Maioria dos investidores não acredita que a bolsa tenha um rali de final de ano

Enquete realizada pela InfoMoney mostra o ceticismo do mercado em relação ao Ibovespa, mas há quem ainda veja uma retomada

Anderson Figo

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SÃO PAULO – Bastante influenciado por referências externas e com uma ligeira baixa de 0,17% em 2010, o Ibovespa parece estar longe de um rali de final de ano. Esta é a percepção da maioria dos investidores, em enquete realizada pela InfoMoney na última semana, que compilou respostas de 2.361 leitores.

Indagados sobre “qual a probabilidade da bolsa emplacar em um rali de final de ano”, 778 usuários, ou 32,95% do total de votos coletados, votaram na resposta 0%. Logo em seguida, a segunda resposta mais votada foi de 20%, que foi escolhida por 326 pessoas, representando 13,81% do resultado total da avaliação. Enquanto isso, apenas 6,95% dos leitores se mostraram otimistas e apostam 100% em uma retomada da bolsa em seus últimos dias negociação em 2010.

Dezembro: um mês tradicionalmente de alta. Será?
Estudo elaborado pela equipe de research da XP Investimentos, chefiada por Rossano Oltramari, revela que nos últimos dez anos, em nove deles os meses de dezembro foram de alta para o Ibovespa – a exceção fica com 2005 (quando o índice cedeu -0,59%). Apostando nesta tendência, o economista ressaltou que o Ibovespa se encontra em patamares de múltiplos atrativos em relação aos seus pares mundiais. “Entendemos que este é um bom momento para investir em ações”, disse.

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De acordo com a corretora, a bolsa brasileira está “muito barata” em relação aos seus pares globais. Oltramari revelou um estudo no qual compara os múltiplos das principais bolsas mundiais com o Ibovespa através do indicador preço/lucro, que relaciona o valor de mercado com os lucros auferidos pelas empresas que compõem cada carteira teórica.

Qual a probabilidade da bolsa emplacar
em um rali de final de ano?
Respostas
Votos
%
0% 778
32,95%
10% 266 11,27%
20% 326 13,81%
30% 164 6,95%
40% 134 5,68%
50% 261 11,05%
60% 73 3,09%
70% 92 3,90%
80% 51 2,16%
90% 52 2,20%
100% 164 6,95%
Total 2.361 100%

O resultado mostrou que o Ibovespa está descontado em 9,2% em relação aos índices de países emergentes e 13,7% frente aos mercados globais. “A bolsa brasileira encontra-se mais barata quando comparada aos demais mercados mundiais, tanto de países desenvolvidos quanto de países emergentes. Vemos um desconto de cerca de 10% sobre nossa bolsa, algo que consideramos injustificado dado o potencial de crescimento de nossa economia e também seu histórico de crescimento dos lucros das empresas brasileiras”, completou Oltramari.

Riscos
Mesmo otimista, a corretora não descartou a hipótese de alguns eventos influenciarem negativamente o Ibovespa no curto prazo. Segundo Oltramari, tais fatores de risco, porém, deverão continuar vindo do front internacional. É o caso do aumento da taxa de juros na China e a preocupação com um possível contágio da crise fiscal na Europa.

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“No entanto, estes possíveis acontecimentos já são conhecidos pelo mercado e foram em parte precificados, o que deixa um espaço menor para novas quedas motivadas por essas razões”, destacou a XP.

Mercado segue cético
Por outro lado, o analista do InterBolsa, Julio Hegedus, disse que, apesar do Ibovespa ter tido 16 ralis de alta no mês de dezembro ao longo dos últimos 20 anos e, desde 1999, não ter registrado queda no final do ano, em 2010, contudo, o índice ficará negativo tanto em dezembro como no acumulado dos 12 meses.

Mesmo tendo esboçado uma certa reação ao atingir 73.200 pontos no início de novembro, impulsionado pelo alívio quantitativo anunciado pelo Federal Reserve, a crise da dívida na Europa acabou sendo determinante para derrubar os mercados.

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A questão europeia pressionou os negócios, gerando uma grande nuvem de incertezas para os investidores externos. Netto destaca que “ao fim deste ano, não será surpresa se fecharmos no zero a zero, em torno de 68.600 pontos”. Vale lembrar que em dezembro de 2009, o índice fechou em 68.588 pontos.