pontos.
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Há também quem trace diversos cenários para o índice no ano. A Prosper, por exemplo, tem um “cenário referencial”, em que o Ibovespa atinge 79.200 pontos recompondo ganhos, mantendo a elasticidade histórica em relação ao custo de oportunidade da taxa de juros; no front macro, o cenário considera uma elevação da taxa Selic para 12,25% ou 12,50% ao ano até dezembro e a Europa ainda passando por um momento adverso.
Já no caso do cenário “nicho Brasil”, o Ibovespa chegaria a 85 mil pontos, em meio a uma melhora na economia dos EUA e da Europa, trazendo ao índice “uma elasticidade mais elevada característica de períodos com crescimento econômico real do PIB igual ou superior ao potencial”.
Um pouco de ceticismo
Apesar do otimismo ser o consenso, há quem tenha uma pitada de ceticismo para as bolsas em 2011. Caso, por exemplo, de Lika Takahashi, da Fator Corretora. Lika dá o tom de sua análise logo na abertura do relatório, com uma frase do extinto sitcom Seinfeld: “não é mentira se você acredita”. De acordo com a analista, a demanda por ativos de risco não tem sido motivada por perspectivas de retornos altos incomuns, mas sim pelo fato do Federal Reserve tornar o caixa tão “feio” que investidores se sentem forçados a tomar risco a despeito dos valuations elevados.
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“Os próximos meses ainda poderão ser interessantes, pois é bastante possível que os ativos de risco continuem a subir, pois muitos querem, ou precisam, surfar a onda do QE na expectativa de que terão habilidade para sair a tempo ou que, no meio tempo, as políticas de ações darão certas. Da forma que eu vejo, investidores enfrentam dois riscos principais: o de perder dinheiro e o de perder o momento. O dilema é concluir se há escolha a não ser fazer parte do comportamento perigoso”, avaliou Lika.
Dentre as 15 estimativas de bancos e corretoras coletadas pela InfoMoney para a pontuação do Ibovespa ao final de 2011, a da Banco Fator Corretora é uma das menores, de 75 mil pontos.
Contudo, chance das projeções falharem é grande, diz estrategista
Na contramão das análises da grande maioria dos analistas de mercado, o estrategista da TCX Consultoria, Edgar Temaki, avalia que a chance da bolsa ficar novamente de lado em 2011 é grande, visto que os problemas que barraram a alta do Ibovespa em 2010, como a crise fiscal na Europa e a lenta recuperação da economia norte-americana, ainda estarão presentes no próximo ano.
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“As chances de a bolsa ficar de lado são grandes. Eu diria que são de uns 70%, tanto em função da nossa economia quanto em função de um desaquecimento um pouco maior da China”, disse, em entrevista à InfoMoney. “Especialmente em boa parte do ano passado, nossa bolsa ficou muito mais vinculada ao desempenho da economia chinesa e da bolsa de Xangai. Então, é interessante que o investidor seja muito criterioso e leia com atenção essas recomendações de Ibovespa em 79 mil e 80 mil, ou coisa do tipo”, completou.
Confira o resultado da enquete:
A que nível o Ibovespa fechará em dezembro de 2011? |
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Respostas |
Votos |
% |
Acima de 80 mil pontos | 1.033 | 36,46% |
Entre 70 e 80 mil pontos | 890 | 31,45% |
Entre 60 e 70 mil pontos | 679 | 23,97% |
Entre 50 e 60 mil pontos | 71 | 2,51% |
Abaixo de 50 mil pontos | 159 | 5,61% |
Total | 2.833 | 100% |