“Rali da recompra” da CSN, Marfrig, Oi e mais 4 empresas são destaque no pregão

Ibovespa opera perto da estabilidade e mercado segue atento à divulgação das pesquisas eleitorais

Leonardo Silva

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SÃO PAULO – Após um dia de euforia na Bolsa, o Ibovespa opera com leve queda, à espera da divulgação das pesquisas eleitorais e com destaque para a disparada nas ações da Marfrig (MRFG3, R$ 6,47, 7,83%) e CSN (CSNA3, R$ 11,47, 3,61%). Além destas, os papéis da Oi (OIBR4, R$ 1,60, +2,56%) também apresentam forte alta, em meio ao impasse envolvendo o Grupo Espírito Santo e a Portugal Telecom.

Já na ponta de baixo, aparece a Embraer (EMBR3, R$ 21,67, -1,81%) que virou para queda, apesar de inúmeros acordos divulgados entre ontem e hoje. Fora do índice, destaque para a alta dos papéis da Lupatech após o anúncio do acordo entre os credores da empresa e a small Tecnosolo (TCNO4, R$ 0,19, +26,67%)  que vive um momento de recuperação na Bolsa.

Veja os principais destaques:

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Marfrig (MRFG3, R$ 6,47, +7,83%)
As ações da Marfrig tiveram a recomendação e o preço-alvo elevados pela equipe do Bank of America Merrill Lynch e disparam mais de 5%, atingindo o maior patamar desde setembro de 2013. De fevereiro pra cá, os papéis MRFG3 já subiram 81%.

O banco elevou a recomendação de “neutro” para “compra”, citando os preços mais baixos de grãos e o recente recuo no custo da dívida da empresa de alimentos, enquanto o preço-alvo da ação da companhia passou para R$ 8, ante R$ 5,50.

CSN (CSNA3, R$ 11,45, +3,43%)
A CSN é impulsionada pelo agressivo programa de recompra da companhia. Assim como nos outros pregões do mês, a corretora do Itaú liderava com folga as compras das ações da siderúrgica – a instituição foi uma das escolhidas para intermediar o programa de recompra da CSN.

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Conforme publicado pelo InfoMoney nesta terça-feira, a corretora do Itaú liderou isoladamente as compras de CSNA3 nos 9 pregões do mês, acumulando um saldo de posição – diferença entre a quantidade de ações compradas e vendidas – de 14,55 milhões ações, enquanto a segunda colocada Credit Suisse tem saldo negativo de 2,55 milhões ações. 

Vale destacar que o programa de recompra da companhia tem prazo para terminar e limite de compras, o que indica que mesmo que as ações continuem subindo, uma pressão vendedora pode pesar para a empresa nos próximos meses, já que analistas estão bem desanimados com a empresa. O atual programa da companhia prevê a aquisição de até 3% do total de ativos em circulação, ou 26.781.661 papéis, até o próximo dia 25 de julho.

Oi (OIBR4, R$ 1,60, +2,56%)
O Grupo Espírito Santo (GES) negocia acordo com credores para evitar calote, em meio à dívida de 897 milhões de euros que deve ser paga à Portugal Telecom (PT) entre esta terça e quinta-feira. Segundo informações do Estadão, entre as opções levantadas estão um pedido de recuperação judicial de algumas empresas holding e a renegociação de dívidas. A solução deve atingir diretamente a Oi, que está em processo de fusão com a PT. Negociadas na Bolsa de Lisboa, as ações do Banco Espírito Santo desabam mais de 10% hoje, enquanto os papéis da PT caem 0,75%.

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Ontem, o ministro das Comunicações do Brasil, Paulo Bernardo, disse que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Social e Econômico) e outros sócios vão rediscutir os termos da fusão com a PT, caso a empresa europeia tome um calote no investimento financeiro que não teria sido divulgado aos sócios brasileiros. “Tem uma operação que vence amanhã. Se o dinheiro voltar, tudo certo, se não voltar, evidente que o BNDES e os acionistas vão querer discutir a operação de fusão e a composição acionária, porque isso com certeza esvaziou um dos sócios de forma expressiva”, disse o ministro a jornalistas após evento. Entretanto, Bernardo afirmou que a fusão das duas operadoras, que cria uma companhia com cerca de 100 milhões de clientes, não está arriscada.

Cetip (CTIP3, R$ 31,42, -1,90%)
A Cetip reage aos dados operacionais de junho divulgados nesta terça-feira e estão entre as maiores quedas do Ibovespa.

Segundo a XP Investimentos, os dados demonstram a dinâmica desfavorável em termos de número de feriados, ausência de divergência de opinião na curva de juros/contratos futuros e depressão no mercado de venda/financiamentos de veículos novos/usados (SNG & Sircof). Para os analistas, é esperado uma realização dos lucros por parte dos investidores, devido a performance relevante ao longo do ano. Isto quer dizer, os papéis tendem a cair neste pregão.

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Fleury (FLRY3, R$ 16,60, +3,75
A Gávea Investimentos deve concluir a compra de participação dos médicos acionistas do laboratório Fleury. Segundo o Valor, os médicos acionistas do Fleury e o Gávea já chegaram a um acordo de preço para a venda da participação. Os médicos, agrupados na Core, teriam aceitado, em reunião realizada no mês passado, vender sua fatia na empresa ao valor de R$ 18,50 por ação. Por conta do valor estabelecido, é natural que as ações busquem o valor da compra e subam até aquele patamar. Ontem, os papéis fecharam a R$ 16. 

Embraer (EMBR3, R$ 21,67, -1,81%)
A Embraer anunciou mais contratos de pedidos firmes nesta manhã. A Azul Linhas Aéreas assinou uma carta de intenções com a Embraer por um pedido firme de 30 aviões no modelo 195 da segunda geração que está sendo desenvolvido pela brasileira. O pedido para a Embraer também inclui a opção por outros 20 jatos. O valor do acordo pode chegar a R$ 3,1 bilhões a preços de lista, caso todos as encomendas forem convertidas em pedidos firme.

Ainda hoje, a empresa assinou contrato com mais duas empresas. A japonesa Fuji Dream Airlines para pedido firme por 3 E175, com opções para mais 3 aviões do mesmo modelo. Segundo a Embraer, o pedido pode chegar a US$ 258,6 milhões a preços de lista.  

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Também foi anunciado o pedido firme para 2 jatos E190 com a Azerbaijan Airlines, podendo atingir o valor de US$ 95,4 milhões a preços de lista. Os últimos dois pedidos já estavam incluídos na carteira do segundo trimestre da Embraer.

Tecnosolo (TCNO4, R$ 0,19, +26,67%)
A empresa de consultoria de engenharia e obras, passou por fortes turbulências nos últimos quatro anos. A empresa, que já tocou projetos importantes no Rio de Janeiro, como a Arena Multiuso do Pan-2007, foi abatida por uma crise anos atrás e precisou entrar com um processo de recuperação judicial em 2012 depois que perdeu a capacidade de pagar suas dívidas. Quebrada, a empresa perdeu credibilidade no mercado e suas ações, juntamente, naufragaram na Bolsa. Cotada acima de R$ 1 no início de 2010, a ação da empresa caiu para R$ 0,03. Mas, passado todo o sufoco e numa bem-sucedida recuperação judicial, a empresa já vê motivos para comemorar.

Além de planos mais ousados, a ação começa a se recuperar na Bovespa. Da sua mínima histórica até agora, o papel já subiu 400%, indo para R$ 0,15 no pregão da última segunda-feira (14). A empresa entrou na lista das 5 únicas ações da Bovespa que subiram mais de 100% no 1° semestre deste ano.

Lupatech (LUPA3, R$ 0,64, 8,47)
A Lupatech fechou um acordo com seus dois maiores credores financeiros, estabelecendo os termos e condições relativos à capitalização dos créditos detidos pelos bancos no âmbito do aumento do capital social da empresa, que será feito dentro de sua reestruturação, segundo comunicado divulgado na noite de segunda-feira. 

A empresa também publicou uma ata de reunião do Conselho, na qual informa ter aprovado um acordo de investimento com o Itaú Unibanco e o Banco Votorantim, com as instituições manifestando a intenção de conversão de seus créditos, sujeita ao atendimento de determinadas condições a serem atendidas até a data de homologação do aumento de capital.