Pimco recomenda menor risco em carteira com possível piora europeia

Além de pagadoras de dividendos e geradoras de margens, financeiras fortes e indústria de transformação podem ganhar

Renato Rostás

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SÃO PAULO – Apesar da reestruturação da dívida grega e da aprovação do novo pacote de resgate ao país, a Pimco (Pacific Investment Management Company), maior gestora de recursos de renda fixa do mundo, acredita que um default ainda é possível. Para se proteger do pânico nos mercados, ela recomenda a redução do risco nos portfólios dos investidores.

Entre as alternativas, ela cita tanto ações defensivas de empresas que têm alta taxa de retorno em dividendos, como de companhias com margens elevadas e alavancagem reduzida, tanto em nações emergentes como nas desenvolvidas.

Mesmo assim, com eleições a serem realizadas pela Europa – inclusive na Grécia -, o fundo não vê como se imunizar totalmente contra o calote. A própria Pimco, segundo relatório enviado na última segunda-feira (19) está focada em reduzir o nível de risco de suas carteiras.

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Quem ganha?
Além de blindar os investimentos, a instituição também vê alguns papéis que poderiam se valorizar mesmo com uma piora na crise financeira. Para começar, bancos dos países centrais europeus e dos Estados Unidos que tenham fortalecido seus serviços veriam altas e mais altas em termos de valor de mercado.

Além disso, a indústria de transformação que depende de commodities conseguiria comprar seus insumos a menores preços, já que a previsão da Pimco é de reajuste para baixo para essas matérias-primas. Principalmente aquelas que vendem seus produtos aos norte-americanos e emergentes seriam beneficiadas.

Crise deve se alastrar
A gestora de recursos acredita que a injeção de liquidez no sistema financeiro promovida pelo BCE (Banco Central Europeu), através dos refinanciamentos de longo prazo, foi bem sucedida em impedir que, no curto prazo, haja uma falência de algum banco recente. Mas a instituição alerta: “não acreditamos que as autoridades europeias tenham resolvido a crise da dívida”.

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Ela cita quatro grandes canais de alastramento de um possível default grego: através dos bancos, do mercado da dívida, das empresas com dependência de financiamento e do comércio exterior. A promoção de crédito pela autoridade monetária teria protegido apenas o primeiro segmento. Mesmo assim, a Pimco avalia que investir em ações do setor não é algo seguro.

No entanto, algumas instituições com grande exposição a dívida soberana dos países periféricos certamente sofreriam com o calote. Emissões de ativos seriam necessárias para cobrir o rombo, o que traria o preço dos papéis para baixo. Além disso, o custo de financiamento e a oferta de empréstimos certamente se tornaria escassa, afirma o fundo.

Por falar em títulos públicos, se a Grécia não cumprir com suas obrigações, muito possivelmente os credores puniriam bônus da Itália, da Espanha, de Portugal e da Irlanda. Possivelmente esses países teriam de sair do mercado de dívida por causa dos altos rendimentos exigidos, e aí caberia ao BCE garantir o funding. Mas a autoridade monetária já disse que este não é seu papel.

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Cenário corporativo
Analisando as pressões sobre empresas, a Pimco lembra que o valor de mercado daquelas que dependem fortemente do oferecimento de crédito certamente seria afetado. Planos de expansão poderiam ser postergados, os lucros recuariam e provavelmente os investimentos seriam congelados. “Companhias com alto crescimento, que não conseguem se autofinanciar, seriam as mais afetadas”, diz o relatório.

Provavelmente o setor mundial que mais sofreria pressão seria a indústria da Europa que se utiliza de muitas compras de máquinas em formação de capital. Com a maturação de debêntures, o custo de rolagem da dívida poderia afetar fortemente as margens.

Por fim, quem atualmente vende produtos para o velho continente e, principalmente, à Grécia, seria penalizado, principalmente com a saída do país da Zona do Euro. À medida em que o contágio fosse se espalhando, outros países também teriam problemas em continuar o ritmo de importações.

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