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SÃO PAULO – Em evento realizado pela ACREFI, o economista e ex-diretor de assuntos internacionais do Banco Central Alexandre Schwartsman afirmou esperar um cenário de ajuste fiscal e recuperação parcial das contas públicas no segundo governo de Dilma Rousseff. Porém, isso não vai acontecer agora. “A agenda vai se impor, mas a um custo muito alto”, afirma, já que vai demorar para que as medidas necessárias sejam tomadas.
O economista ressalta alguns pontos para o baixo crescimento, como a queda da produtividade e a mudança demográfica, que tem levado à “questão de baixa taxa de desemprego e do baixo crescimento econômico”.
A produtividade, aponta, está em uma trajetória de queda nítida, tanto por conta da falta de novas reformas, que aconteceram nos governos de Fernando Collor, Itamar Franco, FHC e Lula – em maior ou menor grau – e também devido à transição demográfica.
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Em relação às reformas, Schwartsman disse que houve até mesmo um retrocesso, com o controle de preços e a escolha de campeões nacionais se mostrando equivocada no governo Dilma. Com relação à demografia, a população em idade ativa vem decrescendo, ressaltando ainda que isso pode ter acontecido uma vez que há menos jovens entrando no mercado de trabalho. Mas há uma hipótese benigna sobre isso, afirmou, de que os mais jovens estariam entrando mais tardiamente no mercado porque estão estudando mais.
Além disso, o economista ressaltou que o processo inflacionário não é acidental: enquanto a indústria vem registrando uma estagnação nos últimos anos porque teve sua competitividade diminuída e o setor externo se impôs, o repasse do setor de serviços é mais fácil de ser feito. Soma-se ao cenário complicado o baixo superávit primário e ao aumento do déficit de conta corrente.
Para reverter o problema, é preciso fazer um ajuste de longo prazo, com um plano de voo para a recuperação (pelo menos parcial) das contas públicas e um maior “realismo tarifário e cambial”, afirmou.