Default grego não é a solução para crise, diz avaliação da InfoMoney

País já acumula dois pacotes de assistência financeira por parte de órgãos internacionais e temor de contágio toma conta do noticiário

Fernando Ladeira

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SÃO PAULO – Quando a crise financeira eclodiu nos EUA, em setembro de 2008, uma onda de contágio se espalhou sobre as economias ao redor do mundo. Uma delas, em especial, preocupa e baliza o comportamento dos mercados desde então: a Grécia e a questão envolvendo o seu possível default.

Nesse contexto, 39% dos leitores da InfoMoney que responderam à enquete “Qual a probabilidade de um default na Grécia resolver a crise europeia?” acreditam que tal caminho não é o mais adequado para resolver a atual situação. Somando-se as respostas que acreditam haver menos de 50% de chances de um default grego representar a saída para a atual crise, o coro de leitores aumenta para 61%.

Os primeiros sinais
Os gregos começaram a figurar nos noticiários logo em 2009, quando as agências de classificação de risco iniciaram um ciclo de corte nos ratings soberanos do país, que culminou no anúncio por parte da Moody’s, em julho deste ano, de que o risco de um default grego atingia 100%.

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Neste meio tempo, o país acertou dois pacotes de ajuda financeira, sendo um de € 110 bilhões, anunciado em maio do ano passado, e outro de € 109 bilhões, acordado em 21 de julho deste ano. Este último ainda envolveu outros termos mais polêmicos, como o envolvimento do setor privado, os quais têm que votar se aceitam perdas voluntárias de 21% no montante que deveriam receber.

Contudo, com o agravamento da crise econômica internacional e as medidas de austeridade fiscal adotadas, o país alerta que poderá não cumprir a meta de déficit público compromissada com os órgãos internacionais neste e no próximo ano, ao passo que o PIB (Produto Interno Bruto) continua indicando um cenário recessivo. Assim, rumores de que os credores podem ter de arcar com perdas de até 60% já começam a circular nos mercados.

Risco de contágio
Assim, os temores que se restringiam aos gregos ganham proporções maiores, já que especula-se sobre qual seria o contágio de um default grego em outras economias com um risco sistêmio maior, como Itália, Espanha ou Portugal. Entre diversas projeções, o FMI (Fundo Monetário Internacional) alerta que os bancos europeus possuem uma exposição de € 300 bilhões à Grécia.

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Enquanto alguns analistas já avaliam qual seria o impacto de um default grego – possivelmente este não deixaria de fazer parte da Zona do Euro, por conta dos custos que tal medida implicaria -, as preparações para um calote já estão sendo tomadas.

Temendo os efeitos do contágio grego e do atual cenário econômico incerto em outras economias, as discussões sobre a necessidade de recapitalização das instituições financeiras e o tamanho da ajuda a estes se destacam na Europa, assim como a ampliação do EFSF (Fundo Europeu de Estabilização Financeira), o qual foi aprovado por todos os 17 países membros da Zona do Euro no último dia 13.

A expectativa para alguma saída para a Grécia, agora, centra-se no próximo domingo, quando o Conselho Europeu se reunirá e deverá elaborar um “plano de trabalho” para o país, conforme rumores publicado pela Reuters nesta terça-feira. Tal plano deverá ser discutido na reunião dos chefes de estado do G-20, a ocorrer em 3 e 4 de novembro. 

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Qual a probabilidade de um default na Grécia resolver a crise europeia?

Resposta % Votos

0%

39% 856
10% 8% 173
20% 5% 112
30% 6% 142
40% 3% 72
50% 11% 237
60% 2% 49
70% 4% 87
80% 4% 97
90% 3% 63
100% 14% 318
Fonte: Enquete InfoMoney realizada com 2.206 usuários;
O resultado não tem valor de amostragem científica