Ações defensivas e “baratas” ditam o rumo das indicações das corretoras em agosto

Diante disso, Itaú Unibanco, GOL e BR Foods perderam bastante espaço nas carteiras recomendadas para este mês

Nara Faria

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SÃO PAULO –  Uma enxurrada de notícias vindas do setor externo deram o tom ao Ibovespa no mês de julho, tendo como protagonista a postergação para a definição do teto da dívida soberana nos EUA, que só ocorreu no dia 2 de agosto –  último dia previsto para a sua definição. Antes da medida ser anunciada, a volatilidade permaneceu nos mercados mundiais, com o receio do possível default na maior economia o mundo afetasse os mercados mundiais.

Além disso, a equipe de analistas da Planner Corretora lembra que já na prímeira semana do mês, os mercados refletiram o rebaixamento da nota de Portugal pela agência Moody’s e a elevação da taxa de inflação na China, seguido pelos dados fracos de produção industrial nos EUA e a ameaça de rebaixamento na Itália. Em complemento, a manutenção da taxa Selic no front doméstico, também desestimulou a economia por aqui, segundo análise da Coinvalores.

Neste cenário turbulento, somado à fuga dos investidores – a BM&F Bovespa mostrou queda de 0,83% no número de investidores pessoas físicas no mercado de ações, fechando julho em 598.223 contas -, o Ibovespa encerrou o período com queda de 5,74%, acumulando perdas de 15,12% no acumulado dos sete meses do ano.

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Mesmos fatores guiarão o mercado em agosto
Já para o mês de agosto, os temas que guiarão os mercados continuarão os mesmos, na opinião da analista Lika Takahash, do banco Fator. Na Zona do Euro, as crises de dívida soberana e dos bancos na Europa devem continuar em foco, enquanto, nos EUA, a recuperação da economia deve continuar a preocupar os investidores – essa preocupação pode ser percebida na primeira semana do mês, quando o Ibovespa despencou 9,99%, atingindo patamares vistos pela última vez apenas em abril de 2009.

Na China, embora o aumento de 9,5% no PIB (Produto Interno Bruto) do 2T11 tenha acalmado os mercados temporariamente, a origem desse crescimento ainda é preocuante. Já no Brasil, a última ata do Copom (Comitê de Política Monetária) revelou que, por ora, a alta da Selic está interrompida, mas inflação e câmbio continuam a deixar governo e investidores em alerta.

Preferência por ações defensivas
Diante desse cenário, a compilação de 37 carteiras realizada pelo Portal InfoMoney indicou as preferências por ações defensivas, com destaque para o aumento das citações da Tractebel (TBLE3). Ainda no setor de energia, as ações da Cemig (CMIG4) também tiveram boa representação entre as carteiras, embora com um número menor de recomendações em relação a julho.

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Diante do cenário de turbulência no mercado externo, as ações de empresas com geração de caixa mais previsível e com bom histórico de pagadoras de dividendos acabam ganhando maior atratividade. Isso, aliado às perspectivas favoráveis para a Tractebel, contribuíram para a recomendação da ação da companhia, explica a analista da SLW Corretora, Rosângela Ribeiro.

Na mesma linha, a Geral Investimentos deu ênfase à expectativa favorável para os resultados referentes ao segundo triemstre, que foram divulgados ainda no final de julho, com a Tractebel reportando um lucro líquido de R$ 358,8 milhões, mostrando uma expansão de 33% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Bradesco e BB ganham espaço de Itaú Unibanco
Além disso, os analistas mostraram a preferência pelas ações que sofreram maior impacto negativo no momento de baixa, mas que permanecem com bons fundamentos e, consequentemente, bom potencial de valorização. “Apesar de todo esse cenário negativo, ressaltamos nossa opinião acerca da bolsa brasileira: ela está barata e oferece boas oportunidades de investimento àqueles que buscam bons retornos no médio prazo”, afirma a equipe da XP Investimentos, chefiada pelo analista Rossano Oltrami.

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Com base nisso, se destacam ações dos grandes bancos, como o Banco do Brasil (BBAS3) e o Bradesco (BBDC4), que receberam três recomendações a mais do que foi visto no mês anterior. Por outro lado, os papéis do Itaú Unibanco (ITUB4) tiveram cinco votos a menos do que em julho, com o total de recomendações passando de 16 para 11, mostrando uma certa mudança de preferência dentro do setor financeiro por parte dos analistas.

Segundo a equipe do Credit Suisse, embora o Itaú permaneça com um cenário bastante favorável, as preocupações em relação à lenta recuperação de suas margens e o leve crescimento do PDD (provisão para devedores duvidosos) fizeram que os analistas dessem preferência pelos papéis do Bradesco, que possui um perfil mais defensivo em cenário de maior inadimplência e de aceleração inflacionária.

Já a a equipe da Socopa tem preferência pelos papéis do BB, tendo em vista as estimativas favoráveis de crescimento do banco estatal mesmo com a adoção de medidas macroprudenciais pelo governo.

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Sai GOL, entra Brasil Foods
Vale destacar, ainda, o aumento das recomendações para as ações da Brasil Foods (BRFS3), que ocorreu após a aprovação do processo de fusão da Sadia com a Perdigão pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). Por outro lado, as ações da GOL (GOLL4) quase sumiram das carteiras, diante de noticiários que fizeram as ações da companhia despencarem no mês de jullho.

Os noticiários negativos sobre a GOL fizeram com que as ações da companhia passassem de 5 recomendações no mês de julho, para apenas uma recomendação para agosto. No mês de julho, as ações da companhia tiveram a maior desvalorização dentre as ações que compõem o Ibovespa, refletindo a revisão do guidance da companhia para o ano e o corte de preços-alvos por importantes casas de research, como Goldman Sachs e UBS.

No sentido oposto, as ações da  Brasil Foods (BRFS3) ganharam três recomendações na carteira de agosto. Na visão do HSBC, após a aprovação do processo de fusão da Sadia com a Perdigão pelo Cade, com poucas restrições, o caminho fica aberto para a Brasil Foods dar continuidade ao seu processo de crescimento, tanto no mercado interno, como no mercado externo.

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Vale lembrar que na época da indefinição do acordo, as ações da companhia praticamente sumiram das carteiras recomendadas. Com o término de tudo isso, no entanto, os investidores devem focar suas atenções de volta aos fundamentos da empresa. Nesse cenário, o HSBC tem expectativa de forte resultado para no 2T11 que, se confirmada, poderá servir de trigger para a ação. Os números serão divulgados nesta quinta-feira (11) após o fechamento do pregão.

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