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SÃO PAULO – As ações de empresas tecnológicas encerram o ano de 2010 com performances majoritariamente acima do registrado pelo Ibovespa; porém, com ganhos mais modestos do que no ano anterior. O crescimento do setor, ancorado na melhora das condições macroeconômicas, veio acompanhado de muitas aquisições e também do aumento da concorrência de multinacionais.
Para os próximos anos, a expectativa de avanço prepondera entre analistas. Para eles, o aporte de capital em infraestrutura para atender a eventos como a Copa do Mundo e as Olímpiadas, deve promover a melhora no setor.
“Já no governo Dilma, os investimentos em banda larga trazem boas perspectivas. O movimento de estruturação de serviços deve partir do governo e se estender à iniciativa privada”, diz o analista-chefe da DLM Invista, Daniel Castro. Além disso, ele aponta para a manutenção da melhora de renda e salários no País.
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O setor tecnológico inovou…
Vale destacar que os fundamentos das empresas do segmento avançaram para responder ao crescimento do poder aquisitivo dos brasileiros. “O ano foi muito bom para o setor, analisando o consumo no mercado interno, o aumento do crédito, a elevação da massa salarial e os efeitos da desvalorização do dólar para o setor”, diz Castro.
Durante estes doze meses, o analista aponta um grande crescimento no desenvolvimento de softwares de gestão, do e-commerce, de meios de hospedagem e de pagamento online. Ainda neste sentido, a publicidade na internet mostra-se como o maior potencial de crescimento dentro da propaganda em 2011, com projeção de alta de dois dígitos, ainda maior do que neste ano.
Para o próximo ano, um relatório do banco JP Morgan aponta que as empresas devem continuar a se beneficiar do bom momento do consumo. “As ações de tecnologia oferecem o maior potencial de crescimento no setor que engloba mídia, tecnologia e telecomunicações, já que a América Latina ainda guarda uma forte demanda (de informatização)”, diz a equipe do JP Morgan.
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…e suas ações ganharam
O analista Luiz Augusto Pacheco, da Omar Camargo Corretora, avalia que 2010 foi positivo para o setor também no mercado acionário, dada a média de crescimento dos ativos das principais empresas sob sua cobertura, entre 20% e 50%.
Ademais, o analista da DLM Invista, Daniel Castro, aponta que apesar de “o número de empresas tecnológicas listadas na bolsa ter crescido, o setor ainda guarda muito potencial de expansão” no mercado acionário.
Empresas
No entanto, os negócios de empresas tecnológicas são bastante diferentes entre si e podem ser considerados até mesmo complementares. Desta forma, torna-se difícil avaliar o segmento como um todo. Analistas divergem em relação à performance das ações da Bematech (BEMA3) e Positivo Informática (POSI3) nos próximos anos, assim como do portal UOL (UOLL4) e da Totvs (TOTS3). Dentre os acontecimentos do ano, destaque também para a deslistagem da Tivit da bolsa.
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UOL
Para 2011, a aposta do analista Luiz Augusto Pacheco, da Omar Camargo, está centrada nas ações do portal de internet UOL. “Com o crescente potencial para a publicidade online e bastante caixa para investir, a empresa promete um bom ano”, diz Pacheco. “O atrativo é o atual preço da ação, que pode subir muito”, completa.
A empresa que já se valorizou mais de 26% em bolsa em 2010 e “está muito bem posicionada” para o próximo ano, avalia o analista-chefe da DLM Invista. “A UOL possui o melhor data center do País e desenvolve novas formas de comercialização e publicidade online. Além disso, é líder na internet brasileira”, afirma.
Mesmo diante de tantos pontos positivos, o Bank of America prefere uma posição mais cautelosa. Para o banco, a limitação da fonte de receitas, o excesso de caixa inutilizado e a baixa liquidez dos ativos podem limitar o crescimento da companhia.
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A empresa não se destacou em 2010 como forte pagadora de dividendos e também não realizou aquisições significativas. “Manter um excesso de caixa sem um propósito claro é um uso ineficiente dos recursos dos acionistas”, avaliam por meio de relatório os analistas Lars Konrad, Maurício Fernandes e Rodrigo Vilanueva, do BofA.
Totvs
A empresa manteve o ritmo de 2009 e continuou a entregar bons resultados e fortes margens em 2010. Para Castro, os ganhos não devem parar por aqui. “O mercado de softwares de gestão ainda tem um potencial de crescimento muito grande”, diz o analista, referindo-se aos serviços de terceirização de gestão e novos modelos de negócio executados pela Totvs.
A economista da Link Investimentos, Maria Tereza Azevedo, por meio de relatório, coloca no contexto macroeconômico um aliado para o crescimento das margens da companhia nos próximos anos. A previsão é de que projetos como o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e a Copa do Mundo fomentem “a criação de novas empresas e aumentem investimentos em TI”.
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A empresa “deverá sustentar um crescimento de dois dígitos nos próximos cinco anos”, projeta a analista Luciana Leocadio, da Ativa Corretora. Apesar disso, para ela a “precificação dos papéis já reflete em grande parte o potencial de crescimento da companhia”, segundo relatório.
Por fim, Pedro Augusto Pacheco, da Omar Camargo, vê o próximo ano como um “período de transição” para a companhia. Em 2011, as empresas adquiridas pela companhia devem passar por um processo de adaptação ao modelo administrativo da Totvs.
Positivo
A líder de mercado no segmento de desktops e notebooks destoa das outras companhis quando o assunto é o desempenho de suas ações. Pressionada pelo aumento da concorrência, que comprimiu suas margens e seu market share, “o próximo ano pode ser bem mais difícil”, avalia Pacheco, da Omar Camargo. Em 2010, a empresa já perdeu quase 50% do valor de seus papéis em bolsa.
O recuo na participação do mercado foi desencadeado pela postura mais agressiva que multinacionais como a Acer, HP e Dell adotaram no período pós-crise, a fim de capturar clientes por meio da redução do preço de produtos finais e parcerias com redes de varejo. Apesar disso, a parceria da Positivo com o governo amenizou suas perdas no varejo em 2010.
Porém, como a demanda proveniente deste canal é pontual, não pode ser totalmente replicada no futuro, apontam as corretoras Link e a Ativa. O resultado deverá ser “parcialmente compensado pela iniciativa de maior controle de gastos operacionais sinalizados pela empresa”, aponta a analista Luciana Leocadio, em relatório da Ativa.
O analista-chefe da DLM, Daniel Castro, lembra que a Positivo continua bem posicionada no varejo, a despeito de seus últimos resultados. Para ele, a varejista tem bons produtos, que acompanham as tendências do mercado e há a expectativa de crescimento do mercado de netbooks, notebooks e tablets. “A empresa tem tudo para se recuperar e alcançar a rentabilidade nos próximos anos”, afirma.
Bematech
A Bematech vem tendo, a partir deste segundo semestre de 2010, redução no ritmo de crescimento do segmento de Hardware – principal negócio da companhia -, justificada pela CoinValores pela redução no tíquete médio de mini-impressoras e à lentidão nas vendas do mercado latino-americano.
Já no setor de Serviços, que completa boa parte de seus negócios, teve que se adaptar ao cenário criado pela nova regulamentação de cartões de crédito – o que, por outro lado, abriu para a empresa as portas para ingressar neste negócio de transferência financeira eletrônica. Renovações no parque instalado para reparo de máquinas de cartões também fizeram parte do 2010 da Bematech.
“O cenário econômico brasileiro continua positivo, principalmente a expansão da cadeia do comércio; mesmo assim, a companhia não está conseguindo ter ganhos, ou seja, trazer retorno para os acionistas em uma forma consistente. Desta forma, estamos reticentes com os próximos resultados da Bematech”, diz a analista Sandra Peres, em relatório da Coin referente ao último trimestre.
Por sua vez, Castro, da DLM Invista, é mais otimista em relação à companhia. “A empresa projeta um cenário mais interessante em 2011 do que em 2010”, diz. Segundo ele, a empresa, que fabrica equipamentos para a Nota Fiscal Paulista, pode se beneficiar de uma extensão do programa fiscal para os outros estados brasileiros.
Além disso, “a empresa tem um potencial de aumento de receitas em Hardware, com foco no varejo. Ela está estruturada para aproveitar oportunidades em diversos segmentos de automação”, diz Castro.
IdeiasNet
Apesar de não ter conseguido reverter seus prejuízos ao longo deste ano, a empresa mostrou a melhora operacional das duas companhias mais importantes de seu portfólio, a Officer e a Padtec. Para a Padtec, a Brascan Corretora espera melhores resultados já no próximo trimestre.
Para 2011, a corretora lista oportunidades na ação, como a possibilidade de novas aquisições e um IPO (Oferta Inicial de Ações) de algumas das companhias do portfólio. Além disso, há a possibilidade de maturação de novas companhias, que poderão servir de plataforma para operações societárias.
Os fracos resultados registrados durante o ano implicam em uma queda acumulada anual de 31,91% nos papéis, segundo a cotação de fechamento de 13 de dezembro. Entre os motivos destacados pela própria empresa para as quedas fortes desde o início do ano, destaque para a postergação da compra de grandes empresas, resultados impactados negativamente por questões tributárias e desinvestimentos.
Tivit
Por fim, o ano também marca a saída da Tivit do mercado acionário. A empresa de serviços de infraestrutura em TI (Tecnologia de Informação) anunciou em junho a venda de 54,25% de suas ações para o fundo de private equity Dethalas Company. No mês de dezembro, a totalidade de compra das ações da companhia deve ser concluída através de OPA.